ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: REPRESENTAÇÃO DE LIGAÇÃO QUÍMICA POR ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO APREENDIDA ATRAVÉS DE UMA SEQUENCIA DIDÁTICA INTERATIVA

AUTORES: PIRES NETO, J.P (UFRPE) ; OLIVEIRA, M.M (UFRPE)

RESUMO: Este trabalho teve como principal objetivo identificar o tipo de representação que o estudante do ensino médio se apropria sobre ligação química através de uma Sequência Didática Interativa (SDI). Participaram desta pesquisa 12 alunos do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Assis Chateaubriand, na cidade de Campina Grande-PB. Priorizando a abordagem qualitativa, o procedimento metodológico está fundamentado na metodologia interativa (OLIVEIRA, 2009) através da aplicação de um questionário semi-estruturado, que foi trabalhado através de uma sequência didática interativa (SDI). Os resultados evidenciaram que esta técnica é bastante significativa para aprimoramento no campo conceitual. Foi constatado que estes estudantes apresentavam visões deformadas e ingênuas sobre ligação química.

PALAVRAS CHAVES: sequência didática interativa – modelos – ligação química

INTRODUÇÃO: Justifica-se a relevância deste estudo quanto à questão conceitual sobre ligação química, e na vivência de uma nova proposta metodológica através da sequencia didática interativa (SDI). Esta nova ferramenta é um desdobramento da Metodologia Interativa (OLIVEIRA, 2009), que é aplicada através da técnica do Circulo Hermenêutico Dialético (CHD). Segundo esta autora, a aplicação da CHD para realização de uma sequência didática interativa facilita a interação entre os atores sociais.
Alem do objetivo geral já mencionado no resumo, trabalhamos como objetivos específicos: desenvolver uma sequencia didática interativa com a temática ligação química e identificar qual o tipo de representação que os alunos do ensino médio apresentam sobre este tema.
Assim procedendo, o educador entende melhor a realidades dos seus alunos, aprendendo com eles, como nos afirma Freire (1970, p. 68) “[...] o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado [...]”.
Ao propor o estudo sobre modelo atômico, e especificamente ligação química, depara-se com alguns obstáculos epistemológicos presentes na compreensão da natureza da ciência, bem como fortes tendências ao reducionismo e concepções ingênuas no campo do ensino de Química.
Dessa forma, Machado (2004), acrescenta que os modelos presentes no espaço escolar direcionam para uma abordagem descontextualizada, favorecendo uma visão deformada da ciência, em que essa “ausência dos fenômenos e seus contextos nas salas de aula podem fazer com que os alunos tomem por “reais” as fórmulas das substâncias, as equações químicas e os modelos para a matéria” (p.173).
Porém, no ensino da Química, o que buscamos é a vivência de práticas “libertadoras”, de modo a possibilitar uma reflexão contextualizada e crítica.

MATERIAL E MÉTODOS: Esta pesquisa foi realizada dentro de uma abordagem qualitativa, em que se optou pelo estudo de caso. Assim, foi selecionada a Escola Estadual Assis Chateaubriand, localizada na cidade de Campina Grande – PB, em que se trabalhou com 12 estudantes do 2º ano do ensino médio. O trabalho foi produtivo por contar com boa receptividade do gestor, dos professores e motivação dos alunos para vivenciar a sequência didática interativa.
A Sequência Didática Interativa (SDI) com base em Oliveira (2009) percorreu as seguintes etapas: no primeiro momento foram apresentados para a turma pesquisada, os objetivos da pesquisa, sua metodologia, bem como a relevância social e científica da pesquisa (fig. 01).
Logo a seguir, foi distribuído o questionário contendo 5 perguntas denominado aqui de individual, e a partir da exposição de um modelo atômico tridimensional de uma acetona, todos responderam o referido questionário. Depois deste procedimento, foi solicitado que os estudantes formassem grupos de 4 membros cada, e a partir do questionário denominado grupo com as mesmas perguntas do individual, os estudantes discutiram suas respostas, de modo a sintetizarem em um só questionário. Logo após foi solicitado um representante de cada grupo para compor um novo grupo, denominado aqui de síntese, com o mesmo critério adotado anteriormente. Após essa etapa, a síntese foi lida para toda a turma, de modo que todos se sentissem contemplados, para em seguida haver a exposição dos conceitos científicos quanto ao estudo em tela, apresentando suas considerações em todos os questionamentos.
O tratamento dos questionários e das associações-livres foi feito através da técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 1977).


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao expor um modelo atômico, no contexto de uma aula de Química, a primeira hipótese seria de que todos os alunos identificariam o modelo como tal. Porém ao analisar os questionários individuais, os resultados apontaram que 33,3% associaram o modelo atômico a: cachorro, gato, boneco e células.
Os alunos que responderam que o modelo estava associado a ligações entre átomos, corresponderam a 50% e apenas 16,7% associaram como sendo uma representação ao modelo atômico.
Ao analisar os questionários grupos e síntese, foi possível perceber que a representação do modelo atômico associado anteriormente deixam de aparecer, aproximando-se mais ao conhecimento científico, com sendo “uma representação de várias ligações químicas juntas, formando uma estrutura atômica, com moléculas de partículas positivas e negativas” (Síntese).
Na questão seguinte, em que se solicitou que os estudantes pesquisados respondessem a composição de uma ligação Química entre dois átomos; os resultados do individual: 58,3% responderam que seria composta pelos próprios elementos, 16,7% não souberam responder e apenas 25% associaram a ligação química entre dois átomos, através de cargas elétricas.
Ao analisar os questionários grupos e síntese, percebe-se que a concepção que os estudantes se apropriaram da composição de uma ligação química ainda associada ao “material” do elemento químico.
Por fim, ao perguntar se a ligação Química é real ou imaginária, obtiveram-se os seguintes resultados: no questionário individual: 66,7% afirmaram ser real e 33,3%, imaginária. Já no questionário grupo e síntese, houve consenso que a ligação química seria real. Foi detectado que a concepção de real para os estudantes pesquisados está relacionada ao concreto, material e o imaginário está relacionada ao abstrato.



CONCLUSÕES: Através dos resultados, foi possível constatar a importância da metodologia aplicada através da SDI, em relação à compreensão do todo a partir das partes. Os dados obtidos, possivelmente poderão colaborar para uma discussão mais aprofundada acerca do objeto de estudo. Assim, acreditamos que esta pesquisa, possa subsidiar possíveis abordagens interativas, como também despertar para a construção de saberes escolares que articulem Ciência, Tecnologia, Sociedade e ambiente (CTSA).

AGRADECIMENTOS: A Escola Estadual Assis Chateaubriand na cidade de Campina Grande – PB, pela recepção significativa à realização desta pesquisa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Martins Fontes, 1977.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 24. ed. – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.

MACHADO, Andréa Horta, Aula de Química-discurso e conhecimento.Ijuí: Editora Unijuí,1999. 200 p.

OLIVERIA, Maria Marly de. Como fazer pesquisa qualitativa. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2009. 182 p.

_____________ Como fazer projetos, relatórios, monografias, dissertações e teses. 4ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 216 p.