ÁREA: Química Orgânica

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE OXIDATIVA DO ÓLEO DE BABAÇU (ORBIGNYA SPECIOSA) PROVENIENTES DA EMBRAPA MEIO NORTE VISANDO A PRODUÇÃO DE BIODIESEL

AUTORES: LIMA, M.G. (UFPI) ; MOURA, C.V.R. (UFPI) ; ARAUJO, E.C.E (EMBRAPA) ; ABREU, W.C. (UFPI) ; FREIRE, L. M. S. (UFPB)

RESUMO: A quantidade de ácidos graxos insaturados na composição do biodiesel está relacionada
à matéria-prima utilizada. Uma grande quantidade desses ácidos graxos acelera a
produção de compostos poliméricos através da reação de oxidação. Devido o óleo de
babaçu ter grande potencial na produção de biodiesel, no presente trabalho foi
determinada a estabilidade oxidativa do mesmo, através do Petro-OXY e do Rancimat. Os
dados do período de indução oxidativa corroboram a boa estabilidade do óleo de babaçu
(15 horas no Petro-OXY e de acima de 27 horas no Rancimat).

PALAVRAS CHAVES: estabilidade oxidativa, babaçu, biodiesel.

INTRODUÇÃO: O óleo de babaçu é constituído por ácidos graxos saturados e insaturados sendo que o
ácido láurico (C 12:0) é predominante. Este fato parece facilitar a reação de
transesterificação, pois os ácidos láuricos possuem cadeias carbônicas curtas que
permitem uma interação mais efetiva com o agente transesterificante, de modo que se
obtém um produto com boas características físico-químicas (LIMA, 2007).
Informações da literatura sobre a viabilidade econômica para a produção de energia a
partir dos recursos da biomassa disponíveis no Brasil apontam o babaçu como uma
possível fonte sustentável de biomassa para a geração de biocombustíveis (TEIXEIRA,
2007).
A perda da estabilidade oxidativa de um óleo se deve às reações de oxidação dos
lipídios. A oxidação é um processo degradativo que ocorre quando o oxigênio
atmosférico ou aquele que está dissolvido no óleo reage com ácidos graxos insaturados
presentes (LIMA, 1995). O processo de oxidação pode ser favorecido e intensificado
pela incidência de luz, que atua como catalisador. Os ácidos graxos insaturados são
mais sensíveis à oxidação do que os saturados (MONFERRER e VILLALTA, 1993).
A estabilidade oxidativa é expressa como o período de tempo requerido para alcançar o
ponto em que o grau de oxidação aumenta abruptamente. Este tempo é chamado Período de
Indução, no qual é expresso em horas. Os métodos mais conhecidos para determinação da
estabilidade oxidativa são: Rancimat e PetroOXY (VELASCO, 2004). Como o período de
indução é relevante na avaliação da qualidade de um combustível, Este trabalho teve
como objetivo determinar a estabilidade oxidativa do óleo de babaçu, matéria prima
para a produção de biodiesel.

