ÁREA: Química Tecnológica

TÍTULO: PRODUÇÃO DE BIODIESEL A PARTIR DA GORDURA EXTRAÍDA DAS VÍSCERAS DO PACU (PIARACTUS MESOPOTAMICUS).

AUTORES: ANJOS, D. F. DOS (IFMA) ; CORREIA, M. J. M. (IFMA) ; ARAÚJO, JEOVAN A. (IFMA) ; ARAÚJO, JOSIMAR A. (IFMA) ; ARAÚJO, T. P. (IFMA) ; VIEIRA, J. S. C. (IFMA)

RESUMO: As fontes de energias renováveis vêm ganhando importância no mundo inteiro, principalmente por reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Novas matérias-primas estão sendo pesquisadas para produção de biodiesel. Logo o presente trabalho, tem como objetivo produzir biodiesel da gordura das vísceras do Pacu (Piaractus mesopatamicus), comercializado na microrregião do Vale do Pindaré (MA). A metodologia consistiu em extrair gordura das vísceras por lavagem, filtração e aquecimento, para produção de biodiesel por rota metílica proporção 15%. Os resultados obtidos foram significantes para a utilização da gordura na fabricação de biodiesel com um rendimento de 84%. Com essa nova fonte de energia renovável para a produção de biodiesel proporcionará melhorias no índice de desemprego na região.

PALAVRAS CHAVES: biodiesel, gordura de peixe, pacu.

INTRODUÇÃO: Biocombustíveis são fontes de energia alternativas em relação aos derivados do petróleo. Eles surgiram a partir da preocupação do homem pela busca de fontes renováveis visando à redução da dependência de combustíveis fósseis. O Brasil tem grandes vantagens para produção de biodiesel em face de sua localidade geográfica, país situado em uma região tropical, com altas taxas de luminosidade e temperatura médias anuais, e grande disponibilidade hídrica, por isso, torna-se uma das grades potência de desenvolvimento de energia renovável. Novas fontes de matérias-primas para a produção de biodiesel vêm sendo pesquisadas, dentre elas: óleo residual de fritura, microalgas e gorduras animais (MELO, et al., 2010).
Uma das fontes de matéria-prima para produção de biodiesel encontra-se na criação de peixes na microrregião do Vale do Pindaré (MA), localidade que apresenta condições de novas rotas de produções de energias para obtenção de biodiesel. A cidade de Bom Jardim destaca-se pelo potencial de criação de peixes que possui grande diversidade de espécies, tais como, Tambaqui, Curimatã, Pacu etc. Dentre os diversos subprodutos proveniente da atividade, destaca-se o biodiesel, oriundo da transesterificação da gordura extraída do peixe Pacu. A escolha desta matéria-prima como fonte fornecedora para produção de biodiesel, deu-se pela quantidade de resíduos descartado do produto, que anualmente gera uma montanha de resíduos de aproximadamente 66,5 milhões toneladas métricas no mundo todo (DANTAS, et al., 2006), além de ser um dos peixes mais comercializado na região do Vale do Pindaré (MA). Neste contesto, o pressente artigo tem como objetivo, produzir biodiesel a partir da extração da gordura das vísceras do peixe Pacu pelo processo de transesterificação rota metílica proporção 15%.

