ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: Fenóis totais e atividade antioxidante de Myracrodruon urundeuva Fr. All Allemao e Schinus terebinthifolius Raddi

AUTORES: OLIVEIRA, C. S. C. (UFBA) ; PEREIRA, E. P.L. (UFBA) ; RIBEIRO, P. R. (UFBA) ; LOUREIRO, M. B. (UFBA) ; DE CASTRO, R.D. (UFBA ) ; FERNANDEZ, L.G. (UFBA)

RESUMO: RESUMO:Extratos de distintas partes botânicas das “aroeiras” têm sido estudados devido o poder antioxidante, que pode ser atribuído ao conteúdo de compostos fenólicos. Neste contexto analisou-se a atividade antioxidante e fenóis totais de extratos de caule, casca e folha de Myracrodruon urundeuva (Aroeira Preta) e Schinus terebinthifolius (Aroeira Vermelha). Para a determinação da atividade antioxidante utilizaram-se extratos preparados com etanol a 96%, enquanto que para os compostos fenólicos as amostras foram maceradas em nitrogênio liquido e preparo de extratos em metanol á 80%. A análise dos resultados demonstrou que os extratos das folhas de S. terebinthifolius têm maior atividade antioxidante comparado a M. urundeuva, enquanto que os fenólicos totais desta última foram superiores.

PALAVRAS CHAVES: palavras- chaves: aroeira preta, aroeira vermelha, plantas medicinais.

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem incentivado o uso de plantas medicinais nos sistemas de saúde de forma a integrar às técnicas da medicina ocidental moderna e da medicina tradicional, contudo, a mesma Organização destaca a necessidade de garantir a segurança, a eficácia e a qualidade destes medicamentos (BARATA 2003).
Encontra-se na relação de plantas medicinais estudadas pela OMS as espécies conhecidas como “aroeira”, dentre elas podem-se destacar dois gêneros: Myracrondruon e Schinus ambos representantes arbóreos da família Anacardiaceae, que são utilizados popularmente na forma de infusões e xaropes como adstringentes, antiinflamatórias e afecções uterinas, em geral, sendo empregados para tal as cascas, folhas e frutos/sementes (VIANA et al., 1995).
Considerando a importância dos compostos fenólicos demonstrado nas atividades antimutagênica e antiviral e o intuito de avaliar produtos naturais com alto teor de atividade antioxidante, ou seja, compostos que atuam inibindo e/ou diminuindo os efeitos desencadeados pelos radicais livres, podendo estes ser enzimáticos ou não, tais como:alfa -tocoferol (vitamina E),beta-caroteno, ascorbato (vitamina C) e os compostos fenólicos (flavonóides) (HALIWELL, 2001; SOUSA et al., 2007), as pesquisas tem se voltado cada vez mais aos estudos com fitoterápicos, que podem ser utilizados isoladamente ou em associação com produtos sintéticos (SHIRAHIGUE, 2008).


Neste contexto, o objetivo deste trabalho consistiu em avaliar comparativamente a atividade antioxidante e os fenólicos totais de extratos de folhas, cascas e caule de M. urundeuva (aroeira preta) e S. terebinthifolius (aroeira vermelha) provenientes de Pernambuco e Bahia, respectivamente.



MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: Inicialmente determinou-se o teor de água das partes botânicas folhas, caule e cascas das duas espécies estudadas, utilizando-se secagem em estufa entre 80 a 105ºC ± 3ºC até peso constante, conforme a metodologia proposta nas Regras para Análise de Sementes (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2009). Foram preparados extratos etanólicos á 96% destas amostras com auxílio de Soxhlet e rotaevaporador, para posterior análise da atividade antioxidante em triplicatas, nas concentrações de 250 µg/mL, 125 µg/mL, 62,5 µg/mL e 31,25 µg/mL, utilizando-se ácido ascórbico como padrão e o método da atividade seqüestradora do radical livre 2,2- difenil-1-picril-hidrazila (DPPH). Determinaram-se os valores de EC50, concentração do extrato capaz de reduzir a absorbância do DPPH a 50% da inicial, que foram obtidos por regressão linear. Para a quantificação dos compostos fenólicos totais utilizou-se a metodologia proposta por Folin-Ciocalteau (1927) modificado por Arnaldos et al. (2001), pesando-se 0,10 g de cada amostra, em triplicatas, nas quais foram realizadas cinco extrações sucessivas com 2,0 mL de metanol á 80%. Após cada extração, o sobrenadante foi coletado em tubo falcon para em seguida ser depositado em balão volumétrico 10,0 mL, completados o seu volume com água destilada. As amostras foram mantidas a temperatura ambiente durante 30 minutos e realizada a leitura no espectrofotômetro UV-VIS (Analyser 850M) a 760 nm, preparando a curva padrão de acido gálico nas concentrações de 2, 4, 8, 10, 15 e 30,0 µg/mL e utilizando-se água destilada como branco.









RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos na determinação dos fenóis totais, expressos em µg/mL de extrato bruto, e os valores de EC50 são apresentados na Tabela 1. A análise dos resultados demonstrou que os extratos etanólicos de folhas da S. terebinthifolius tem maior atividade antioxidante quando comparados com os extratos de folha, casca e caule de M. urundeuva, entretanto os extratos de folha desta última apresentaram maior concentração de fenóis totais, estando de acordo com o descrito por Queiroz (2002).Todos os extratos avaliados apresentaram altos teores de compostos fenólicos, quando comparados a dados de extratos de folha (µg/mL) de outras espécies: T. brasiliensis (667,90); C. macrophyllum (483,63); T. fagifolia (439,38); Q. grandiflora (394,90) e para casca de T. brasiliensis (763,63) descritos em SOUSA, C. (2007). A menor concentração de fenólicos totais foi do extrato de casca da M. urundeuva e a maior concentração, dos extratos de folhas da S. terebinthifolius. Verificou-se correlação inversa entre os fenóis totais e EC50 dos extratos analisados, conforme mostrado na figura 1, excetuando os extratos de folhas da aroeira vermelha que não seguem este comportamento. O valor do coeficiente de correlação, entre as variáveis (r=0,798) indica uma correlação positiva perfeita, conforme figura 1. Estas análises sugerem que outros biocompostos contribuíram mais efetivamente para a ação seqüestradora de radicais livres nos extratos destas espécies e que não foram compostos fenólicos. Considerando que substâncias naturais podem ser responsáveis pelo efeito de proteção contra os riscos de muitos processos patológicos, os resultados descritos neste trabalho estimulam a continuidade dos estudos para avaliação, separação e identificação de biomoléculas ativas .





CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Os extratos etanólicos de casca, folhas e caule de S. terebenthifolius apresentaram Ec50 de atividade antioxidantes altas , enquanto que os extratos de M. urundeuva foram com menores concentrações. Os extratos de folha de M. urundeuva apresentaram alto teor de fenólicos totais comparados com a S. terebenthifolius. Estas espécies têm potencial biotecnológico para estudos visando à produção de fitofármacos.

AGRADECIMENTOS: AGRADECIMENTOS: Ao CNPq e RENORBIO pelas bolsas do projeto de nº 54839/2006-7 e suporte financeiro e a Universidade Federal da Bahia (UFBA).




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: AMERINE, M. A.; OUGH, C.S. Análisis de vinos y mostos. Zaragoza: Acribia, 1975. ARNALDOS, T. L. et al. Changes in phenol content during strawberry (Fragaria xananasa, cv. Chandler) callus culture. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v.113, p. 315-322, 2001. BARATA, GERMANA. Medicina popular obtém reconhecimento científico. Ciencias e Cultura [online], v. 55, n. 1, pp. 12-12. ISSN 0009-6725, 2003. FOLIN, O.; CIOCALTEAU, V. On tyrosine and tryptophane determination in proteins, Journal of Biology and Chemistry, Bethesda, v. 73, p. 627- 150,1927. QUEIROZ ,C.R. A. A., MORAIS, .S. A. L., NASCIMENTO, E. A.O. CARACTERIZAÇAO DOS TANINOS DA AROEIRA-PRETA (Myracrodruon urundeuva) ; R. Árvore, Viçosa-MG, v.26, n.4, p.485-492, 2002.HALLIWELL B. Free radicals and other reactive species in disease. In: Encyclopedia of Life ciences. Nature Publishing Group, p. 1-7, ISBN 978, 2001. KÄHKÖNEN, M. P.; HOPIA, A. I.; VUORELA, H. J.; RAUHA, J.-P.; PIHLAJA, K.; KUJALA, T. S.; HEINONEM, M.; J. Agric. Food Chem., 47, 3954,1999. Regras para análise de sementes / Ministério da Agricultura, Pecuária e bastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. –Brasília: Mapa/ACS, 399 p. 2009. SOUSA, C.M. M., SILVA HILRIS, R. E, VIEIRA-JR ,G. M., AYRES ,M. C. C., CHARLLYTON ; COSTA ,L.S. S. , ARAÚJO, D. S, CAVALCANTE,L. C. D., BARROS, E. D.L S.; ARAÚJO, P. B. M., BRANDÃO M.A S. E CHAVES ,M. H. - FENÓIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE CINCO PLANTAS MEDICINAIS – Quimica Nova, Vol. 30, No. 2, 351-355, 2007. SOUZA TJT, APEL MA, BORDIGNON S, MATZENBACHER NIZUANAZZI JAS, HENRIQUES AT Composição química e atividade antioxidante do óleo volátil de Eupatorium polystachyum DC. Revista Brasileira de Farmacognosia, 17: 368-372 2007. SHIRAHIGUE, L.D. Caracterização química de extratos de semente e casca de uva e seus efeitos antioxidantes sobre carne de frango processada e armazenada sob refrigeração. Disponivel em: http://www.ibict.br. Acesso em 06 de julho de 2010. VIANA, G. S. B. Aroeira-do-sertão: estudo botânico, farmacognóstico, químico e farmacológico. Fortaleza, Universidades Federais do Ceará, 164p, 1995.