ÁREA: Alimentos

TÍTULO: AVALIAÇÃO COMPARATIVA DE MÉIS FLORAIS PRODUZIDOS POR Apis mellifera L. E Melipona subnitida D. NO CEARÁ

AUTORES: SILVA, A. M. (UECE) ; LIBERATO, M. C. T. C. (UECE) ; MAGALHÃES, I. L. (UECE)

RESUMO: Amostras de méis florais produzidos por Apis mellifera L. e Melipona subnitida D. em localidades do Ceará foram analisadas para obtenção dos teores de fenóis totais pelo método de Folin-Ciocalteau, avaliação da Atividade Anti-radical Livre pelo método do DPPH e Atividade Antiacetilcolinesterase. Os resultados mostraram valores bem superiores para o mel de Melipona subnitida, conhecida como abelha Jandaíra, produzido em Ibicuitinga – CE, abrindo possibilidades para seu uso como alimento funcional.

PALAVRAS CHAVES: mel. apis mellifera. melipona subnitida.

INTRODUÇÃO: O Ceará está no domínio da Caatinga, um bioma semi-árido exclusivamente brasileiro, caracterizado por ter o período chuvoso restrito a três ou quatro meses do ano e alta biodiversidade. A flora da caatinga é diversificada e rica em néctar e pólen. A característica da grande diversidade botânica e diferenciado comportamento fenológico da vegetação de caatinga propicia um escalonamento das floradas durante o ano, significando haver sempre algumas espécies florescendo ao longo do ano, independente da estação (ALMEIDA-CORTEZ et al., 2007). As abelhas são insetos sociais que pertencem à ordem Hymenoptera, tendo surgido na face da terra há mais de 50 milhões de anos e sempre presentes em antigas civilizações (DUARTE, 2006). No gênero Apis encontram-se várias espécies, entre elas está a Apis mellifera, espécie mais utilizada para a produção de mel em todo o mundo. O Brasil é rico em abelhas nativas que não possuem ferrão, sendo a mais importante no Ceará a Melipona subnitida D. conhecida como Jandaíra. A maioria das plantas é produtora de néctar, usado pelas abelhas, para originar o mel. Conseqüentemente os componentes bioativos da planta de origem podem ser transferidos para o mel. Numerosos estudos mostram grande número de compostos naturais que possuem propriedades promotoras de saúde. No mel, a composição e a capacidade antioxidante variam com a fonte floral usada para coletar néctar e com fatores externos como espécie de abelha, clima, ambiente e o processamento pelo qual tenha passado (BALTRUŠAITYTĖ et al., 2007), O objetivo desse trabalho foi analisar comparativamente méis de Apis mellifera e de Melipona subnitida oriundos de localidades do Ceará com relação ao teor de fenóis, e às atividades antioxidante e antiacetilcolinesterase.

