ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE Coutarea hexandra (JACQ.) K. SCHUM. (RUBIACEAE)
AUTORES: SANTOS, S. M. (UFPE) ; SILVA, C. C. (UFPE) ; SANTANA, R. A. (UFPE) ; PLASTINO, P. J. (UFPE) ; ALBUQUERQUE, J. F. C. (UFPE) ; SENA, R. X. F. R. (UFPE)
RESUMO: Coutarea hexandra (Jacq.) K. Schum. (Rubiaceae) é uma planta conhecida por quina-quina, quina branca, quina etc. Ocorre da Amazônia até São Paulo, nas florestas pluviais Amazônica e Atlântica. É utilizada como planta ornamental devido o porte médio. Suas cascas são usadas como medicinais para diversos tipos de doenças como antiinflamatória, abortiva e diurético. O objetivo desse estudo foi verificar se as cascas contêm ação antimicrobiana. O extrato etanólico das cascas foi submetido a testes qualitativos de difusão em discos para nove microrganismos de diferentes classes: Gram-positivos, Gram-negativos, álcool ácido-resistentes e leveduras. O extrato etanólico apresentou substâncias ativas, para bactérias Gram-positivas, e Levedura. Foi inativo para todos os microrganismos Gram-negativos.
PALAVRAS CHAVES: coutarea hexandra, quina-quina, atividade antimicrobiana
INTRODUÇÃO: Este trabalho teve como objetivo determinar a ação antimicrobiana das cascas da Coutarea hexandra (Rubiaceae) por ser uma planta de interesse medicinal conhecida popularmente como quina-quina, quina branca, quineira, amora do mato, murta do mato. No nordeste recebe a denominação de quase todos os estados, exemplo, quina de Pernambuco, quina do Piauí etc. Altura de 4 a 5 metros com copa globosa, tronco curto medindo de 15 a 20 centímetros de diâmetro, folhas simples, opostas cruzadas, com nervuras proeminentes. É portadora de poucas flores sendo de forma tubulares na cor rosa, possui frutos em cápsulas, com bastantes sementes. Ocorre da Amazônia até São Paulo, nas Florestas pluviais Amazônica e Atlântica. A madeira é usada para confecção de cabo de pequenas ferramentas, assim como para lenha e carvão. Árvore ornamental, muito usada em paisagismos. Ocorre com baixa freqüência ao longo de sua área de sobrevivência. É considerada árvore rara, devido à quase destruição de sua população para fins medicinais. As sementes são consideradas de baixa taxa de germinação quando colocadas em canteiros e também são muito destruídas por predadores. Floresce de Julho a Agosto e os frutos amadurecem de Setembro a Outubro (LORENZI, 2009). O chá de sua entrecasca tem propriedades medicinais, é muito utilizado como diurético, abortivo (ALMEIDA et al., 1990). antiinflamatório e no combate a dores de modo geral. Foram pesquisados alguns estudos fitoquímicos mostrando a presença de flavonóides (REHER, et al. 1983; DELLEMONACHE, 1989) e cumarinas (DELLEMONACHE 1990; AQUINO et al; 1988; D’AGOSTINO et al, 1980). Outros estudos sobre suas propriedades farmacológicas prosseguiram com pesquisas sobre atividade in vitro antimalárica (NOSTER; KRAUS, 1990), hipoglicemiante (BARBOSA-FILHO et al., 2005).
