ÁREA: Bioquímica e Biotecnologia

TÍTULO: ANÁLISE DA EFICÁCIA DO ÁLCOOL EM GEL COMO ANTI-SÉPTICO

AUTORES: MORAIS, G. L. A. (UFPE) ; MOREIRA, A.R.S. (UFPE) ; AMORIM, V.P.P. (UFPE) ; CARDOSO,B.A. (IFPE) ; ALBUQUERQUE,S.S.M.C. (UFPE) ; PALHA, M.A.P.F. (UFPE)

RESUMO: O uso do álcool em gel como procedimento de anti-sepsia das mãos teve um aumento
considerável nos últimos anos devido à grande divulgação por parte da mídia e de órgãos
governamentais. Por conta disso, analisou-se a eficiência de 5 marcas comerciais de
álcool em gel contra as bactérias, incluindo as do grupo Coliformes, consideradas como
indicador universal de sanidade bacteriológica da água e responsáveis por infecções
hospitalares. Durante a pesquisa observou-se que o maior percentual de descontaminação
foi de 97,10% não havendo eliminação completa das bactérias contaminantes,
diferentemente das propagandas relacionadas às 5 marcas em estudo. Assim, concluiu-se
que o álcool em gel é um instrumento auxiliar para a higienização das mãos e não
dispensa o uso prévio de sabão e água corrente.

PALAVRAS CHAVES: álcool em gel, coliformes totais, mãos

INTRODUÇÃO: Nos últimos anos observou-se um aumento da proliferação de algumas doenças devido à
má higienização pessoal. Com a finalidade de amenizar a proliferação das mesmas, os
órgãos governamentais internacionais estimularam a população de suas regiões o uso de
Álcool em gel como forma de higienização prática e eficiente. Contudo é questionável
a eficiência desse método uma vez que as bactérias do Grupo coliformes são
consideradas agentes de risco biológico 2, algumas bastante resistentes, podendo
ocasionar contaminação de corpos d’água, representando assim um risco à saúde sendo
constatada através do nível de coliformes termotolerantes considerados universalmente
como indicador de poluição de água (HIRATA & MANCINI FILHO, 2002). Estas bactérias
são classificadas como bacilos Gram-negativos, não esporulados, aeróbios ou
anaeróbios facultativos pertencentes à família Enterobacteriaceae, capazes de
fermentar lactose produzindo ácido, aldeído e gás em um período de 48hs de incubação
em caldo lactosado a 35°C. Fazem parte deste grupo bactérias pertencentes ao gênero
Escherichia, Klebsiella, Enterobacter e Citrobacter (GLESSON e GRAY,1997). As
classificadas como coliformes termotolerantes(fecais), tem as mesmas características
do grupo coliforme (total), porém fermentam lactose e produzem gás quando incubadas a
44,5°C ± 0,2 por 24 horas. A espécie de maior destaque é a Escherichia coli, que tem
como habitat exclusivo o trato intestinal de animais de sangue quente, sendo
considerado o único coliforme fecal verdadeiro (TORTORA et al, 2000). Este trabalho
analisa a eficiência de algumas marcas comerciais de álcool em gel , utilizadas pela
população após a pandemia provocada pelo Vírus da Gripe A (H1N1) em 2009 e neste
verão europeu, devido à uma linhagem especial de Escherichia coli.