MATERIAL E MÉTODOS: Obtenção das amostras: As amostras foram obtidas de apicultores de cada região de coleta, ou seja, mel de Apis mellifera (florada: Anacardium occidentale) da localidade de Pacajus e mel de Melipona subnitida (florada: silvestre) da localidade de Ibicuitinga-CE. Determinação de Fenóis Totais: Foi usado o método Folin-Ciocalteau (SINGLETON; 1999). 5g de mel foram diluídos em 50mL de água destilada. 0,5mL dessa solução foi misturada com 2,5mL do reagente por 5min, e 2mL de carbonato de sódio (75g/L). Após 2 h, a absorbância foi medida a 760 nm contra um branco. O ácido gálico foi usado como padrão. O Teor de fenóis foi expresso em mg (EAG)/100g de mel. Avaliação da Atividade Antioxidante: foi usado o método do DPPH (BRAND WILLIAMS 1995). 1,25mL de uma solução de mel foram misturados com 1,5mL de uma solução de DPPH em metanol (90mg/L). Após 15min a absorbância foi lida a 517 nm contra um branco de metanol. Avaliação da Atividade Antiacetilcolinesterase: Foram usadas soluções de ácido 5,5’-ditiobis-2-nitrobenzóico (DTNB) e iodeto de acetilcolina (ATCI) em tampão. As amostras foram aplicadas na cromatoplaca. Após evaporação do solvente, pulverizou-se o substrato (ATCI, 1mM em tampão) e o reagente de Ellman (DTNB, 1 mM em tampão). Após 3 a 5 min borrifou-se a enzima (3U/mL) e em 10 min a placa desenvolveu cor amarela. Halos brancos apareceram em torno das amostras indicando inibição, foram medidos e comparados com o padrão Fisostigmina que apresenta halo de inibição de 0,9 mm (RHEE et al, 2001).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O conteúdo total de fenóis do mel de Apis mellifera (florada: Anacardium occidentale) originário da cidade de Pacajus – CE apresentou 29,61 ± 1.17 mg EAG/100g de mel, enquanto a amostra de Melipona subnitida oriundo da cidade de Ibicuitinga – CE apresentou 106,25 ± 0,98 mg EAG/100g de mel. Diferentes plantas apresentam diferentes compostos fenólicos e, portanto variações no seu conteúdo total. MEDA et al. (2005) encontrou valores de fenóis totais para méis de Apis mellifera que estão de acordo com o encontrado nesse trabalho. Os valores obtidos para a atividade anti-radical livre foi 49,69 ± 0,15 mg/mL para o mel de Apis mellifera e 3,16 ± 1,53 mg/mL para o mel de Melipona subnitida. Esses resultados estão de acordo com a literatura que fala da relação entre o teor de fenóis totais e o valor da atividade antioxidante, já que quanto menor é o valor da atividade anti-radical livre maior o potencial antioxidante da amostra. Com relação à atividade antiacetilcolinesterase o mel de Apis mellifera apresentou um halo de inibição de 0,6 mm enquanto o de Melipona subnitida apresentou um valor de 0,7 mm. O mel de Melipona subnitida apresentou uma inibição mais próxima daquela apresentada pelo alcalóide fisostigmina, usado como padrão. Os resultados estão disponíveis na Tabela 1.




CONCLUSÕES: O mel de Melipona subnitida, da região de Ibicuitinga – CE, apresentou excelentes resultados, superando os valores encontrados para o mel de Apis mellifera da região de Pacajus. Surge a possibilidade do uso desse mel como alimento funcional confirmando a sabedoria popular com relação à utilização do mel de Jandaíra.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA-CORTEZ, J. S.; CORTEZ, P. H. M.; FRANCO, J. M. V.; UZUNIAN, A. 2007. Caatinga. São Paulo: HARBRA. Coleção Biomas do Brasil - p. 64.
BALTRUŠAITYTĖ, V., VENSKUTONIS, P. R., ČEKSTERYTĖ, V. 2007. Radical Scavenging Activity of Different Floral Origin Honey and Beebread Phenolic Extracts. Food Chemistry, 101. p.502-514.
BRAND-WILLIAMS, W., CUVELIER, M. E. e BERST, C. 1995. Use of a free radical method to evaluate antioxidant activity. Lebensmittel Wissenschaft Und Technologie, 28: 25-30.
DUARTE, R. B. de A. – Histórias de Sucesso: Agronegócios - Apicultura – SEBRAE Brasília, 2006.
MEDA, A., LAMIEN, C. E., ROMITO, M., MILLOGO, J., NACOULMA, O. G. 2005. Determination of the Total Phenolic, Flavonoid and Proline Contents in Burkina Fasan Honey, as well as their Radical Scavenging activity. Food Chemistry, 91: 571-577.
RHEE, I. K., MEENT, M., INGKANINAN, K., VERPOORTE, R. 2001. Screening for acetylcholinesterase inhibitors from Amaryllidaceae using silica gel thin-layer chromatography in combination with bioactivity staining. Journal of Chromatography A, 915: 217-223.
SINGLETON, V. L., ORTHOFER, R., LAMUELA-RAVENTOS, R. M. 2002. Analysis of total phenols and other oxidation substrates and antioxidants by means of Folin-Ciocalteu reagent. Methods in Enzymology, 299: 152-178.