ÁREA: Química Orgânica
TÍTULO: ATIVIDADE ALELOPÁTICA DE EXTRATOS DE PORAQUEIBA SERICEA TUL.
AUTORES: SOUZA, I. S.1 (IC) (UFPA) ; TAVARES, J. L.1 (PG) (UFPA) ; PAES, S. S.1 (IC) (UFPA) ; PACHECO, L. C.1 (IC) (UFPA) ; GUILHON, G. M. S. P.1 (PQ) (UFPA) ; SOUZA FILHO, A. P. S.2 (PQ) (UFPA) ; SANTOS, L. S.1 (PQ)* (UFPA)
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial alelopático de três extratos brutos das folhas da espécie Poraqueiba sericea Tul. frente a duas espécies de plantas invasoras de pastagens. Os bioensaios foram realizados na concentração de 1% m/v. Os resultados obtidos mais expressivos foram aqueles relacionados aos extratos acetato de etila e metanólico, que indicaram alto percentual de inibição, principalmente frente a inibição da germinação de sementes da espécie malícia (Mimosa pudica).
PALAVRAS CHAVES: alelopatia, poraqueiba sericea tul.,mimosa pudica.
INTRODUÇÃO: Alelopatia é o fenômeno em que metabólitos liberados por vegetais provocam algum efeito, direto ou indireto, maléfico ou benéfico sobre outras plantas (RICE, 1987). Esses metabólitos primários ou secundários podem ser liberados a partir de folhas, raízes ou pela decomposição de restos vegetais (TAIZ e ZEIGER, 2002). Tais metabólitos também são chamados de aleloquímicos (WHITTAKER, 1970) e segundo SOUZA FILHO (2006) um aleloquímico pode apresentar efeitos estimulatórios ou inibitórios, embora na literatura ocorra predominância de relatos comprovando os efeitos deletérios. Deste modo, com o intuito de conhecer melhor as espécies de plantas com atividades alelopáticas, buscou-se investigar neste trabalho tais propriedades nos extratos das folhas da espécie Poraqueiba sericea Tul. (Icacinaceae) conhecida vulgarmente como “mari” ou “umari” (FALCÃO e LHERAS, 1980), frente a duas espécies de plantas invasoras de pastagens, malícia (Mimosa pudica) e mata-pasto (Senna obtusifolia) nos ensaios de inibição de germinação de sementes e inibição do desenvolvimento da radícula e do hipocótilo.
MATERIAL E MÉTODOS: 2,5 kg da casca do caule de P. sericea foi seca, moída e submetida a extração a frio com Hexano (HEX), Acetato de etila (AcOEt) e Metanol (MeOH) por sete dias para cada solvente. Os extratos obtidos foram concentrados em evaporador rotativo e então preparou-se 100 mL de solução a 1% m/v de cada extrato, os quais foram submetidos a bioensaios de alelopatia frente as espécies invasoras de pastagens, utilizando como tratamento testemunha, água destilada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nos bioensaios de germinação das sementes frente a espécie mata-pasto, o extrato hexânico apresentou o percentual de inibição de 36% e 40% para a espécie malícia. O extrato AcOEt apresentou um percentual de inibição de 55% para a espécie mata-pasto e 93% para a malícia. Já o extrato MeOH, teve um percentual de inibição de 19% para o mata-pasto e 93% frente a malícia.
Nos bioensaios de desenvolvimento da radícula frente à espécie malícia, o extrato HEX apresentou efeito estimulador do crescimento, apresentando um percentual de aumento de 27%, enquanto que frente à espécie mata-pasto o mesmo extrato não foi efetivo. O extrato AcOEt apresentou efeito inibidor do crescimento de 45% frente a espécie mata-pasto, no entanto, o mesmo extrato não inibiu o crescimento da radícula da espécie malícia. Já o extrato MeOH, inibiu em 36% o desenvolvimento da radícula da espécie malícia e estimulou em 22% o desenvolvimento da espécie mata-pasto.
Nos bioensaios de desenvolvimento de hipocótilo, o extrato HEX inibiu o crescimento em 12% e estimulou o crescimento em 30%, respectivamente, das espécies mata-pasto e malícia. O extrato AcOEt apresentou os percentuais de inibição de 23% frente a espécie malícia e estimulou em 3% o desenvolvimento da espécie mata-pasto. O extrato MeOH apresentou os percentuais de inibição de 46% e 6% frente as espécies mata-pasto e malícia, respectivamente.
CONCLUSÕES: Os resultados apresentados nos bioensaios de alelopatia da espécie P. sericea Tul. foram significativos, principalmente com relação aos extratos AcOEt e MeOH. Esses resultados apontam a espécie em estudo como uma possível fonte de aleloquímicos e respaldam uma investigação fitoquímica para posterior bioensaios com as substâncias isoladas.
AGRADECIMENTOS: Ao Programa de Pós-graduação em Química-UFPA, a Embrapa Amazônia Oriental pela infra-estrutura e a CAPES pelo apoio financeiro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FALCÃO, M. A.; LHERAS, E. Aspectos fenológicos, ecológicos e de produtividade do umari (Poraqueiba sericea Tuslane). Acta Amazônica. 10(3), 445-462 (1980).
RICE, E.L. Allelopathy: an overview. IN: WALLER, G. R. Allelochemical, role in agriculture and forestry. Washington, D.C. American Chemical Society. 1987.
SOUZA FILHO, A. P. S. Planta Daninha. 24(3), 607-610 (2006).
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3 ed. Porto Alegre: Editorial Artmed, 2002. 319p.
WHITTAKER, R. H. The Biochemical Ecology of Higher Plants. In: Sondheimer, E., Simeone, J.B. (ed.) Chemical Ecology. Academic Press, New York, 1970, p.210- 240.