ÁREA: Alimentos
TÍTULO: ANÁLISE DE CERAS DE PRÓPOLIS DO CEARÁ
AUTORES: LIBERATO, M.C.T.C. (UECE) ; MORAIS, S.M. (UECE) ; BATISTA, W. P. (RENORBIO) ; CAVALCANTI, D.B. (UECE) ; MAGALHÃES, I. L. (UECE)
RESUMO: RESUMO: Amostras de cera de própolis de Apis mellifera oriundas das cidades de Alto Santo e Beberibe no Ceará foram analisadas. Inicialmente foram obtidos extratos metanólicos das própolis através de Soxhlet e em seguida obtidas as ceras. As ceras purificadas passaram por processo de acetilação e transesterificação antes da análise propriamente dita. A separação dos compostos foi por Cromatografia em Camada Delgada, a caracterização funcional dos constituintes por Espectrometria no Infravermelho e a identificação por Cromatografia Gasosa/Espectrometria de Massa. Os resultados apresentaram uma predominância de Palmitato de Metila na cera da própolis de Beberibe e Docosenoato de Metila na cera da própolis de Alto Santo.
PALAVRAS CHAVES: cera de própolis. apis mellifera. ceará.
INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: A própolis se apresenta freqüentemente como resinas constituídas por misturas complexas de substâncias naturais produzidas biogeneticamente pelas plantas e pelas abelhas, com a função de selar as colméias e proteger contra predadores. A própolis tipicamente consiste de compostos inorgânicos, ceras e outras substâncias orgânicas tais como compostos fenólicos e voláteis. A maioria das própolis tem praticamente a mesma natureza química, constituindo-se de 50% de resina (composta de flavonóides e ácidos fenólicos), 30% de cera, 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de outros compostos orgânicos apesar de possíveis diferenças na composição devido à fonte floral, já que sua composição química está diretamente relacionada com o tipo de vegetação da região onde é bioproduzida (GÓMEZ-CARAVACA et al., 2006). A palavra “ceras” designa misturas de compostos não-polares de cadeia longa encontrados principalmente sobre as superfícies de plantas e animais (HAMILTON, R. J.,1995). A cera obtida da própolis tem sido pouco estudada, não havendo informações sobre a constituição das ceras obtidas de própolis do Ceará. Esse estudo teve como objetivo identificar os constituintes das ceras das própolis oriundas das localidades de Alto Santo e Beberibe no Ceará.
MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: Obtenção das Amostras: Foram obtidas de apicultores nas regiões de coleta. Extratos metanólicos: 10 g de própolis em 200 mL de metanol foram deixados em Soxhlet, por 8 h para obtenção dos extratos. A análise foi feita em triplicata (WOISKY & SALATINO, 1998). Teor de Cera: Os extratos foram à geladeira por 24 h e depois ao freezer por 30 min. A solução foi filtrada em funil de Buchner. A cera foi lavada com metanol resfriado até a clarificação. O conjunto filtro/cera foi à capela de exaustão para eliminar o excesso de solvente e depois para estufa pré-aquecida a 105°C, por 2 h. Então, foi resfriado em dessecador e pesado. Aquecimento, resfriamento e pesagem do material foram repetidos até massa constante. A análise foi realizada em triplicata (BRASIL, 2001). Separação e identificação dos constituintes: Foram feitas acetilação e transesterificação das ceras, iniciando-se com purificação com nafta, processo a quente. 50 mg de cera purificada com 10 mL de Metanol, 10 mL de Benzeno e 0,5 mL de Ácido Sulfúrico concentrado foram colocados em refluxo por 4 horas. O material foi resfriado, adicionou-se água, lavando-se em seguida com solução saturada de Na2CO3 até pH 9. O material foi levado ao rotaevaporador para a saída dos solventes, e adicionados 10 mL de Anidrido Acético e uma espátula de Acetato de sódio anidro levando-se ao refluxo por 1 hora. Após refluxo e resfriamento foram adicionados 15 mL de água deixando-se reagir com o anidrido até total liberação de calor, mantendo-se agitação durante o processo. A extração dos compostos foi feita com clorofórmio, lavando-se com água até a neutralização. A separação foi por CCD, a caracterização funcional dos constituintes por IV e a identificação por CG/EM.