MATERIAL E MÉTODOS: As cascas foram colhidas em Terra Nova Distrito de Guarani próximo à BR 232, Pernambuco. O material foi seco à temperatura ambiente protegido de possíveis danos ambientais ou causados por predadores. A seguir foram moídas extraídas com etanol três vezes consecutivas. O solvente foi evaporado pesado e submetido à testes para determinar a atividade antimicrobiana. Foram testados nove microrganismos de diferentes classes: Gram-positivos Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Bacillus subtilis, e Enterococcus faecalis; Gram-negativos Pseudomonas aeruginosa, Esherichia coli, e Serratia marcescens; microrganismo álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis, e a levedura Candida albicans. A atividade antimicrobiana foi avaliada qualitativamente pelo método convencional de difusão em disco de papel. Discos de 6 mm de diâmetros foram impregnados com 10µL/mL de soluções dos produtos à concentração de 30000µg/mL. Os discos foram colocados sobre a superfície do meio Müeller-Hinton, semeados com os microrganismos-teste e suspensos previamente em soro fisiológico até turbidez de 0,5 da escala McFarland. DMSO foi o controle e ciprofloxacina e cetoconazol a droga padrão. As placas foram incubadas a 37 °C durante 24 horas (bactérias) e 30 °C durante 24-48 horas (leveduras e fungos filamentosos). Os testes foram realizados em triplicatas e os resultados, expressos em mm foram calculados pela média aritmética do diâmetro dos halos de inibição formado ao redor dos discos nas três repetições (BAUER et al, 1966). Foram realizados testes de comparação da atividade com antibacterianos e antifúngicos com os padrões Cetoconazol (Neo-Química), para fungos e leveduras, e Cefalexina (Eurofarma) para bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, nas mesmas concentrações das substâncias testadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: O extrato etanólico após evaporação total foi levado à estufa a 37ºC para certeza de que não havia mais nenhum vestígio de água. A quantidade de material retirado para submeter aos testes antimicrobianos qualitativos em discos foi 0,0010g O extrato etanólico das cascas de quina-quina apresentou resultados para os seguintes microrganismos: Staphylococcus aureus (8mm), Mycrococcus luteus (8mm) e Bacillus subtilis (8mm) todos Gram-positivos e uma levedura a Candida albicans (10mm) Os microrganismos Gram-negativos e álcool ácido resistente não foram inibidos pelo respectivo extrato. Os halos apresentados para os representantes do grupo Gram-positivo foram de 8mm para todos os microrganismos. Este resultado é considerado baixo excetuando Candida albicans cuja inibição foi 10 mm mostrando assim, atividade moderada para este. Entre os nove microrganismos testados o extrato etanólico inibiu o crescimento de apenas quatro deles, havendo um pequeno destaque para o microrganismo Candida albicans ligeiramente um pouco acima dos demais microrganismos testados mostrando que, para o extrato alcoólico a absorção foi baixa para todos os microrganismos Gram-positivos avaliados. O extrato não foi considerado ativo para nenhum dos microrganismos Gram-negativos, nem para aquele ácido álcool resistentes. Os microrganismos Gram-negativos Pseudomonas aeruginosa, Esherichia coli, Serratia marcescens e o álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis, não foram afetados pelo extrato da planta Coutarea hexandra da família Rubiaceae. Entre as propriedades biológicas testada a literatura não havia indicado nenhum estudo referente a atividade antimicrobiana dessa planta, isto significa que não havia indícios nenhum na medicina popular referente a cura de alguma doença proveniente de microrganismos.
CONCLUSÕES: A Coutarea hexandra (quina-quina) apresentou como resultado baixa atividade para germes Gram-positivos e moderada apenas para uma levedura testada a Candida albicans. Os microrganismos Gram-negativos não foram inibidos pelo extrato alcoólico dessa planta, nem para o representante do grupo álcool ácido resistente, o Mycobacterium smegmatis. Em suma a planta tem pouca ou nenhuma ação antimicrobiana. Esse estudo mostra que na grande maioria dos casos vistos a medicina popular é quem dirige o estudo científico, isto é, se a planta não tem comprovação popular, dificilmente terá respaldo científico.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq/UFPE pela bolsa de residência concedidaaos três primeiros autores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Almeida FRC, Rao VSN, Gadelha MGT, Matos FJA. Estudo sobre a atividade antifertilizante de Coutarea Hexandra Schum. em ratos. Rev Bras Farm 71: 69-71, 1990.
Aquino R, Dagostino M, Desimone F, Pizza C. Plant metabolites - 10.4-arylcoumarin glycosides from Coutera hexandra. Phytochemistry 27: 1827-1830, 1988
Barbosa-Filho JM, Vasconcelos THC, Alencar AA, Batista LM, Oliveira RAG, Guedes DN, Falcão, HS, Moura MD, Diniz MFFM, Modesto-Filho, J. Plants and their active constituents from South, Central, and North América with hypoglycemic activity. Rev Bras Farmacogn 15: 392-413, 2005.
Dagostino M, Desimone F, Dini A, Pizza C. Isolation of 8,3-dihydroxy-5,7,4-trimethoxy-4-phenylcoumarin from Coutarea hexandra. J Nat Prod 53: 161-162, 1990.
Dellemonache G, Botta B, Vinciguerra V, Gacsbaitz E., A new neoflavonoid from Coutarea hexandra. Heterocycles 29: 355-357, 1989
Dellemonache G, Botta B, Vinciguerra V, Pinheiro RM. Constituents of Coutarea hexandra. 6. 4- Arylcoumarins from Coutarea hexandra Phytochemistry 29: 3984-3986, 1990
Noster S, Kraus L. In vitro antimalarial activity of Coutarea latiflora and exostema-caribbean extracts on Plasmodium-falciparum. Planta Med 56: 63-65, 1990.
Reher G, Kraus L, Sinnwell V, Konig WA. A neoflavonoid from Coutarea hexandra (Rubiaceae). Phytochemistry 22: 1524-1525, 1983.