ÁREA: Ambiental
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DO CARBONO ORGÂNICO TOTAL E DAS FRAÇÕES HÚMICAS DE UM NEOSSOLO SOB DIFERENTES COBERTURAS VEGETAIS
AUTORES: CORINGA, E. A. O. (IFMT) ; MENDES, C. R. J. (IFMT) ; OLIVEIRA, T. S. (IFMT) ; FELFILI, D. M. C. (IFMT)
RESUMO: Este trabalho teve como objetivo quantificar o COT do solo e das frações químicas da MOS em Neossolo sob as coberturas cerrado, mata e babaçuzal. O teor de COT foi decrescente em profundidade nos perfis, cujos valores seguiram a seqüência: Coqueiral: 39,5 g.kg-1 > Mata: 27,0 g.kg-1 > Cerrado: 26,2 g.kg-1, valores considerados altos para CO em solos. A fração HUM foi a que apresentou maiores valores do COT, seguida da fração AH e AF. A relação AH/AF variou de 2,47 a 3,87 indicando predomínio de AH com relação ao AF. Foi constatada estreita relação entre as frações e o C do solo através de análises de correlação, onde a HUM teve maior participação na composição do COT, seguida pela fração AH. A menor correlação do COT x AF refletiu a alta solubilidade e mobilidade dos AF no solo.
PALAVRAS CHAVES: matéria orgânica, substâncias húmicas, fracionamento químico
INTRODUÇÃO: A matéria orgânica do solo (MOS) engloba resíduos de plantas, animais e microrganismos em diversos estágios de decomposição, e é um componente essencial para a qualidade e produtividade dos solos agrícolas (FAVORETTO et al., 2008). Uma das suas principais funções é o seqüestro do carbono atmosférico, o qual pode acumular-se nas frações lábeis ou estáveis da MOS, podendo ter implicações nas propriedades dos solos (BAYER et al., 2004). As substâncias húmicas (SHs) têm sido objeto de estudos devido à sua relação com as propriedades físico-químicas dos solos e sua interação com metais e compostos orgânicos. Constituem aproximadamente 90% da MOS, e são definidas como substâncias coloidais amorfas, de ocorrência natural, heterogêneas e de alto peso molecular, constituídas por uma série de polímeros amorfos de coloração amarelo-marrom a preta formados por reações de sínteses secundárias, bióticas e abióticas (STEVENSON, 1994). O fracionamento das SHs do solo resulta em três principais frações químicas, denominadas ácidos fúlvicos (AF), ácidos húmicos (AH) e humina (H). Os AH e AF representam a porção solúvel em meio alcalino, de maior reatividade e conseqüentemente de maior polaridade. Os AF são os principais responsáveis pelos mecanismos de transporte de cátions dentro do solo, por meio de complexos organo-metálicos; os AH são responsáveis pela maior parte da CTC de origem orgânica em camadas superficiais de solos; já a H influencia nos mecanismos de agregação de partículas do solo e representa a maior parte do carbono humificado (BENITES et al., 2003). Este trabalho teve como objetivo quantificar o COT do solo e das frações químicas da MOS (SHs) em Neossolos sob as coberturas cerrado, mata e babaçuzal, relacionando os resultados com a profundidade e os sistemas de manejo.
MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas amostras de solos dos horizontes superficiais e subsuperficiais de três perfis de Neossolo quartzarênico sob cerrado (perfil 01), mata (perfil 02) e coqueiral de babaçu (perfil 03), em uma propriedade no município de Chapada dos Guimarães, MT. Os solos foram submetidos à caracterização física e química (pHágua, pHKCl, H+Al, bases trocáveis, análise granulométrica, saturação por bases). O teor de carbono orgânico total no solo e nas frações químicas da MOS foi determinado pelo método adaptado de YEOMANS e BREMNER (1988), por oxidação do C via úmida com dicromato em meio ácido como agente oxidante, em todos os solos. As SHs (AF-ácido fúlvico, AH-ácido húmico e HUM-humina) foram obtidas pelo fracionamento químico simplificado (BENITES et al., 2003) somente no perfil 02 (sob mata), e calculadas as relações: AH/AF (indica a mobilidade do carbono no solo) e EA/HUM (indica iluviação de matéria orgânica no perfil do solo). Todas as determinações foram feitas em triplicata.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os solos apresentaram reação moderadamente ácida ao pH do solo, com ausência de alumínio no perfil. A CTC pH 7,0 dos solos foi maior no perfil 03 (coqueiral), com maiores valores em superfície, devido à contribuição da MOS para a carga negativa dos sítios de troca. A saturação por bases (V%) também foi maior no solo sob coqueiral, atingindo valores até 78%, caracterizando a fertilidade natural deste perfil. O teor de COT (Gráfico 1) foi decrescente em profundidade nos perfis, e o seu valor nos horizontes superficiais dos solos sob as diferentes coberturas seguiu a seqüência: Coqueiral: 39,5 g.kg-1 > Mata: 27,0 g.kg-1 > Cerrado: 26,2 g.kg-1, valores considerados altos para CO em solos. Analogamente, o teor MOS foi maior no perfil 3A, com valor igual a 6,8% em superfície. Ao analisar o COT das SHs extraídas no perfil 2 (Gráfico 2), a fração AF foi a que apresentou os menores valores (0,98 a 2,06 g.kg-1), a HUM variou de 4,65 a 15,53 g kg-1 e a fração AH de 3,79 a 5,97 g kg-1. A relação AH/AF variou de 2,47 a 3,87 indicando predomínio de AH com relação ao AF. Em geral solos mais arenosos apresentam maiores relações AH/AF indicando perda seletiva da fração mais solúvel (AF) por lixiviação. A relação EA/HUM apresentou menor valor em superfície (0,87), indicando iluviação no horizonte superficial, e a HUM, fração mais estável, está predominando sobre as outras (AF e AH). Foram realizadas análises de correlação entre os teores COT do solo e as SHs, para todos os horizontes do perfil 2, obtendo-se os valores de r = 0,99 (AH e HUM) e r = 0,91 (AF), demonstrando a estreita relação entre as frações e o C do solo, onde a HUM teve maior participação na composição do COT, seguida pela fração AH. A menor correlação do COT x AF refletiu a alta solubilidade e mobilidade dos AF no solo
CONCLUSÕES: As diferentes coberturas vegetais sobre solos arenosos foram eficientes para manter o C no solo com valores considerados altos para solos tropicais (maior que 26 g.Kg-1 nos horizontes superficiais), onde solo sob coqueiral obteve maior COT que o solo sob mata e cerrado. As frações humificadas da MOS estiveram diretamente correlacionadas com o COT do solo, onde a HUM teve maior participação na composição do COT, seguida pela fração AH. A menor correlação do COT x AF indica alta solubilidade e mobilidade dos AF no solo.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: FAVORETTO, C.M; GONÇALVES, D.; MILORI, D. M. P. B.; ROSA, J. A.; LEITE, W .C.; BRINATTI, A .M.; SAAB, S. B. 2008. Determinação da humificação da matéria orgânica de um latossolo e de suas frações organo-minerais, Quím. Nova vol.31, p. 1994-1996.
BAYER, C. et al. 2004. Armazenamento de carbono em frações lábeis da matéria orgânica de um Latossolo Vermelho sob plantio direto. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.39, n.7, p.677-683.
STEVENSON, F.J. 1994. Humus chemistry. 2.ed. New York, John Wiley & Sons, 496p.
BENITES, V. M. et al. 2003. Extração e Fracionamento Quantitativo de Substâncias Húmicas do Solo: um Procedimento Simplificado de Baixo Custo – Comunicado técnico 16. Embrapa: Rio de Janeiro, 7p.
YEOMANS, J.C.; BREMMER, J.M. 1988. A rapid and precise method for routine determination of organic carbon in soil. Communications in Soil Science and Plant Analysis, v.19, p.1467-1476.
