ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: FABRICAÇÃO DE SABÃO A PARTIR DA GORDURA PRESENTE EM EFLUENTES DE LATICÍNIOS, UMA FORMA DE EDUCAÇÃO E CONCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL.
AUTORES: MACIEL, F. P. (FAEMA) ; SIMONATTO R. M. (FAEMA) ; BRONDANI, F. M. M. (FAEMA) ; ALVES-SOUZA, R. A. (FAEMA) ; ZAN, R. A. (FAEMA)
RESUMO: O descarte não controlado dos resíduos industriais de laticínios acarreta um sério problema ambiental, visto que as gorduras presentes no soro do leite podem ser reaproveitadas. O processo de beneficiamento desses resíduos vem como uma alternativa de geração de renda e conscientização ambiental, através da fabricação de sabão. Sendo assim, esse projeto não visa apenas ensinar o método de sua fabricação, mas a importância da diminuição do impacto ambiental através de uma produção artesanal a partir de gorduras descartadas em laticínios, educando, gerando rendas e acima de tudo mudando a visão dos alunos para o aspecto ambiental.
PALAVRAS CHAVES: sabão, laticínios, educação ambiental.
INTRODUÇÃO: A indústria brasileira de alimentos movimenta cerca de 70 bilhões de dólares por ano. O segmento mais importante desse setor é o da indústria de laticínios, que responde por aproximadamente 1,5 bilhões de dólares desse total. Dessas, 80% correspondem à micro e pequenas empresas que, na sua totalidade, não realizam qualquer tipo de tratamento de seus efluentes; isto devido, principalmente, a carência financeira e tecnológica dessas empresas (PERUZZO & CANTO, 2005). O sabão é obtido fazendo-se reagir ácidos graxos com óleos, numa reação chamada saponificação. Efluentes como óleos e gorduras, lançados “in natura” nos cursos d’água, provocam resultados desastrosos para o meio ambiente e entre outros fatores, impede a entrada de luz que alimenta os fitoplânctons, (organismos essenciais para a vida alimentar aquática). Sendo o sabão um produto biodegradável, a decomposição de suas moléculas formadoras muitas vezes é confundida com o fato do produto ser poluente ou não. A biodegradabilidade de uma substância não indica que a mesma não causa danos ao ecossistema, mas sim, que é decomposta por microorganismos, aos quais servem de alimento. O objetivo deste artigo não é ensinar o método de fabricação, mas sim a aplicação desse método na construção do processo ensino-aprendizado da química. Desta forma o professor deixa de ensinar no sentido tradicional, para investigar junto com seus alunos. Assume o papel de ensinante, sem deixar de ser aprendente (REZZADORIL & CUNHA, 2005).
MATERIAL E MÉTODOS: Estrutura geral de óleos e gorduras Os óleos e as gorduras, de origem animal ou vegetal, são ésteres e, por isso, derivam de um ácido e de um álcool. O álcool em questão é o glicerol ou glicerina, CH2(OH)---CH(OH)---CH2(OH) Como esse álcool possui três grupos OH, ele pode formar um triéster ou seja, um composto que possui três grupos funcionais éster (---COO---) os ácidos que, ao reagirem com o glicerol, formam os óleos e as gorduras são ácidos graxos.
Saponificação, a reação que produz sabão: Pelo fato de serem ésteres, óleos e gorduras podem sofrer tanto reação de hidrólise ácida, produzindo glicerol e os ácidos graxos constituintes quanto à hidrólise básica, a qual produzirá glicerol e os sais desses ácidos graxos, os quais são chamados de sabão.
Os resíduos de gordura aqui utilizados no trabalho foram retirados do sistema de tratamento de efluentes (foto 01) de um laticínio da região. Ao aquecer a gordura em presença de uma base (NaOH), obtém se uma reação química de hidrólise básica de um tri éster de ácidos graxos e glicerol, que produz o sabão (foto 02), sendo denominada de saponificação. Foram utilizados nesta produção os seguintes materiais: NaOH (soda cáustica), Álcool etílico, resíduo do laticínio (Gordura do leite), aromatizante, pHmetro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Em relação ao valor do pH, primeiro obteve-se valor entre 12 e 13, o que torna em um produto de caráter básico, não podendo ser tão bem utilizado, como em casos de higiene pessoal, restringindo-se somente ao uso da limpeza domestica, uma vez que sua basicidade pode causar ferimentos à pele. Por esse motivo foi produzido um outro sabão, fazendo as devidas correções, tanto no caráter básico, quanto na maneira de fabricá-lo, o qual desta vez foi aquecido.
CONCLUSÕES: Após o desenvolvimento do experimento vimos que o mesmo tem um grande potencial para aplicação como ferramenta no ensino de química, tanto no sentido de enfoque da química orgânica, como também abrindo um link para a discussão da questão ambiental. Transformando assim o professor de educador num formador de opiniões auxiliando de alguma forma seus alunos a serem observadores das verdadeiras questões ambientais que estão ao seu redor.
AGRADECIMENTOS: A FAEMA pelo apoio
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: PERUZZO, Francisco Miragaia, CANTO, Eduardo Leite do. Química na abordagem do cotidiano. 3 ed. V. 3. SÃO PAULO: MODERNA, 2003.CUNHA, Márcia Borin da; REZZADORI, Cristiane B. Dal Bosco. Revista Varia Scientia. Artigos & Ensaios – Produção de material didático: uma proposta para química ambiental na escola: 2005, v. 05, n. 09, p. 177-188.