ÁREA: Alimentos
TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS DE ABELHA (Apis mellifera L.) PRODUZIDOS EM OITO MUNICÍPIOS DO RIO GRANDE DO NORTE.
AUTORES: OLIVEIRA, T. A. (UFERSA) ; AROUCHA, E. M. M. (UFERSA) ; FERREIRA. R. M. A. (UFERSA) ; SOUSA JUNIOR, F. S. (UFERSA) ; MENEZES, F. L. (UFERSA) ; ZOUSA, J. A. (UFERSA) ; JALES, I. M. (UFERSA)
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo caracterizar físico-quimicamente méis de abelha (Apis
mellifera L.) produzidos em oito municípios do RN. Para isto, foram coletadas amostras
de méis de abelha Apis mellifera diretamente dos produtores e essas foram transportadas
para o Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal Rural do Semi-
Árido (UFERSA), onde foram determinadas: atividade diastásica (número da escala Gothe),
teor de hidroximetilfurfural (mg/kg), acidez livre e pH. Os dados foram submetidos à
análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade. Verificou-se que todos os méis analisados atenderam as especificações
vigentes na legislação para os parâmetros avaliados.
PALAVRAS CHAVES: apis mellifera l. atividade diastásica. hidroximetilfurfural
INTRODUÇÃO: A apicultura é uma das atividades do Nordeste brasileiro que mais cresce nos últimos
anos, constituindo-se em uma alternativa capaz de poder elevar seu nível
socioeconômico aproveitando o potencial de diversas áreas onde é possível a
exploração apícola. A Região Nordeste tem grande importância como produtora de mel,
sendo os Ceará (32%), Piauí (29%), Bahia (13%), Pernambuco (11%) e Rio Grande do
Norte(7%) os estados que se destacam pela maior produção (IBGE, 2011). A Instrução
Normativa nº 11 de 11 de outubro de 2000 regulamenta os padrões de identidade e
qualidade do mel, preconizando suas características sensoriais, físico-químicas,
através da fixação de valores de referência, que muitas vezes podem ser utilizados na
pesquisa de adulterações ou processamento inadequado (BRASIL, 2000). Este trabalho
teve por objetivo caracterizar físico-quimicamente méis de abelha (Apis melifera L.)
produzidos em oito municípios do RN.
MATERIAL E MÉTODOS: Cerca de 500 g de mel de abelha africanizada de quatro municípios da região oeste
(Pau-dos-Ferros, Mossoró, Apodi e Serra do mel) e Seridó ( Cerro Corá, Currais Novos,
Caicó e Angicos) do Rio Grande do Norte. Em seguida foi transportado para o
Laboratório de Química do Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais da
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), campus de Mossoró, onde as
amostras foram analisadas imediatamente quanto ao pH – com a utilização de um
potenciômetro; acidez livre – o método utilizado foi baseado no Association of
Official Analytical Chemists (AOAC) - item 962.19., que utiliza a titulação com
hidróxido de sódio., o valor da acidez foi calculado multiplicando-se o volume gasto
de NaOH 0,1N por 10 (peso da amostra, diluída previamente com 75mL de água
destilada); hidroximetilfurfural: o método utilizado foi baseado no Association of
Official Analytical Chemists (AOAC) item 980.23., que utiliza a espectrofotometria;
atividade diastásica: foi determinada pelo método CAC (1990), cujo resultado foi
expresso em número da escala Gothe. O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizado, com oito tratamentos e três repetições por tratamento. As
análises de variância das características avaliadas foram realizadas através do
aplicativo software SISVAR (FERREIRA, 2003), e os tratamentos foram testados pelo
teste de Tukey ao nivel de 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pode-se observar que houve diferenças significativas entre todas as características
dos méis silvestres produzidos nos oito municípios avaliados (Tabela 1).
Verificaram-se diferenças nos teores de hidroximetilfurfural preexistentes nos méis
analisados. Apesar de todos os méis atenderem a legislação específica (BRASIL, 2000),
o mel proveniente de Mossoró, Serra do Mel, Currais Novos, Caicó, Angicos
apresentaram menores teores deste composto quando comparados aos méis dos demais
municípios. Isto significa que estes méis são de melhor qualidade, pois de acordo com
Veríssimo (1988) valor elevado de HMF indica queda no seu valor nutritivo, pela
destruição de algumas vitaminas e enzimas. Quanto à diástase, observou-se que todos
os méis estudados alcançaram o mínimo exigido pela legislação vigente que é de 8 DN
(escala Gothe). Entretanto os méis dos municípios de Apodi e Caicó apresentaram maior
atividade diastásica (30 DN), indicando que estes méis são de qualidade superior.
Valores semelhantes foram detectados por Silva et al. (2004) em méis de diversas
floradas do Piauí. A acidez livre, que pode ser usado como um indicativo do grau de
deterioração do mel variou de 19,5 a 56,0 meq kg-1 (Tabela 1), permanecendo dentro da
faixa considerada como normal, segundo a Legislação Brasileira, que prevê o valor
máximo de 60 meq kg-1(BRASIL, 2000). Embora o pH não seja indicado, atualmente, como
análise obrigatória no controle de qualidade dos méis brasileiros, mostra-se útil
como variável auxiliar para avaliação da qualidade. O valor médio do pH dos méis
estudados foi de 3,93, variando entre 3,19 a 4,20 (Tabela 1). Estes valores
encontram-se próximos dos valores descritos por Noronha (1997).
CONCLUSÕES: Todos os méis analisados atenderam as especificações vigentes na legislação para os
parâmetros avaliados. Os méis dos municípios de Mossoró, Serra do Mel, Currais Novos,
Caicó, Angicos; e Apodi e Caicó apresentaram respectivamente, melhores resultados para
hidroximetilfurfural e atividade diastásica.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis. 15 th. Supl 2. Ed. 1990.
BRASIL Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 11, Diário Oficial, 20 de outubro de 2000. Seção 1, p. 19696-19697. Aprova as Normas o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel.
FERREIRA, D. F. SISVAR 4.3 – Sistema de Análises Estatísticas. Lavras: DEX/UFLA, 2003.
IBGE. Pesquisa da Pecuária Municipal. Diretoria de pesquisas, Coordenação de Agropecuária, 2009.
NORONHA, P. R. G. Caracterização de méis cearenses produzidos por abelhas africanizadas: parâmetros químicos, composição botânica e colorimetria. 147 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1997.
SILVA, C. L.; QUEIROZ, A. J. M.; FIGUEIRÊDO, R. M. F. Caracterização físico química de méis produzidos no estado do Piauí para diferentes floradas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.8, n.2/3, p260-265, 2004.
VERRÍSSIMO, M. T. L. Saiba o que é HMF. Apicultura no Brasil, v. 4, n. 24, p. 31, 1988.