MATERIAL E MÉTODOS: 1ª ETAPA (Pesquisa de Coliformes totais): A pesquisa foi baseada no Standard Methods
for the Examination of Wather and Wastewater (1998), técnica dos tubos múltiplos,
para tal se utilizou uma amostra de água sabidamente contaminada. Realizou-se uma
análise presuntiva em meio de Lauril Sulfato Sódio, incubados em estufa a 35°C ±0,5°C
por 48 horas. Dos tubos positivos (formação de gás no tubo de Durham) transferiu-se
uma alíquota para o meio confirmativo de Verde Brilhante incubados em estufa a 35°C
±0,5°C por 24 a 48 horas. Após esse tempo, dos tubos positivos transferiu-se
alíquotas para tubos contendo meio de EC para determinar os coliformes
termotolerantes, incubando-os em banho-maria a 44,5°C ±0,2°C por 24 horas.
2ª ETAPA (Contaminação intencional das mãos): Dos tubos positivos em meio de Lauryl
Sulfato de Sódio retirou-se 0,5 mL, colocou-se na palma das mãos (já lavadas com
sabão e água corrente) de 5 voluntários e espalhou-se por cerca de 15 segundos.
3ª ETAPA (Inoculação dos swabs): Após a segunda etapa, um swab estéril foi umedecido
com 1,5mL de Solução Salina Peptonada (SSP), em seguida foi passado por toda a palma
das mãos dos voluntários e colocado em um tubo com 10 mL de SSP. Depois, gotejou-se o
álcool em gel que foi espalhado por toda a palma das mãos e recolheu-se, através de
outro swab estéril e já umedecido, amostras para análise de eficiência, colocando-o
em outro tubo com 10mL de SSP. Utilizou-se 5 marcas comerciais diferentes de álcool
em gel , enumeradas de 1 a 5, e para cada uma destas repetiu-se mesmo procedimento
descrito acima.
4ª ETAPA (Inoculação em placas de Petri): Realizaram-se diluições em até 10-2 da
amostra recolhida, inoculou-se em triplicata em meio de cultura Mueller Hinton Agar e
incubou-se em estufa a 35°C por 48 horas.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: As cinco marcas de álcool em gel avaliadas tinham como propaganda uma eficiência de
99,99 % na redução de bactérias ou/e dispensavam o uso prévio de sabão e água
corrente para higienização das mãos, sendo assim analisou-se a eficiência do álcool
em gel mediante estes parâmetros. Para a obtenção dos resultados utilizou-se o
processo de Contagem de Unidades Formadoras de Colônias (UFC) por mL para as amostras
líquidas em todas as placas inoculadas em meio de cultura Mueller Hinton Agar, rico
em nutrientes que propiciam o crescimento de diversos tipos de bactérias incluindo as
do grupo Coliformes, desde a amostra original (100) às diluições 10-1 e 10-2, e
realizou-se uma média aritmética entre os resultados de cada triplicata. Calculou-se
também o percentual de descontaminação [100 - (UFC depois do tratamento/UFC antes do
tratamentoX100)] para comparar a eficiência das amostras de álcool testadas. Dessa
forma, pôde-se observar que todas as marcas avaliadas não apresentavam 99,99% de
eficiência, estando a marca 2 mais próxima a esse valor com 97,10% de eficiência na
eliminação das bactérias contaminantes, conforme a Tabela 1, podendo-se inferir que é
indispensável a lavagem prévia das mãos com sabão e água corrente para eliminar a
maioria dos patógenos, sendo o álcool em gel um instrumento auxiliar para a
higienização das mãos.



CONCLUSÕES: Concluiu-se que o uso do álcool em gel não pode ser associado à única forma de
higienização prática e eficiente das mãos dispensando o uso de sabão e água corrente,
pois diferentemente das propagandas relacionadas às 5 marcas em estudo, a eficiência
das mesmas mostrou-se reduzida não havendo eliminação completa das bactérias
contaminantes, apesar de terem sido reduzidas consideravelmente. A legislação
brasileira, por meio da Portaria n. 2.616, de 12 de maio de 1998, estabelece que a
lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle
das infecções hospitalares.

AGRADECIMENTOS: A Maria da Conceição Andrade do Laboratório de Microbiologia Industrial e Processos <br
/>
Biotecnológicos do DEQ – UFPE.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Ministério da saúde. Portaria nº. 518, de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providencias. Diário Oficial [da União da República Federativa do Brasil], Brasília, 26 mar. 2004

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 2.616, de 12 de maio de 1998. Estabelece diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções hospitalares. Diário Oficial [da União da República Federativa do Brasil], Brasília, DF, 13 maio. 1998.

Gleeson, C. e Grey, N. (1997). The Coliform Index and Waterborne Disease. E and FN Spon, London, pp. 194.

ROTTER, M.L. Hand Washing and hand disinfection. In: MAYALL, C.G., Hospital Epidemiology and Infection Control. Philadelphia: Lippincott, 1999, p. 1339-1355.

SILVA, E. J. S. et al. Avaliação microbiológica de eficácia imediata de 04 agentes anti-sépticos utilizados na degermação das mãos. Rev. Bras. Cir. Implant., v. 7, n. 27, p. 20-27, jul./ago. 2000

STANDARD METHODS FOR THE EXAMINATION OF WATER AND WASTEWATER. 20 ed. Washington: American Public Health Association, 1998. 1220p.

TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, C.S. Microbiologia. 6. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, p. 827, 2000.

Online. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/paciente_hig_maos.pdf >. Acessado em 08/07/2011 às 16:20