ÁREA: Iniciação Científica
TÍTULO: ESTUDO QUÍMICO DA CONCENTRAÇÃO TOTAL E DE MOBILIDADE DE Hg E SUAS INTERCORRELAÇÕES COM A MATÉRIA ORGÂNICA PRESENTES EM SEDIMENTOS DE MARGEM DO RIO MURUCUPI
AUTORES: PONTES, R.G. (UFPA) ; SANTOS, L.R. (UFPA) ; OLIVEIRA, M.S. (UFPA) ; SILVA, C.S (IFPA) ; PEREIRA, S.F.P (UFPA) ; AVIZ, P.C.R (UEPA) ; THOMAZ, K.T.C (UFPA) ; SANTOS, D.C (UFPA) ; PERES, J.B.R (LAQUANA) ; MIRANDA, R.G (LAQUANA) ; OLIVEIRA, G.R.F (UFPA)
RESUMO: Os rios da área industrial de Barcarena são agredidos diretamente pelos vazamentos de lama vermelha. Neste trabalho estão os resultados da análise do metal tóxico, mercúrio em amostras de sedimento.Como parâmetro foi utilizado o CONAMA,Resolução nº 344,de 25 de março de 2004,que estabelece dois níveis de contaminação.Os resultados apresentaram média de 0,035066952 ± 0,009449974(µg/kg) de Hg total.Todas as amostras encontram-se abaixo do nível 1(0,17 mg/kg)-limiar abaixo do qual prevê-se, baixa probabilidade de efeitos tóxicos à biota.Para o teor de matéria orgânica(% C)também o mesmo parâmetro que estabelece um valor máximo de 17,25%.Os resultados apresentaram média de 38,760 ± 14,80024%,com 87,5% das amostras acima do valor alerta.
PALAVRAS CHAVES: mercúrio, sedimento, rio murucupi
INTRODUÇÃO: Os sedimentos de rios, estuários, lagos e oceanos poluídos com mercúrio são perigosos porque o metal confinado permanece disponível para metilação, mesmo quando a fonte é eliminada. Sua repartição nos sedimentos é frequentemente associada ao conteúdo de carbono orgânico, argilas, fósforo, ferro, enxofre e outros. Humatos e fulvatos podem complexar ou quelar o mercúrio no meio aquático armazenando-os nos sedimentos (Bisinoti & Jardim, 2004).
O mercúrio é um dos metais mais tóxicos para os organismos vivos. São encontrados vestígios de mercúrio em solos, águas naturais, sedimentos, organismos e na atmosfera onde, por vezes, se atingem concentrações anormalmente elevadas devido a fatores antropogénicos. Por outro lado, o mercúrio é persistente e bioacumulável, isto é, uma vez disperso no ambiente, o metal e os seus compostos não se transformam em substâncias inofensivas, ao serem reciclados por processos físicos, químicos ou biológicos (Jackson, 1998).
As substâncias húmicas formam a principal fração da matéria orgânica presente em sedimentos recentes nos ambientes deposicionais, contribuindo com cerca de 30% para o conteúdo de matéria orgânica (FÖRSTNER & WITTMANN, 1981). As substâncias húmicas têm características estruturais que contribuem para a sua interação com outras substâncias, entre as quais os metais alterando a sua especiação, mobilidade geoquímica e acessibilidade aos organismos vivos (FÖRSTNER & WITTMANN, 1981)
MATERIAL E MÉTODOS: O município de Barcarena situa-se a nordeste do estado do Pará entre os paralelos 1º 30´S a 1º 40´S e entre os meridianos 48º 30´ W a 48º 50´ W. A geologia local faz parte da bacia sedimentar da foz do rio Amazonas; os terrenos são representativos do grupo Pará, caracterizado por depósitos de areia, siltes, argilas e concreções lateríticas. O sistema estudado foi o rio Murucupi localizado no município de Barcarena.
As coletas foram realizadas no período de estiagem (setembro), quando a intrusão das águas da baía de Marajó foi mais pronunciada. As coletas foram realizadas com o auxilio de um barco ao longo do rio Murucupi (no sentido da foz para nascente). Foram selecionadas 15 estações de amostragem, sendo estas analisadas em triplicata. Os locais de amostragem foram georeferenciados através de um GPS (global positioning system). Para o planejamento da amostragem foi utilizado o programa Google Earth e conhecimentos da área.
