ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: ANÁLISE DO CONHECIMENTO E USO DE AGROTÓXICOS POR AGRICULTORES NAS ÁREAS DE CULTIVO DE HORTALIÇAS NO MUNICÍPIO DE CAMETÁ-PA

AUTORES: BARBOSA,C.F (UEPA) ; SANTOS,E.C.D (UEPA) ; SANTOS,V.L (UEPA) ; HENRIQUES, L.A (UEPA) ; SILVA,L.P (UEPA) ; LIMA,N.S (UEPA)

RESUMO: Foram analisados os conhecimentos e a maneira como vêm sendo utilizado os agrotóxicos pelos agricultores do município de Cametá-PA. Foram aplicados questionários a oito agricultores nas localidades de Cinturão Verde localizada no km 1 e Ajó no Km 3 da Rodovia Transcametá sobre grau de toxicidade, classificação toxicológica, modo de uso, destinação das embalagens dos agrotóxicos, e outras alternativas de combate às pragas. Os dados obtidos revelaram que determinados parâmetros, com exceção de uma área, constatou o uso incorreto dos agrotóxicos, a falta de equipamentos de proteção (EPI) e o destino incorreto das embalagens. A aplicação indiscriminada de defensivos agrícolas acarreta inúmeros problemas, tanto para saúde dos aplicadores e dos consumidores, como para o meio ambiente.

PALAVRAS CHAVES: meio ambiente, agrotóxicos, cametá-pa

INTRODUÇÃO: Os agrotóxicos são substâncias de composição química e biológica com finalidade de alterar a flora e fauna contra seres vivos considerados nocivos (PERES, 2003). Entretanto, o desconhecimento dos riscos associados a sua utilização, e conseqüente desrespeito às normas básicas de segurança, a livre comercialização, a grande pressão comercial por parte de empresas distribuidoras e produtoras e os problemas sociais encontrados no meio rural, constituíram importantes causas que levam ao agravamento de quadros de contaminação humana e ambiental observado no Brasil.
Além disso, a larga utilização de agrotóxicos permitiu que os agentes nocivos se tornassem cada vez mais resistentes a essas substâncias, gerando uma série de malefícios ao agricultor como perda parcial ou total da plantação, empobrecimento do solo e inúmeros tipos de anomalias ao homem e alguns tipos de intoxicações.
No município de Cametá, Nordeste Paraense, designadamente nas comunidades do Ajó e Cinturão Verde, foram e são utilizados pelos agricultores alguns tipos de agrotóxicos com finalidade de exterminar algumas pragas que circundam as plantações de hortaliças. Para a obtenção desses dados foi empregado como instrumento de coleta questionário semi-estruturado, com questões sobre perfil socio-econômico-ambiental e riscos associados aos produtos. O presente trabalho buscou avaliar os tipos de agrotóxicos e as quantidades utilizadas pelos trabalhadores de Cametá, tanto quanto o modo de uso destes, enfatizando as diversas conseqüências que podem trazer para a saúde humana bem como para o meio ambiente.


MATERIAL E MÉTODOS: Utilizou-se como metodologia a pesquisa qualitativa e quantitativa. A combinação dessas metodologias permitiu levantar informações sobre os conhecimentos e as práticas de uso dos agrotóxicos, dos impactos causados a saúde e ao ambiente associando–os com dados subjetivos de percepção que a comunidade tem sobre essas práticas. Aplicou-se questionários semi-estruturados a oito proprietários de cultivos de mesma cultura (coentro, couve-flor, alface, caruru, chicória e cebolinha). O questionário tinha questões sobre o perfil socioeconômico e ambiental dos indivíduos e suas práticas de usos dos agrotóxicos. Investigou-se também a percepção de riscos no tocante a utilização dos mesmos.




RESULTADOS E DISCUSSÃO: Com análise dos questionários constatamos que 50% das propriedades possuíam até 30 metros de extensão com a multicultura de cebolinha, alface, coentro, couve-flor, chicória e caruru. Todos usam o esterco de galinha e utilizam o calcário como forma de diminuir a acidez do solo. 40% usam algum tipo de adubação química, como Diazitop 20% e Ouro verde 20%. Todos conhecem outros métodos de controle de pragas, mas apenas 37,5% praticavam. 25% fazem o policultivo; 12,5% utilizavam plantas repelentes e 25% usam uma mistura de sabão em pó, água e tabaco.
Todos declararam a existência de pragas em suas lavouras, tais como a lagarta, o pulgão, a mosca branca, piolho, abelha e formiga. Para o extermínio das pragas 62,5% declararam usar algum tipo de agrotóxico. Dentre os agrotóxicos citados estão BRAVIK (40%), MENTOX (20%), FUNGITOL AZUL (20%) e DIAZINON (20%).
O produto mais utilizado nas plantações é o BRAVIK 600 CE, um inseticida pertencente ao grupo dos organofosforados, de classe toxicológica I. Segundo ANVISA (2002) este é classificado dentro do parâmetro de periculosidade ambiental como produto extremamente tóxico ao meio ambiente, bem como à saúde humana. 40% dos agricultores armazenam os produtos em local separado, 60% colocam junto com outros materiais. 62,5% queimam as embalagens, 37,5% devolvem para as lojas. 40% lavam o equipamento fora do local de plantação, enquanto que 60% dos agricultores o fazem na própria lavoura, nos riachos ou no próprio terreno onde residem.
Também foi analisado junto aos agricultores o uso de Equipamentos de Proteção Individual ( EPI´s). 50% afirmaram não utilizar nenhum tipo de proteção, 10% utilizam apenas máscaras e 40% afirmaram utilizar o EPI incompleto,o motivo alegado pela maioria é que a região é muito quente.

CONCLUSÕES: No presente trabalho avaliamos que a maioria dos agricultores fazem uso de agrotóxicos sem as devidas orientações, desconsiderando as conseqüências que podem trazer para a saúde humana, bem como para o ambiente. Neste sentido, torna-se necessário corroborar com os produtores sugerindo a atuação de orgãos competentes, no sentido de orientá-los sobre métodos corretos de utilização, descarte e até mesmo substituição de produtos, conforme a real necessidade, incentivando mais a adoção de métodos alternativos que não agridam o cultivo, o produtor, o solo, as fontes de agua, ou seja, o ambiente.

AGRADECIMENTOS: À UEPA, especialmente aos agricultores participantes desta pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANVISA 2002. Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos: relatório anual 04/06/2002 – 30/. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

PERES,F et al. É veneno ou remédio? agrotóxicos saúde e ambiente, Ed: Fiocruz, 2003.

WHO- World Health Organization. Public health impacto f perticides used in
agriculture. Geneva: WHO, 1990. P.129.