ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: CONSTITUINTES VOLÁTEIS DE Xylopia nitida DUNAL (ANNONACEAE)

AUTORES: VIEIRA, M. G. S. (UFC) ; QUEIROZ, V. A. (UFC) ; FREITAS, J. V. B. (UFC) ; GOMES, C. L. (UFC) ; COSTA NETO, A. (UFC) ; SILVEIRA, E. R. (UFC) ; GRAMOSA, N. V. (UFC)

RESUMO: RESUMO: Xilopia nitida, conhecida popularmente como embira-branca, é uma espécie pertencente à família Annonaceae, vastamente distribuída na região da serra do Araripe. O objetivo principal deste trabalho é o de contribuir para o conhecimento químico de espécies do gênero Xylopia. O estudo dos óleos essenciais das folhas, raízes, caule e casca do caule de X. nitida resultou na identificação de 77 constituintes, correspondendo a mais de 94% da composição de cada óleo. Na análise dos óleos constatou-se a presença de monoterpenos, sesquiterpenos e diterpenos. O estudo da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais foi avaliada contra dois microorganismos S. aureus e P. aeruginosa, sendo que apenas o primeiro foi susceptível ao ensaio.

PALAVRAS CHAVES: xylopia nitida, óleos essenciais, annonaceae

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: A família Annonaceae é representada por plantas tropicais a subtropicais, compreendendo aproximadamente 2.100 espécies distribuídas em 130 gêneros em todo o mundo (MARTINS, 1996), estando presente principalmente na África, Ásia, Américas Central e do Sul até a Austrália (EKUNDAYO, 1989). Dentro da família Annonaceae, os gêneros com o maior número de espécies são Annona e Xylopia, sendo este último freqüente nas matas do litoral e nos cerrados (JOLY, 1977). As atividades antibacteriana e antifúngica dos óleos essenciais das folhas de Polyalthia longifolia foram relatadas por Jain (1971, 1972), enquanto que os óleos essenciais de X. aethiopica e X. sericea apresentaram atividade antimicrobiana (BROPHY, 1998). A maioria dos estudos dos óleos essenciais relacionados com espécies do gênero Xylopia refere-se ao fruto (CÂMARA, 1996). O óleo essencial das folhas de X. nitida (embira-branca) foi anteriormente obtido e analisado por Maia (2005). O composto majoritário encontrado no óleo essencial de X. nitida foi gama-terpineno (44,1%), p-cimeno (13,7%), alfa-terpineno (12,6%) e limoneno (11,3%). Esta é o primeiro relato da análise dos óleos essenciais das raízes, caule e casca do caule de X. nitida. O objetivo principal deste trabalho é contribuir para o conhecimento químico de espécies do gênero Xylopia.

MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: As folhas, caule e raízes de Xylopia nitida foram coletadas na Serra do Araripe, Crato, no estado do Ceará. As amostras das folhas (105 g), raízes (424 g), caule (470 g) e casca do caule (270 g) de X. nitida foram acondicionadas separadamente em balões de 5 L, juntamente com cerca de 2 L de água destilada e submetidas a hidrodestilação por 2 h. Após terminada a extração, a fase orgânica foi separada do hidrolato, seca com sulfato de sódio anidro e posteriormente filtrada, obtendo-se os óleos essenciais. Os constituintes químicos voláteis foram identificados através dos espectros de massa, índices Kovats corrigidos e comparação com espectros de massas de substâncias armazenados em banco de dados e da literatura (ADAMS, 2001), bem como, aplicando-se uma série homóloga de n-alcanos nas mesmas condições usadas para a injeção dos óleos essenciais. A análise quantitativa dos componentes voláteis das raízes, folhas, casca do caule e caule de X. nitida foi realizada através de um cromatógrafo gasoso acoplado a um detector de ionização por chama. A investigação da atividade antimicrobiana dos óleos essenciais foi realizada segundo a técnica de difusão em discos descrita por Bauer e colaboradores (BAUER et al., 1966). Duas cepas de bactérias foram utilizadas: uma Gram-positiva (Staphylococcus aureus ATCC 25923) e uma Gram-negativa (Pseudomonas aeruginosa ATCC 9027). Para controle positivo foi utilizado o antibiótico Ciprofloxacina (CECON) a 5 µg por disco.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: O estudo dos constituintes voláteis de X. nitida foi realizado a partir dos óleos essenciais obtidos das raízes (OEXNR), folhas (OEXNF), casca do caule (OEXNCC) e caule (OEXNC). Os rendimentos (m/m) dos óleos obtidos foram, 0,32; 0,08; 0,003 e 0,11%, respectivamente. O OEXNR apresentou um número maior de constituintes (51 ao todo) sendo estes monoterpenos, sesquiterpenos e diterpenos. O OEXNF e OEXNCC também apresentaram mono, sesqui e diterpenos, sendo os sesquiterpenos os constituintes predominantes. O OEXNC não apresentou monoterpenos, apenas sesqui e diterpenos. O diterpeno traquilobano foi identificado em todas as partes da planta. Como é relatado na literatura, o gênero Xylopia é rico em diterpenos inclusive os de esqueleto traquilobânico. Os componentes majoritários de OEXNR foram: cis-m-menta-2,8-dieno, traquilobano e trans-m-menta-2,8-dieno. O OEXNF teve como majoritários os compostos: espatulenol, guaiol e óxido de cariofileno. OEXNCC apresentou como majoritários: guaiol, bulnesol e beta-pineno. Por fim, o OEXNC apresentou como compostos majoritários: guaiol, ácido hexadecanóico e bulnesol. Maia et al. (2005) que procedeu a extração e análise do óleo essencial das folhas (OEF) de X. nitida coletada ao nordeste do estado do Pará, Brasil. Neste trabalho, Maia et. al. identificaram 22 constituintes químicos, onde os compostos majoritários foram gama-terpinoleno, p-cimeno e alfa-terpineno. Estes componentes não estão presentes em OEXNF. Dos óleos essenciais testados nenhum apresentou atividade sobre P. aeruginosa, porém contra S. aureus, os óleos da casca do caule e da raiz apresentaram um halo de inibição de 23,5 e 18,0 mm, respectivamente, um resultado promissor visto que o padrão ciprofloxacina apresentou um halo de 24,0 mm.





CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: Foram encontradas diferenças significativas na composição dos óleos essenciais das folhas do Ceará e do Pará (Maia et al., 2005), que são aceitos devido as diferenças climáticas e de solo inerente a cada região. Dados da literatura revelam que óleos essenciais de Xylopia apresentam atividade antimicrobiana (BROPHY, 1998), estando de acordo com o resultado obtido para OEXNCC e OEXNR contra P. aeruginosa. Novos testes com outras cepas estão sendo realizados para a avaliar melhor o potencial bactericida de X. nitida.

AGRADECIMENTOS: Ao CNPq, FUNCAP, FINEP, PRONEX e CAPES pelo apoio financeiro e pelas bolsas concedidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ADAMS, R. P. 2001. Identification of Essential Oil Components by Gas Chromatography/Quadrupole Mass Spectroscopy, Allured Publishing Corporation: Illinois.
BAUER, A. W.; KIRB, W. M. M.; SHERRIS, J. C.; TURCK, M. 1966. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. American Journal of Clinical Phatology, 45, 493.
BROPHY, J. J.; GOLDSACK, R. J. 1998. The essential oils of the Australiane species of Xylopia (Annonaceae). Journal of Essential Oil Research, 10, 469–472.
CÂMARA, C. A. G.; ALENCAR, J. W.; SILVEIRA, E. R. 1996. Volatile constituents of Xylopia sericea St. Hill. Journal of Essential Oil Research, 8, 75-78.
EKUNDAYO, O. 1989. A Review of the volatile of the Annonaceae, Journal of Essential Oil Research, 1, 223-245.
JAIN, S. R.; JAIN, M. R. 1972. Anti-fungal studies on some indigenous volatile oils and their combinations. Planta Medica, 22, 136-139.
JAIN, S. R.; KAR, H. 1971. The Anti-bacterial activity of some essential oils their combinations. Planta Medica, 20, 118-123.
JOLY, A. B. 1977. Botânica – Introdução à Taxonomia Vegetal. 4 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 218-383.
MAIA, J. G. S.; ANDRADE, E. H. A.; da SILVA, A. C. M.; OLIVEIRA, J.; CARREIRA, L. M. M.; ARAUJO, J. S. 2005. Leaf volatile oils from four Brazilian Xylopia species. Flavour and Fragrance Journal, 20, 474-477.
MARTINS, D. 1996. Alcalóides, Flavonóides e Terpenóides de Xylopia aromatica, Vol. 1, Tese de Doutorado. Instituto de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo-SP.
PONTES, W. J. T.; OLIVEIRA, J. C. S.; CÂMARA, C. A. G.; GONDIM-JÚNIOR, M. G. C.; OLIVEIRA, J. V.; SCHWARTZ, M. O. E. 2007. Atividade acaricida dos óleos essenciais de folhas e frutos de Xylopia sericea sobre o ácaro rajado. Quimica Nova, 30, 838.