ÁREA: Alimentos

TÍTULO: TEOR DE FENÓIS E PROPRIEDADES BIOLÓGICAS DE PRÓPOLIS DO CEARÁ

AUTORES: LIBERATO, M.C.T.C. (UECE) ; MORAIS, S.M. (UECE) ; MENEZES, J.E.S.A. (UECE) ; SIQUEIRA, S.M.C. (UECE) ; SOUSA, L.S. (UECE) ; SILVA, M.M.O. (UECE)

RESUMO: RESUMO: Amostras de própolis marrom de Apis mellifera, de plantas da caatinga foram coletadas em vários locais do Ceará e analisadas para determinação do teor total de fenóis, de flavonóides e das atividades antioxidante e antiacetilcolinesterase. O teor total de fenóis foi determinado pelo método de Folin-Ciocalteau e o de flavonóides pelo do AlCl3. Para a atividade antioxidante foi usado o teste do DPPH, obtendo-se para a amostra da cidade de Camocim IC50 = 3,184 ± 0,20 mg/mL que mostrou melhor atividade antioxidante e apresentou mais alto teor de fenóis totais (12,057±0.25mg EAG/100g). Na avaliação da atividade antiacetilcolinesterase as própolis das cidades de Crato e Alto Santo (10,6 mm e 9,6 mm de halo de inibição respectivamente) apresentaram valores maiores que o do padrão fisostigmina.

PALAVRAS CHAVES: própolis; fenóis totais; propriedades biológicas

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Própolis é a denominação usada para descrever uma mistura de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas colhidas por abelhas melíferas de brotos, flores e exsudatos de plantas às quais as acrescentam secreções salivares, cera e pólen para a elaboração do produto final. Seu emprego na colônia está relacionado à construção e adaptação da colméia, além de garantir um ambiente asséptico por suas propriedades antimicrobianas (Funari e Ferro, 2006). Apesar de possíveis diferenças na composição devido à fonte floral, a maioria das própolis tem praticamente a mesma natureza química, constituindo-se de 50% de resina (composta de flavonóides e ácidos fenólicos), 30% de cera, 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de outros compostos orgânicos (Gómez-Caravaca et al., 2006). A própolis possui grande número de constituintes presentes em pequenas proporções como os flavonóides, os ácidos fenólicos, certas enzimas, ácido ascórbico, produtos da Reação de Maillard, flavonóis, α-tocoferol, catequinas e carotenóides. São eles que podem ter um papel antimicrobiano e também antioxidante. A Doença de Alzheimer (DA) é uma preocupação mundial por incapacitar grande número de pessoas com mais de 65 anos. O objetivo desse estudo foi mostrar que própolis de Apis mellifera do Ceará possuem alta atividade antioxidante e uma possível atuação na inibição da acetilcolinesterase, enzima que em nível celular, está associada à redução das taxas de acetilcolina no processo sináptico, diminuindo a neurotransmissão colinérgica cortical, além de outros neurotransmissores como noradrenalina, dopamina, serotonina e glutamato. A elevação no nível da acetilcolina, portanto, seria útil na DA (Nordberg et al., 1992).

