ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: O GARIMPO BOM FUTURO SOBRE UM OLHAR DO ENSINO DE QUÍMICA.
AUTORES: DA SILVA, I. M. (FAEMA) ; BISSOLI, F. M. (FAEMA) ; ALVES-SOUZA, R. A. (FAEMA) ; ZAN, R. A. (FAEMA) ; BRONDANI, F. M. M. (FAEMA)
RESUMO: O garimpo Bom Futuro é denominado o maior garimpo a céu aberto do mundo, foi descoberto em 1987 e a partir dessa descoberta começou a garimpagem da sua maior riqueza que é a Cassiterita, que contém cerca de 66% a 75% de Estanho(Sn), e é passada por um processo de beneficiamento, onde sai dela um Estanho com 99,98% de pureza. O Estanho é classificado na categoria dos metais não-ferrosos é solido na CNTP e tem tendência em formar cátions (íons positivos) ao produzir substâncias simples ou compostas. Sabendo-se de tamanho potencial de estudo, este trabalho tem por finalidade propor a visita do garimpo como ferramenta no ensino de química, dando um olhar diferenciado do que se tem idéia a respeito de um garimpo e mostrar o grande potencial do garimpo como um grande laboratório a céu aberto.
PALAVRAS CHAVES: cassiterita, estanho, garimpo.
INTRODUÇÃO: O garimpo Bom Futuro tem uma grande importância histórica para o estado de Rondônia e para o município de Ariquemes, no qual está localizado. Com a sua descoberta no ano de 1987, a maioria dos agricultores, madeireiros e comerciantes trocou suas atividades pelo garimpo. E no Bom Futuro existiam mais de 15.000 garimpeiros logo no início. RONALTTI, I. (2008). É de fundamental importância para economia do estado. No começo a retirada de Cassiterita no garimpo Bom Futuro ajudou a levar o Brasil ao maior produtor mundial de Sn, hoje em dia não está em primeiro lugar na produção, mas o Sn retirado do garimpo Bom Futuro ainda é uma grande fonte de riqueza para o Estado. Tendo o conhecimento da grande importância do Garimpo Bom futuro para região de Ariquemes e para o Brasil, este trabalho vem de encontro com a necessidade de apresentar novas maneiras e ambientes de aprendizagem do ensino de química, quebrando barreiras e conceitos errôneos de como se passar o conhecimento da química. O trabalho tem por objetivo demonstrar como o Garimpo Bom futuro pode ser utilizado como ferramenta de educação.
MATERIAL E MÉTODOS: O seguinte trabalho tem como laboratório de aprendizagem o garimpo Bom Futuro, onde a prática proposta motiva a participação acadêmica e possibilita o trabalho em grupo, a comunicação e a defesa/argumentação de idéias, tornando as aulas mais dinâmicas e favorecendo a articulação ensino/aprendizagem, atendendo, assim, às exigências do PCN de química do Ministério da Educação (Brasil, 2002).
A dinâmica da aula proposta foi a visita ao garimpo e observação de todos os processos de extração da cassiterita, os impactos que essa extração provoca ao meio ambiente e também a observação de todo o processo de extração do estanho presente na cassiterita e dos resíduos (escoria) (Figura 02) que sobra do processo de separação do estanho.Os impactos ambientais na região do Bom Futuro (Figura 01) devido ao garimpo foram gigantescos: mais de 800 mil metros cúbicos de resíduos da exploração da cassiterita eram lançados por mês nos igarapés e rios adjacentes, o sistema fluvial da região foi comprometido num raio de mais de 200 km, o assoreamento dos rios impedia a penetração da luz solar nas águas, dificultando a fotossíntese e gerando uma série de desequilíbrios na vida aquática, ocorreram alterações significativas na concentração de oxigênio e nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo. Houve também uma mudança na flora e na fauna da região, muitas espécies de árvores como o Breu-Branco e o Açari foram completamente extintas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A utilização de um garimpo como laboratório ao céu aberto foi de grande valia ao que diz respeito a uma alternativa de metodologia de ensino, saindo do ensino tradicional e monótono, como descreve o movimento escola nova, que segundo Haidt (2006) recomendava o uso de métodos ativos (que apelavam para a atividade do educando), e sugeria que o professor utilizasse todos os recursos a seu alcance para tornar o ensino mais ligado a realidade e ativar os processos mentais da pessoa que aprende estimulando seu pensamento. Ao vermos os olhos ligados e interessados dos alunos em todos os setores do garimpo e mineradora, onde cada setor era uma novidade, era algo novo, era a química sendo desvendado de uma forma nova e atrativa, onde eles puderam relacionar todos os aspectos ambientais que o tema sugere, todos os conceitos ligados a minerais e metais, formas de separação, conceitos simples muitas vezes que só tinham relação com o conceito teórico e não com a prática, viram a química propriamente dita, nua e crua , sem conceitos maçantes, com o conhecimento necessário para que fosse assimilada e entendida, onde o aluno foi peça importante para a formulação do conhecimento, através da observação. Nesta aula-visita, podesse observar todas as etapas do processo de mineração, da extração do minério do solo, ao processo final onde de um lado ficam a escoria(resíduo) e o estanho puro (99,98% de pureza) em barras pronto para o comércio como mostra a Figura 02. No final da visita podemos ver como foi importante essa experiência devido ao conhecimento adquirido por todos e a construção do conhecimento de uma forma atrativa e fora da normalidade da sala de aula, dando ao aluno uma visão da química no cotidiano de um garimpo, algo tão comentado no dia-a-dia da cidade e pouco conhecido.
CONCLUSÕES:
Podemos concluir que Rondônia é muito rico em minérios a prova disso é o garimpo, com altas retiradas de Cassiterita que é um SnO2. Portanto observamos também que a Mineralogia está diretamente ligada com a Química, pois é através de processos químicos que a Cassiterita é beneficiada transformando-se em Sn para ser comercializado. Este tipo de abordagem favorece a contextualização do conhecimento aprendido nas aulas de química visto que este minério faz parte da vida da comunidade escolar. Além disso, favorece também uma visão interdisciplinar do garimpo, visto que é possível, além das discussões envolvendo as reações química, observar aspectos estudados nas disciplinas de geografia, meio ambiente etc.
AGRADECIMENTOS: A FAEMA pelo apoio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: RONALTTI, I. UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA E AMBIENTAL ACERCA DOS GARIMPOS DE RONDÔNIA. 2008. PCN + Ensino Médio: Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEMTEC, 2002.HAIDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. São Paulo: Ática, 2006.