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A composição da própolis tem relação direta com a vegetação da região de coleta. Sua consistência a temperatura ambiente indica a razão entre os teores de resina e cera em sua composição. O teor de cera da própolis de Alto Santo foi de 12.79 ± 1,21 % e o de Beberibe foi de 9,75 ± 0,78 %, estando de acordo com a Legislação Brasileira vigente (BRASIL, 2001), mas apresentam-se pequenos quando comparados com os encontrados por BONVEHI et al. (1994). NEGRI et al. (1998) encontrou um teor de cera de 7,0% para cera de própolis de Pacajus no Ceará. Entre os constituintes da cera, na amostra de Alto Santo, houve uma predominância de Docosenoato de Metila (19,88%), apresentando também Palmitato de Metila (10,58%), Docosano (10,55%) e Estearato de Metila (2,49%) entre outros, enquanto na própolis de Beberibe a predominância foi de Palmitato de Metila (15,29%), havendo ainda presença de Docosano (8,57%), Tetracosano (4,64%) e Estearato de Metila (3,16%) entre outros. Esses resultados estão de acordo com SEIFERT & HASLINGER, (1991) que registra terem sido encontrados em ceras de própolis alcanos, alcenos, alcadienos, monoésteres, diésteres, ésteres aromáticos, cetonas e ácidos graxos entre outras classes de compostos. Alcanos com 26-35 átomos de carbono foram detectados em extratos hexânicos de própolis brasileiras (PEREIRA et al., 1998). Para a cera de Pacajus – Ceará, NEGRI et al. (1998) encontrou um percentual de 37,5% de hidrocarbonetos e 58,0% de monoésteres. Monoésteres e hidrocarbonetos são os constituintes predominantes das ceras segundo NEGRI et al. (2000).
CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Através das análises realizadas foi possível identificar diferenças e semelhanças na composição das amostras analisadas e que podem estar relacionadas às origens botânicas e geográficas das ceras. Os resultados confirmam a presença predominante de monoésteres e hidrocarbonetos nas ceras de própolis.
AGRADECIMENTOS: Ao SEBRAE- CE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BONVEHÍ, J. S.; COLL, F. V. V.; JORDÁ, R. E. 1994. The composition, active components and bacteriostatic activity of propolis in dietetics. Journal of the American Oil Chemists’ Society, 71: 529-532.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Instrução Normativa nº 3, de 19 de janeiro de 2001.
GÓMEZ-CARAVACA, A. M., GÓMEZ-ROMERO, M., ARRÁEZ-ROMÁN, D., SEGURA-CARRETERO, A. FERNÁNDEZ-GUTIÉRREZ, A. 2006. Advances in the analysis of phenolic compounds in products derived from bees. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, 41: 1220-1234.
HAMILTON, R. J. In Waxes: Chemistry, Molecular Biology and Functions; Hamilton, J. R., Ed.; The Oily Press; Dundee, 1995, p. 257.
NEGRI, G.; MARCUCCI, M. C.; SALATINO, A.; SALATINO, M. L. F. 2000. Comb and Propolis Waxes from Brazil (States of São Paulo and Paraná). Journal of the Brazilian Chemical Society, 11 (5).
NEGRI, G.; MARCUCCI, M. C.; SALATINO, A.; SALATINO, M. L. F. 1998. Hydrocarbons and monoesters of propolis waxes from Brazil. Apidologie, 29:305-314.
PEREIRA, A. S.; PINTO, A. C.; CARDOSO, J. N.; AQUINO NETO, F. R.; RAMOS, M. F. S.; DELLAMORA-ORTIZ, G. M.; SANTOS, E. P. 1998. Journal of High Resolution Chromatography, 21:396
SEIFERT, M.; HASLINGER, E. 1989. Über die Inhaltsstoffe der Propolis I. Liebigs Ann. Chem., 1123-1126.
WOISKY, R.G., SALATINO, A. 1998. Analysis of propolis: some parameters and procedures for chemical quality control. Journal of Apicultural Research, 37(2): 99-105.