MATERIAL E MÉTODOS: Primeiramente, a metodologia consistiu na extração de gordura das vísceras do peixe Pacu, onde foi coletada na cidade de Bom Jardim, armazenada com conservante e enviada ao Laboratório de Análise de Combustíveis do IFMA – Campus Zé Doca. A gordura passou por um processo tecnológico de extração de gordura das vísceras do peixe. Nas seguintes etapas: lavagem com água corrente para a eliminação de resíduos desnecessário para a obtenção da gordura pura, em seguida a massa da gordura Fo aquecida com temperatura superior a 100ºC para a evaporação da água presente proveniente da lavagem, depois passou por varias etapas de filtração com papel filtro, algodão e carvão ativado, finalizando um ultimo aquecimento a inferior a 100°C. Logo depois, a gordura foi deixada em repouso para assim dar contínuo ao processo de produção de biodiesel.
A transesterificação da gordura foi realizada com solução catalisadora de KOH (hidróxido de potássio) com Metanol na proporção de 15% (com 12% de KOH e 16% de Metanol) em relação à gordura obtida (320 mL de gordura). Durante 30 minutos foi agitada a solução de transesterificação, em temperatura ambiente. Após o processo reacional, a mistura foi transferida para um funil de decantação, onde foi mantida em descanso por 24 h para a obtenção da separação das fases do biodiesel. Os resíduos de glicerina resultante do processo de transesterificação foram eliminados. Posteriormente, o biodiesel produzido foi lavado três vezes, a primeira e segunda com solução de 0,1 e 0,5% de HCl (ácido clorídrico) e a terceira com água destilada, com o intuito de remover o excesso de álcool, KOH e impurezas da solução, além de passar pelo processo de purificação, o biodiesel foi submetido por um processo de desumidificação sob aquecimento de 100°C por 30 minutos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A gordura do peixe Pacu (Piaractus mesopatamicus) utilizado na produção de biodiesel, foi obtido a partir da extração das vísceras por um método convencional e alternativo de lavagem, aquecimento, filtração. Inicialmente a gordura bruta apresentava com muito resíduos e sangue proveniente dos restos dos peixes que foram eviscerados que são desnecessários para a obtenção da gordura pura, além de apresentar um forte odor de peixe. Depois do processo de extração e purificação, a gordura apresentava-se com textura grossa homogênea de cor pálida e sem resíduos e odor forte de peixe como apresentava antes do processo de filtração com papel filtro, algodão e carvão ativado (figura 1).
No processo de transesterificação da gordura obtida da extração das vísceras resultaram resíduos que apresentava uma mistura heterogênea, composto por glicerina binária e subproduto com propriedades iguais de um sabão, visto na figura 2. Na lavagem com ácido HCl e água destilada, obteve-se uma solução de coloração pálida amarelada que em seguida, foi submetida a um aquecimento de 100°C para eliminar resíduos de água proveniente da lavagem, neste processo de desumidificação a solução apresentava com características físicas de biodiesel com um forte pigmento amarelo, viscoso e límpido representado na figura 2. Depois do final da desumidificação foi calculado o rendimento do biodiesel pela formula do rendimento: (volume final/volume inicial) x 100%. O rendimento calculado corresponde a 84%, resultado considerado viável para a produção de biodiesel a partir da gordura extraída das vísceras do peixe Pacu (Piaractus mesopatamicus). Desta forma verifica-se que a gordura deste peixe pode ser considerada como uma nova fonte fornecedora de matéria-prima para produção de biodiesel.





CONCLUSÕES: Na contextualização da produção de Biodiesel, a gordura extraída das vísceras do peixe Pacu (Piaractus mesopatamicus) se torna uma fonte economicamente e ecologicamente viável para ser utilizada como fornecedora de energia renovável, principalmente na região do Vale do Pindaré (MA), onde a atividade pesqueira é considerada uma das principais fontes de renda que sustenta famílias das áreas urbanas e rurais da região, por isso a produção de biodiesel nesta região torna-se uma grande oportunidade de empregos que conseqüentemente, aumentará a renda das famílias que trabalham com a piscicultura.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: LIMA, A. E. A.; DANTAS, M. B.; ARAÚJO, K. L. G. V.; SILVA, M. C. D.; SANTOS, I. M. G.; CAVALCANTE, E. H. S.; SOUZA, A. G. Estudo Térmico do Biodiesel Etílico de Óleo de Peixe e Caracterização Físico-Química do Biodiesel e das Misturas, UFPB, 2006.

LIMA, A. E. A.; ARAÚJO, K. L. G. V.; DANTAS, Manoel. B; VASCONCESLOS, A. F. F.; CONCEIÇÃO, M. M; SILVA, F. C.; SILVA, M. C. D.; SANTOS, I. M. G.; SOUZA, A. G. Potencialidade do Óleo de Peixe para Produção de Biodiesel Etílico, UFPB, 2006.

MELO, G. O.; DRUMMOND, A. R. F.; PEREIRA, F. S. G.; MELO, J. A.; ALENCAR, R.; DANTAS, D. M. M.; GÁLVEZ, A. O. Biodiesel de Óleo de Peixe uma Alternativa para Regiões Semi-Áridas, IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB, 2010.