MATERIAL E MÉTODOS: O óleo vegetal utilizado neste trabalho foi extraído quimicamente das amêndoas de
babaçu (orbignya speciosa), provenientes da Embrapa Meio-Norte. Foram utilizadas
amêndoas de vinte, diferentes palmeiras de babaçu. Inicialmente, foi calculado o
índice de acidez que é o número de miligramas de KOH necessário para neutralizar os
ácidos graxos livres presentes em 1 grama de amostra.
A determinação do período de indução foi executada usando dois métodos, Petro-OXY e
Rancimat. Em Rancimat, o período de indução oxidativa foi determinado segundo a norma
EN 14112, em equipamento modelo 873, marca Metrohm, nas seguintes condições: 3 g de
óleo, isoterma de 110 ºC e fluxo de ar em 10 L/h. Uma curva de condutividade elétrica
x tempo é automaticamente plotada com o decorrer do teste, e o período de indução é
determinado em horas. No Petro-OXY, marca Petrotest 413, cinco (05) mL da amostra
foram aquecidos a 110 °C e pressurizado em atmosfera de oxigênio à 910 kPa. O final
da análise foi registrado quando se atinge o tempo necessário para a que a amostra
absorva 10 % da pressão de oxigênio à qual foi submetida no procedimento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir dos dados obtidos notou-se que as amêndoas de babaçu que obtiveram maior
rendimento em óleo(66,264±2,284%) foi o acesso 12, e o que obteve menor foi o acesso
13(57,537±0,513%). O acesso 10 apresentou o maior teor de umidade(3,736±0,027%) e o
acesso 1 menor teor de umidade(1,995±0,051%). Essa diferença do teor de umidade e de
lipídios entre os acessos pode ser explicada em consequência do tamanho da amêndoa,
pois cada acesso disponibilizado apresentava tamanho e formato diferentes. Na Figura
1 observa-se tanto a quantidade de amêndoa, amostra e óleo utilizada no processo de
extração, notou-se que a quantidade de óleo extraída foi adequada diante o método
utilizado, devido ao grande teor de lipídios encontrado nas amêndoas e ao baixo teor
de umidade.As análises de índice de acidez e a estabilidade oxidativa foram
realizadas com a mistura de óleo de todas as amostras. O óleo de babaçu apresentou
índice de acidez dentro dos limites para óleos refinados (inferior a 6 mg KOH g-1 de
óleo) (CHAVES et al., 2004), sendo um valor adequado para o preparo do biodiesel. O
índice de acidez calculado foi de 0,106, isso indica que observou-se um decréscimo no
conteúdo de ácidos graxos livres presentes no óleo, já que o índice de acidez mede a
quantidade de ácidos graxos livres e influencia o processo de envelhecimento do
biodiesel. O valor de acidez obtido pelo óleo de babaçu utilizado está de acordo com
os valores estabelecidos pela ANP(Agência Nacional de Petróleo).A análise em
triplicada da estabilidade à oxidação através do Rancimat a 110°C do óleo de babaçu
obteve média de 27,89hs e a estabilidade oxidativa pelo PetroOXY na temperatura de
110°C aconteceu em 15hs. Esses foram o período de tempo requerido para alcançar o
ponto em que o grau de oxidação ocorre rapidamente.



CONCLUSÕES: A partir dos dados obtidos podemos concluir que o óleo de babaçu in natura não precisa
ser neutralizado, pois a mesma possui um baixo índice de acidez. Podemos concluir
ainda, que o óleo de babaçu apresentou boa estabilidade oxidativa, tanto por Petro-OXY
quanto por Rancimat. Logo, pode-se concluir que esse óleo pode ser utilizado sem
problemas na produção de biodiesel.

AGRADECIMENTOS: LBM (Laboratório de Biodiesel e Materiais)-UFPI



EMBRAPA MEIO NORTE





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHAVES, M. H.; BARBOSA, A. S.; MOITA NETO, J. M.; AUED-PIMENTEL, S.; LAGO, J. H. G. Caracterização química do óleo da amêndoa de Sterculia striata ST. HIL. ET NAUD. Quim. Nova, v. 27, n. 3, p. 404-408, 2004.

LIMA, J. R. O.; SILVA, R. B.; SILVA, C. C. M.; SANTOS, L. S. S; MOURA, C. V. R.; MOURA, E. M. Biodiesel de babaçu (Orbignya sp.) obtido por via etanólica. Quim. Nova, 2007.

LIMA, J. R.; GONÇALVES, L.A.G. Avaliação analítica de óleos utilizados em processo de fritura. Boletim da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 29, n. 2, p. 186-192, 1995.

MONFERRER, A.; VILLALTA, J. La fritura desde un punto de vista práctico (I). Alimentación, Equipos y Tecnologia, [S.l.], v. 21, n. 3, p. 85-90, 1993.

TEIXEIRA, M. A.; CARVALHO, M.G. Regulatory mechanism for biomass renewable energy in Brazil, a case study of the Brazilian Babassu oil extraction industry. Energy, 32: 999, 2007.

VELASCO, J.; ANDERSEN, M.; SKIBSTED, L. H.; Evaluation of oxidative stability of vegetable oils by monitoring the tendency to radical formation. A comparison of electron spin resonance spectroscopy with the Rancimat method and differential scanning calorimetry. Food Chemistry, v. 85, p. 623-632, 2004.