ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: Avaliação da atividade antidiabética de preparação popular da entrecasca de Vatairea macrocarpa usada no estado de Mato Grosso
AUTORES: MOREIRA-SANTOS, R.D. (UFMT) ; DECHANDT, C.R.P. (UFMT) ; BAVILONI, P.D. (UFMT) ; LOPES, C.F. (UFMT) ; KAWASHITA, N.H. (UFMT) ; BAVIERA, A.M. (UFMT)
RESUMO: Atualmente existe um número crescente de estudos que tentam comprovar a eficácia farmacológica de espécies vegetais para o tratamento do Diabetes. Estudo prévio de nosso laboratório demonstrou que o extrato bruto etanólico de Vatairea macrocarpa possui atividade antidiabética em modelo experimental de diabetes em ratos. O objetivo deste trabalho foi verificar se a preparação popular da entrecasca de V. macroparpa apresenta resultados similares aos anteriormente observados com o extrato etanólico. O tratamento de ratos diabéticos com a preparação popular de V. macrocarpa não promoveu os mesmos efeitos benéficos observados com o extrato etanólico da planta. Este trabalho demonstra que a forma de preparo é importante na promoção dos efeitos farmacológicos vinculados às plantas medicinais.
PALAVRAS CHAVES: vatairea macrocarpa, diabetes mellitus, atividade antidiabética
INTRODUÇÃO: A Vatairea macrocarpa, que pertence à família Leguminosae, é uma espécie vegetal típica do Cerrado; é conhecida como “angelim do cerrado”, “amargoso” e tem sido popularmente usada no estado de Mato Grosso no tratamento do Diabetes. Em estudo prévio de nosso laboratório (Oliveira et al., 2008) foi demonstrado que o tratamento de ratos diabéticos com extrato bruto etanólico de V. macrocarpa promove melhoria em parâmetros fisiológicos e bioquímicos alterados no Diabetes. No entanto, a forma de preparo desta planta utilizada pela população é obtida através de maceração da entrecasca com o vinho branco seco, sendo o tratamento realizado através da ingestão desta preparação três vezes ao dia. O potencial antidiabético desta forma de preparo de V. macrocarpa ainda não havia sido comprovado experimentalmente. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade antidiabética da preparação popular de entrecasca de V. macrocarpa em ratos diabéticos.
MATERIAL E MÉTODOS: 100g da entrecasca de V. macrocarpa foram macerados em 100mL de vinho branco seco, durante 7 dias, sendo a preparação obtida usada nos experimentos. Ratos Wistar machos (180-200g) foram submetidos ao diabetes experimental (estreptozotocina 40mg/kg, i.v.) e divididos nos grupos: diabético tratado (DT) com a preparação popular de V. macrocarpa (1mL a cada 100g de peso do animal) durante 24 dias, e diabético controle (DC) que receberam veículo. Durante todos os dias de tratamento foram verificados peso corporal e ingestão hídrica e alimentar e a cada 5 dias foram coletados sangue e urina para determinação de glicose plasmática e glicose e uréia urinárias. Após os 24 dias de tratamento, os animais foram anestesiados e sacrificados para coleta dos tecidos adiposos (perirenal, epididimal e retroperitoneal), dos músculos (soleus e EDL) e fígado. Após a coleta dos tecidos, também foram determinados os conteúdos de glicogênio e lipídeos hepáticos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Apesar de os animais do grupo DT apresentarem um aumento de 15% na ingestão alimentar em relação ao grupo DC (DT=920±28g vs DC=807±32g, total de ração consumida no período de 24 dias), o tratamento com a preparação popular da entrecasca de V. macrocarpa não promoveu melhoria nos demais parâmetros fisiológicos e bioquímicos avaliados. Além disso, o tratamento promoveu aumento de 24% nos valores de uréia urinária e de 23% no conteúdo de lipídeo hepático no grupo DT, em relação ao DC.
CONCLUSÕES: De acordo com os resultados observamos que a preparação popular de V. macrocarpa não apresentou atividade antidiabética em modelo experimental de diabetes em ratos. Concluimos que: 1) a forma de preparo tem extrema importância na promoção dos efeitos farmacológicos vinculados às plantas medicinais, uma vez que o tratamento com extrato bruto etanólico da planta promoveu melhorias no diabetes experimental em ratos; 2) a ausência de efeito da preparação popular da planta em animais não descarta a possibilidade de efeitos benéficos deste tratamento em humanos.
AGRADECIMENTOS: Apoio técnico: Air Francisco Costa
Apoio financeiro: UFMT, CPP/CNPq.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Oliveira H.C., dos Santos M.P., Grigulo R., Lima L.L., Martins D.T., Lima J.C., Stoppiglia L.F., Lopes C.F., Kawashita N.H. Antidiabetic activity of Vatairea macrocarpa extract in rats. J Ethnopharmacol. 115(3): 515-519, 2008.