ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO ETANÓLICO DE Dioscorea alata L (DIOSCOREACEAE)
AUTORES: MAGALHÃES, L. P. M. (UFPE) ; SENAQ, K. X. F. R. (UFPE) ; ALBUQUERQUE, J. F. C. (UFPE)
RESUMO: Dioscorea alata L (inhame) é uma planta nativa do sul asiático, porém bem adaptada ao Nordeste brasileiro. O tubérculo é um dos alimentos mais consumidos nessa região, e que apresentam maiores propriedades medicinais. Suas folhas não têm uso alimentar humano, mas, são usadas como depurativos e desintoxicantes sendo capaz de eliminar toxinas do sangue e do intestino, cura artrite, ácido úrico e inflamações. O objetivo desse estudo foi verificar se as folhas contêm ação antimicrobiana. Seu extrato etanólico foi submetido a testes qualitativos de difusão em discos para dez microrganismos de diferentes classes: Gram-positivos, Gram-negativos, álcool ácido - resistente e leveduras. O extrato etanólico apresentou substâncias ativas, principalmente para bactérias Gram-positivas, e Gram-negativas.
PALAVRAS CHAVES: dioscorea alata, inhame, cará são tomé
INTRODUÇÃO: Tendo como objetivo a investigação das propriedades antimicrobianas das folhas da Dioscorea alata L, foi realizado esse estudo levando em conta a grande importância das plantas na cura de diversas doenças. O gênero Dioscorea é o mais importante da família Dioscoreaceae apresentando entre 600 a 900 espécies, sendo 15 de uso medicinal (PEDRALLI, 2002) Apesar do elevado número de espécies de Dioscorea, apenas cinco são consideradas importantes na alimentação humana: D. cayenensis, D. alata, D. bulbifera, D. esculenta e D. trifida. Destas, apenas D. trifida, é brasileira, sendo as outras de origem africana e asiática (ABRAMO, 1980). A Dioscorea alata é originada do sudeste da Ásia e cultivada nos trópicos, onde são encontrados o cará São Tomé e Nambu. A maior produção de inhame no Brasil ocorre no Nordeste especialmente nos estados da Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e Piauí (MONTALO, 1991), O inhame é um dos exemplos mais interessantes de alimentos com uso medicinal. Entre suas propriedades estão o poder desintoxicante e depurativo, capaz de eliminar toxinas do sangue e do intestino. Por isso é recomendado no tratamento de muitas doenças, como reumatismo, artrite, ácido úrico, inflamações, infecções, viroses e micoses. As folhas também são usadas como emplastros, para baixar a febre. São suceptíveis para infecção contra o fungo Colletotrichum Gloeosporioides. Entre os parasitas que atacam esse gênero é conhecido o nematóide Scutellonema bradys, que causa a doença chamada por casca preta, porém, a espécie D. alata (cará São Tomé) é a única que não é atacada por esse tipo de nematose (MOURA et al., 2001). Na Índia, o sistema médico ayurvédico indica há milênios, a ingestão de inhame cozido para refazer as defesas orgânicas, principalmente no combate a infecções e tumores.
