ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS MÉIS DE AROEIRA E ALECRIM PRODUZIDOS POR APIS MELLIFERA NO CEARÁ

AUTORES: LIBERATO, M.C.T.C. (UECE) ; MORAIS, S.M. (UECE) ; SILVA, A.M. (UECE) ; NOJOSA, A.C.B. (UECE)

RESUMO: O mel é produzido por abelhas melíferas a partir do néctar de flores, coletado por elas ao redor das colméias, tendo, portanto, sua composição dependente da origem floral. Desde os primórdios da humanidade, ele tem sido usado não só como alimento, mas também na medicina popular. No Ceará, uma grande variedade de plantas nativas são usadas pelas abelhas para produção de mel. Myracrodruon urundeuva Allemão (Anacardiaceae) e Lippia sidoides Cham. (Verbenaceae) são plantas nativas do Nordeste Brasileiro e usadas na medicina tradicional. O objetivo desse trabalho foi testar os méis das flores dessas plantas produzidos por Apis mellifera contra os micoorganismos Staphylococcus aureus e Candida albicans. Os resultados obtidos quanto à inibição do crescimento dos microorganismos foram excelentes.

PALAVRAS CHAVES: mel, apis mellifera, atividade antimicrobiana

INTRODUÇÃO: O mel é um produto obtido a partir do néctar coletado das flores e processado pelas abelhas melíferas. Sua composição é variável dependendo do tipo de planta, do clima e condições ambientais. Assírios, Gregos, Egípcios e Chineses usaram o mel para sarar feridas e curar doenças do estômago (1). A propriedade antibacteriana do mel foi inicialmente reconhecida em 1892, por van Ketel (2) e seu uso para tratamento de queimaduras, problemas gastrointestinais, asma, feridas infectadas, e úlceras da pele, foi redescoberto atualmente (3). O mel exibe um espectro de propriedades terapêuticas bastante amplas, incluindo atividades antibacteriana e antifúngica, entre outras (4). Os méis das flores de Myracrodruon urundeuva Allemão e Lippia sidoides Cham. foram usados nesse estudo. M. urundeuva Allemão é uma planta nativa no Nordeste do Brasil, popularmente conhecida no Ceará, como “aroeira do sertão”. A espécie é largamente empregada na medicina popular para tratar afecções cutâneas e ginecológicas, além de problemas do aparelho urinário e até das vias respiratórias. L. sidoides Cham., popularmente conhecida como “alecrim pimenta”, é uma planta odorífera nativa da região Nordeste do Brasil. Na medicina popular as partes aéreas dessas plantas são usadas como um agente anti-infeccioso, particularmente como um antisséptico (5). O objetivo desse trabalho foi testar os méis das flores de aroeira e de alecrim pimenta produzidos por Apis mellifera no Ceará contra a bactéria Staphylococcus aureus e o fungo Candida albicans.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram usadas amostras de méis de M. urundeuva Alemão (aroeira do sertão) oriundo da cidade de Tauá, e L. sidoides Cham. (alecrim pimenta) oriundo da cidade de Monsenhor Tabosa produzidos por Apis mellifera no Ceará. Os microorganismos usados foram Staphylococcus aureus (ATCC 9144) e Candida albicans (ATCC 10231). A análise da atividade antimicrobiana foi realizada utilizando-se 1mL de amostra e efetuando-se diluição em 10mL de água destilada com agitação, em tubo de ensaio. Foram realizadas 20 diluições, sendo levadas em tubos de Durham para observação de formação de bolhas ou turvação. As diluições foram autoclavadas a 35°C, temperatura ótima para o crescimento de bactérias e fungos. Os 20 tubos de ensaio foram colocados em estufa bacteriológica por 24hs, a 35°C. Para a comprovação da existência ou não de microorganismos nas amostras foi feito um espalhamento em placa de cada primeira diluição, utilizando-se para S. aureus o meio seletivo Baird Parker e para C. albicans o meio seletivo Agar batata. Em seguida as amostras foram colocadas em estufa bacteriológica por 24hs, sendo então observados os resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A composição dos méis varia de acordo com suas origens florais. Embora os principais constituintes sejam os mesmos em todos os méis, ácidos fenólicos, flavonóides, etc. variam dependendo de suas fontes botânicas. M. urundeuva tem entre seus constituintes taninos e chalconas, enquanto L. sidoides tem como principais constituintes o carvacrol e o timol (5). Os resultados da 1ª análise antimicrobiana, onde a concentração 1:10 serviu como parâmetro de concentração inibitória, foram satisfatórios pois foi observado que nas diluições feitas nos tubos e deixadas em estufa bacteriológica por 24 hs, não houve surgimento de turvação e nem de formação de bolhas, indicando uma boa inibição no crescimento dos microorganismos testados. Na confirmação usando o teste de espalhamento em placa, não houve crescimento de colônias nem de S. aureus nem de C. albicans, nas placas. Os resultados indicam que os méis de flores de M. urundeuva oriundo da cidade de Tauá e das flores de L. sidoides oriundo da cidade de Monsenhor Tabosa, produzidos por Apis mellifera, testados nesse trabalho impediram o crescimento dos microorganismos analisados.

CONCLUSÕES: Foram obtidos excelentes resultados na inibição de S. aureus e C. albicans usando-se méis das flores de M. urundeuva (aroeira do sertão) e de L. sidoides (alecrim pimenta), produzidos por Apis mellifera no Ceará.

AGRADECIMENTOS: Ao SEBRAE-CE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1ZUMLA, A., LULAT, A., J. R. Soc. Med., 1989, 82
2DUSTMANN, J. H., Apiacta 1979, 14
3KÜÇÜK, M.; KOLAYH, S.; KARAOĞLU, Ş.; ULUSOY, E.; BALTACI, C.; CANDAN, F.; F. Chem., 2007, 100.
4SWELLAM, T., MIYANAGA, N., ONOZAWA, M., HATTORI, K., KAWAI, K., SHIMAZUI, T., e AKAZA, H., Inter. J. Urol., 2003, 10.
5MATOS, F. J. A., Rev Bras Farm, 1998, 79.