ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: ESTUDO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA EM BLENDS DE BIODIESEL DE SOJA E BURITI POR RANCIMAT
AUTORES: FIGUEIREDO, F.C. (CAT-UFPI) ; LACERDA, H. A. C. (CAT - UFPI) ; VIEIRA, Y. G. M. (CAT - UFPI) ; SILVA, R. B. (UFPI) ; FALÇÃO. H. R. C. (IFMA) ; SANTOS JÚNIOR, J. R. (UFPI)
RESUMO: O biodiesel é composto por ésteres alquílicos de ácidos graxos saturados e insaturados
de cadeias longas. Em virtude desses compostos insaturados, este é suscetível ao
processo de autoxidação. O biodiesel de buriti possui uma excelente estabilidade
oxidativa devido a sua composição química, por outro lado apresenta valores de massa
específica e viscosidade fora das especificações. Blends de biodiesel de soja e buriti
foram obtidas nas proporções de 90, 80, 70, 60 e 50% v/v com o intuito de estudar o
efeito da adição do biodiesel de buriti sobre o período de indução do biodiesel de soja
de baixa estabilidade oxidativa, empregando os métodos Rancimat (EN14112).
PALAVRAS CHAVES: biodiesel, estabilidade oxidativa, rancimat
INTRODUÇÃO: A utilização de biodiesel como combustível vem apresentando um potencial promissor no
mundo inteiro, porém é suscetível à autoxidação quando exposto ao ar, pois os óleos
vegetais utilizados como suas matérias-primas contêm compostos insaturados, os quais
estão sujeitos a reações de oxidação que se processam a temperatura ambiente,
diferentemente dos óleos derivados do petróleo, que são estáveis mesmo em excesso de
oxigênio. Este processo afeta a qualidade do combustível, em decorrência de longos
períodos de estocagem. O óleo de buriti (Mauritia flexuosa) é uma alternativa
economicamente interessante para a realidade brasileira. O alto teor de carotenos em
sua composição lhe confere uma alta estabilidade oxidativa, frente a outros óleos, o
que facilita a produção do biodiesel, o qual apresenta excelente estabilidade térmica
e oxidativa. Portanto o estudo desse biodiesel torna-se relevante, pois o mesmo pode
ser utilizado como aditivo antioxidante em misturas com outros de estabilidade
térmica e oxidativa mais pobres. Este trabalho visa estudar a estabilidade oxidativa
das misturas de biodiesel de soja/buriti através do teste Rancimat
MATERIAL E MÉTODOS: O biodiesel de soja e buriti foram obtidos através da reação de transesterificação
utilizando catalisador homogêneo NaOH na concentração de 0,7% m/m e razão molares
óleo vegetal/álcool metílico de 1:4 e 1:6, respectivamente. Após o processo de
separação, lavagem e purificação, as blends foram obtidas nas seguintes proporções:
50, 60, 70, 80 e 90%. A caracterização físico-química das amostras de biodiesel foi
realizada conforme as normas da American Society of Testing and Materials (ASTM),
British Standart (BS EN) e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de acordo
com a Resolução n° 42/2009 da Agência Nacional do Petróleo Gás e Biocombustíveis
(ANP). Os ensaios de estabilidade oxidativa foram realizados conforme a norma
Européia (EN 14112), utilizando o equipamento METROHM, modelo Rancimat 843. As
amostras foram analisadas sob aquecimento a 110 °C (bloco de temperatura) com taxa de
fluxo constante de ar de 10 L/h, fator de correção (T) fixado em 0.9 °C. O
indício do término da análise se deu quando a condutividade atingiu 200 µS.cm1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os dados físico-químicos de biodiesel de soja e de buriti estão apresentados na Tabela
1. Os valores de acidez e viscosidade para o óleo de buriti encontram-se fora de
especificação, entretanto esse biodiesel será utilizado para misturas com biodiesel de
soja para aumentar sua estabilidade oxidativa.
Na Tabela 2 estão apresentados os períodos de indução obtidos através dos métodos
Rancimat. Para o biodiesel de soja puro e suas misturas com biodiesel de buriti.
A blend que contem 30% de buriti apresentou 6,51 horas pelo método Rancimat, já
atenderia a especificação de estabilidade oxidativa que deve ser de no mínimo 6 horas
através do método Rancimat.
CONCLUSÕES: O biodiesel de soja apresentou características apropriadas para ser utilizado em motor
a diesel, com exceção à estabilidade oxidativa, em contrapartida o biodiesel de buriti
exibiu uma elevada estabilidade oxidativa embora tenha apresentado valores de massa
específica, viscosidade cinemática e acidez fora das especificações. A adição de
biodiesel de buriti ao biodiesel de soja promoveu uma melhora na estabilidade oxidativa
do biodiesel de soja, sem alterar os outros parâmetros estabelecidos em norma. Pode-se
verificar que a partir da mistura com 30% de buriti e acima desse percentual o
biodiesel de soja atende a especificação quanto à estabilidade oxidativa.
AGRADECIMENTOS: UFPI, Grupo BioEletroquímica, LAPETRO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1. ALBUQUERQUE MLS, GUEDES I, ALCANTARA J. R, MOREIRA, S .G .C, BARBOSA NETO N. M, CORREA, D.S., ZILIO, C. Characterization of Buriti (Mauritia flexuosa L.) Oil by Absorption and Emission Spectroscopies, Journal of the Braziliam Chemical Society 16, 1113-1117 (2005).
2. FIGUEIREDO, F. C., Obtenção de polímeros de LCC para aplicação como antioxidante de biodiesel de soja, Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ciências e Engenharia de Materiais. UFRN. Natal: 2009.
3. GODOY, H. T.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B.; Buriti (Mauritia vinifera Mart.), uma fonte riquíssima de pró-vitamina A. Arquivos de Biologia e Tecnologia, 38 (1), 109-120, 1995.
4. MANHÃES, L. R. T.; Caracterização da polpa de buriti (Mauritia flexuosa, Mart.): um potente alimento funcional. Seropédica: UFRRJ, 2007. 78p. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos). Instituto de Tecnologia, Curso de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2007.