O Hg total foi analisado pelo Analisador direto de mercúrio – Marca Anacom – DMA-80 com amalgamador completo.
A determinação do teor de carbono orgânico (% C) foi realizada pela titulação do excesso de dicromato em meio ácido com uma solução de sulfato ferroso amoniacal. A porcentagem de matéria orgânica (% M.O.) pode ser obtida multiplicando-se a porcentagem de carbono orgânico pelo fator 1,725. Este fator é utilizado em virtude de se admitir que na composição média de húmus, o carbono participa com 58 % (Walkley & Black, 1933; Förstner & Wittmann, 1981; EMBRAPA,1997).
A determinação do pH foi feita potenciometricamente na suspensão solo: solução 1:2,5 em água, com tempo de contato não inferior a uma hora, de acordo com EMBRAPA (1997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados para análise do Hg total apresentaram média de 0,03459(µg/kg), atingido um máximo de 0,0614(µg/kg) e um valor mínimo de 0,0166(µg/kg) e com mais de 50% das amostras com valor abaixo de 0,04(µg/kg). Como parâmetro foi utilizado o CONAMA, Resolução nº 344, de 25 de março de 2004, Todas as amostras encontram-se abaixo do nível 1 (0,17 mg/kg) - limiar abaixo do qual prevê-se, baixa probabilidade de efeitos tóxicos à biota. Para o teor de matéria orgânica (% C) também foi usado Como parâmetro o CONAMA, Resolução nº 344, de 25 de março de 2004, que estabelece um valor máximo de 17,25% que seria o VALOR ALERTA - valor acima do qual representa possibilidade de causar prejuízos ao ambiente na área de disposição. Os resultados apresentaram média de 36,28 ± 13,52553% e um valor máximo de 71,187% e um valor mínimo de 5,292, com apenas uma das amostras abaixo do valor alerta. Os valores de pH variaram de 4,20 a 5,25, sendo a média encontrada de 4,57±0,314313. Todos estes resultados podem ser observados no boxplot de cada parâmetro analisado (figura 2).
Como podem ser observadas na tabela 1, todas as correlações apresentaram valores ruins de correlação. No entanto o coeficiente de correlação entre os valores de pH e do teor de matéria orgânica revelaram correlação negativa e significativa.
CONCLUSÕES: As regiões constituídas por solos ricos em materiais húmicos têm importante função no ciclo biogeoquímico do mercúrio acumulando o metal aportado via atmosfera durante as vazantes e, também, via interface água-sedimento no período das cheias.Dos dados obtidos verificamos baixa concentração de Hg em todas as amostras,no entanto Mesmo em concentrações abaixo do determinado pelo CONAMA é preocupante já que este metal bioacumula no organismo e é considerado tóxico e cancerígeno.Em decorrência desses resultados cabe aos órgãos públicos buscar solucionar os problemas das agressões ambientais.
AGRADECIMENTOS: Ao Laboratório de Química Analítica e Ambiental (LAQUANAM) da Universidade Federal do Pará, e ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BISINOTI, M.C., JARDIM, W.F., 2004. O comportamento do metilmercurio (METILHg) no ambiente. Quim. Nova, 27(4):593-600.
EMBRAPA. Análise Química para Avaliação da Fertilidade do Solo. Métodos utilizados na Embrapa solos. Documento N°3, out. 1997.
JACKSON, T.A., 1998. Mercury in Aquatic Ecosystems. In: Langston, N.J., Bebianno, M.J., Metal Metabolism in Aquatic Enviroments. Chapman & Hall, Ecotoxicology Series, London, 77-139
TESSIER, A.; CAMPBELL, P. G. C.; BISSON, M. Sequential Extraction Procedure for the Speciation of Particulate Trace Metals. Analytical Chemistry, V.61, Nº 67, 1979.
WALKLEY, A. e BLACK, A. (1933). An Examination of the Digestion Method for Determination Mining Soil Organic Matter, and a Proposed Modification of the Chromic Acid Titration Method. Soil Sci.; 37, p. 29-38.
FÖRSTNER, Ulrich; WITTMANN, Gottfried T. W. Metal pollution in the aquatic environment. 2nd. Ed. Heidelberg: Springer, 1981