MATERIAL E MÉTODOS: As folhas foram colhidas próximo à cidade de Gioania, PE, secas em local sombreado a temperatura ambiente, protegidas de predadores, chuvas e sol. A seguir foram moídas em moinho mecânico, extraídas com etanol, três vezes consecutivas. O solvente foi evaporado pesado e submetido à atividade antimicrobiana. Foram testados dez microrganismos de diferentes classes: Gram-positivos Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Bacillus subtilis, e Enterococcus faecalis; Gram-negativos Pseudomonas aeruginosa, Esherichia coli, e Serratia marcescens; microrganismo álcool ácido resistente Mycobacterium smegmatis, e a levedura Candida albicans. A atividade antimicrobiana foi avaliada qualitativamente pelo método convencional de difusão em disco de papel. Discos de 6 mm de diâmetros foram impregnados com 10µL/mL de soluções dos produtos à concentração de 30000µg/mL. Os discos foram colocados sobre a superfície do meio Müeller-Hinton, semeados com os microrganismos-teste e suspensos previamente em soro fisiológico até turbidez de 0,5 da escala McFarland. DMSO foi o controle e ciprofloxacina e cetoconazol a droga padrão. As placas foram incubadas a 37°C durante 24 horas (bactérias) e 30°C durante 24-48 horas (leveduras e fungos filamentosos). Os testes foram realizados em triplicatas e os resultados, expressos em mm foram calculados pela média aritmética do diâmetro dos halos de inibição formado ao redor dos discos nas três repetições (BAUER et al, 1966). Foram realizados testes de comparação da atividade com antibacterianos e antifúngicos rotineiramente utilizados na clínica médica. Como padrões foram utilizados Cetoconazol (Neo-Química), para fungos e leveduras, e Cefalexina (Eurofarma) para bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, nas mesmas concentrações das substâncias testadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Vale apena salientar que antes da extração com etanol o material foi submetido a extração com hexano, o qual arrastou os compostos apolares, portanto o total de extração foi exclusiva do extrato etanólico. O material foi seco em rota-evaporador, estufa a 37 ºC e dessecador para obtenção de um material extremamente seco isento de solvente. O extrato polar hidroalcoólico apresentou atividade para Staphylococcus aureus (11mm); Micrococcus luteus (10mm); Pseudomonas aeruginosa (12mm); Enterococcus faecalis (10mm); Serratia marcescens (8mm) e Candida albicans (8mm). Dos quatro microrganismos Gram-positivos testados apenas um deles o Bacillus subtilis não foi ativo ao extrato etanólico. Para o grupo dos microrganismos Gram-negativos representados por Pseudomonas aeruginosa, Esherichia coli, e Serratia marcescens, apenas a Esherichia coli não foi inibida pelo extrato testado, sendo o maior número de inibições para os germes Gram-positivos. Entretanto o maior halo apresentado foi para Pseudomonas aeruginosa, um microrganismo Gram-negativo. A Mycobacterium smegmatis, representante do grupo álcool ácido resistentes também não foi inibido pelo extrato em ação. A Candida albicans que é uma levedura teve baixa ação antimicrobiana. Dos dez microrganismos testados três deles, Mycobacterium smegmatis, Escherichia coli e Monilia sitophila não apresentaram sensibilidade ao extrato avaliado. Esses microrganismos são representantes dos grupos Gram-positivos e Gram-negativos. Considerando o extrato etanólico testado foi possível verificar os resultados da extração com o solvente polar. Foi observado que inibiu o crescimento de seis microrganismos, dentro das classes de microrganismos usados com um considerável índice de inibição para quatro microrganismos, e baixa para dois germes testados.
CONCLUSÕES: O extrato etanólico das folhas da Dioscorea alata L (Inhame) possui substâncias ativas, principalmente para as bactérias Gram-positivas, e Gram-negativas, uma vez que, inibiu a maioria dos microrganismos testados para essas classes de representantes, sendo inativo para a Serratia marcescens. O extrato etanólico apresenta baixa atividade para Candida albicans que é o representante das leveduras e não foi ativo para microrganismo álcool ácido existentes. Portanto as folhas da Dioscorea alata apresentam atividades moderada para microrganismos Gram-positivos e Gram-negativos e baixa para levedura.
AGRADECIMENTOS: Ao CNPq pela bolsa de mestrado concedida ao primeiro autor.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ABRAMO, M. A. Taioba, Cará e Inhame: o grande potencial inesperado. São Paulo, Editora Ícone, p. 80, 1980.
BAUER, A. W.; KIRBI, W. M. M.; SHERRIS. J. C.; TUNK, M., Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method, Am. J. Clin. Pathol., v. 45, pp 493-496, 1966.
MONTALO, A. Cultivo de Raices Y. Tubércuos e tropicales. II
CA; San Jose, 1991. 408p
Moura, R. M.; Pedrosa, E.M.R.; Guimarães, L.M.P. Novos dados sobre a etiologia da casca preta do inhame no Nordeste do Brasil. Nematologia Brasileira. Brasília, v. 25, n.2, p.235-237, 2001.
5. PEDRALLI, G. Dioscoreaceae e Araceae: aspecto taxonômicos, etnobotânicos e espécies nativas com potencial para melhoramento genético. In: Santos, E. S. (Ed). Simpósio Nacional sobre as Culturas do Inhame e do Taro, 2002, João Pessoa. p.37-53.