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: Amostras: Obtidas nos locais de coleta e extraídas em metanol. Determinação de Flavonóides: Quercetina foi usada para a curva de calibração. Dissolveu-se 10 mg de quercetina em etanol (80%), diluindo-se a 25, 50 e 100 µg/mL. Às soluções (0.5 mL) adicionou-se 1,5 mL de etanol (95%), 0,1mL de acetato de potássio (1M) e 2,8 mL de H2O destilada. Depois da incubação (27°C, 30 min), a absorbância foi lida a 415 nm. Similarmente, 0,5 mL das amostras foram adicionados a AlCl3 para determinação de flavonóides. AlCl3 a 10% foi substituído por H2O destilada no branco. Média de 3 leituras foi expressa como mg EQ/100g (WOISKY; SALATINO, 1998). Determinação de Fenóis Totais: Uma alíquota de 0.5 mL do extrato foi adicionada a 0,5 mL do reagente de Folin-Ciocalteau e 0,5 mL de Na2CO3. Depois de incubar (27°C, 1h), a absorbância foi lida a 760 nm contra um branco de metanol. Ácido gálico foi usado para a curva de calibração. Média de 3 leituras foi expressa em mg EAG/100g (SINGLETON,1999). Determinação da Atividade Antioxidante: Em um tubo de ensaio, foram colocados 3,9 mL de uma solução metanólica do radical DPPH a 6,5 x 10-5M. Adicionou-se 0,1mL da solução da amostra (0,1g/mL). Foi lida a absorbância a 515nm de 0 a 60 minutos. Determinação da Atividade Antiacetilcolinesterase: Foram usadas soluções de ácido 5,5’-ditiobis-2-nitrobenzóico (DTNB) e iodeto de acetilcolina (ATCI) em tampão. As amostras foram aplicadas na cromatoplaca. Após evaporação do solvente, pulverizou-se o substrato (ATCI, 1mM em tampão) e o reagente de Ellman (DTNB, 1 mM em tampão). Após 3 a 5 min borrifou-se a enzima (3U/mL) e em 10 min a placa desenvolveu cor amarela. Halos brancos apareceram em torno das amostras indicando inibição, foram medidos e comparados com o padrão (RHEE et al, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A composição da própolis está diretamente relacionada com a vegetação da região de coleta. A determinação quantitativa dos flavonóides foi conduzida pelo método do cloreto de alumínio que se baseia na formação de um complexo entre o íon alumínio Al (III) e os grupos carbonila e hidroxila dos flavonóides. Nesse método ocorre um deslocamento para maior comprimento de onda e intensificação de suas absorções. Os resultados mostraram valores variando de 1.98 (amostra de Camocim) a 5.90 (amostra de Mombaça) mg QE/100g de extratos das amostras de própolis. Esses valores estão próximos aos encontrados por Bonheví & Coll (1994) e Woisky & Salatino (1998). As própolis de Camocim e Crato apresentaram teores mais altos de compostos fenólicos (12,057±0.25 e 12,049±0.36 mg EAG/100 g de extrato de própolis respectivamente); Esses valores estão próximos aos encontrados por Woisky (1996) usando o método de Folin-Ciocalteau com ácido gálico como padrão. Os resultados para a atividade anti-radical variaram de IC50 3,18 mg/mL (amostra de Camocim) para IC50 5,06 mg/mL (amostra de Mombaça). Todas as análises foram realizadas em triplicata e os resultados encontram-se na Tabela 1. Os valores de IC50 para ácido ascórbico e BHT (um antioxidante sintético) foram 0.255 mg/mL e 0.307 mg/mL respectivamente. A atividade antiacetilcolinesterase foi maior para a amostra de Crato e Alto Santo com halos de inibição (10,7±0,47 mm e 10,0±0,00) maiores que o padrão e a de Beberibe e Mombaça com halos de inibição iguais ao do padrão fisostigmina (9,0 mm).



CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: As amostras de própolis analisadas apresentaram valores de flavonóides e fenóis totais de acordo com a literatura. Os resultados da atividade anti-radical livre apontam grande potencial antioxidante das própolis do Ceará. Na avaliação da atividade antiacetilcolinesterase todas as amostras apresentaram halos de inibição próximos ou maiores que o padrão, o alcalóide fisostigmina. A variação nos resultados é dependente das plantas visitadas pelas abelhas em cada região de coleta.

AGRADECIMENTOS: Ao SEBRAE na pessoa do Sr. Vandi Gadelha

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS
BONHEVÍ, J. S., & COLL, F. V. 1994. Phenolic composition of propolis from China and South America. Zeitschrift für Naturforschung, 49c: 712-718.
FUNARI, C. S., FERRO, V. O. 2006. Análise de Própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos, 26 (1): 171-178.
GÓMEZ-CARAVACA, A. M., GÓMEZ-ROMERO, M., ARRÁEZ-ROMÁN, D., SEGURA-CARRETERO, A. FERNÁNDEZ-GUTIÉRREZ, A. 2006. Advances in the analysis of phenolic compounds in products derived from bees. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, 41: 1220-1234.
NORDBERG, A., CARLSON, L. A., WINBLAD, B. 1992. Biological markers and the cholinergic hypothesis in Alzheimer’s disease. Acta Neurologica Scandinavica, 85: 54-58.
RHEE, I. K., MEENT, M., INGKANINAN, K., VERPOORTE, R. 2001. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity staining. Journal of Chromatography A 915: 217-223.
SINGLETON, V. L., ORTHOFER, R., LAMUELA-RAVENTOS, R. M. 2002. Analysis of total phenols and other oxidation substrates and antioxidants by means of Folin-Ciocalteu reagent. Methods in Enzymology, 299: 152-178.
WOISKY, R.G., SALATINO, A. 1998. Analysis of propolis: some parameters and procedures for chemical quality control. Journal of Apicultural Research, 37(2): 99-105.