ÁREA: Ambiental
TÍTULO: TRATAMENTO DOS RESÍDUOS QUÍMICOS GERADOS NAS AULAS DE QUÍMICA ANALÍTICA QUALITATIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - UFU
AUTORES: OLIVEIRA, E. (UFU) ; COELHO, N. M. M. (UFU) ; REZENDE, H. C. (UFU) ; RIBEIRO, G. C (UFU) ; ALMEIDA, I. L. S. (UFU)
RESUMO: No presente trabalho foram propostas metodologias de tratamento dos resíduos gerados nas atividades experimentais desenvolvidas na disciplina de Química Analítica Qualitativa do curso de Química Industrial da UFU. No decorrer do semestre os resíduos foram recolhidos, segregados e estocados adequadamente, para posterior tratamento. Os tratamentos propostos visaram à transformação dos resíduos em espécies com menor toxicidade, bem como a redução do seu volume e disposição final. Desta forma, pretendeu-se conscientizar os futuros profissionais sobre a importância do tratamento dos resíduos a fim de minimizar o impacto ambiental causado por suas atividades.
PALAVRAS CHAVES: resíduos, aula prática, meio ambiente
INTRODUÇÃO: A experimentação no ensino de química possui um papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem, pois através dela podem-se gerar questionamentos, problematizações, discussões, e buscas de respostas e explicações para os fenômenos observados (MACHADO E MÓL, 2008).
Durante a realização das aulas práticas com a utilização de diferentes materiais e subs¬tâncias um volume considerável de resíduos classificados como perigosos são gerados, que em função de seu caráter tóxico e de potenciais danos ao ambiente, não devem ser descartados em lixo comum ou em redes de esgoto.
Desta forma, tem sido observada uma crescente preocupação com a destinação dos resíduos gerados em laboratórios de ensino, uma vez que as instituições de ensino exercem um papel importante na construção e disseminação de uma nova mentalidade nos meios acadêmicos, através da formação de novos profissionais (AFONSO, 2010).
Deste modo, o objetivo deste trabalho foi propor procedimentos para o gerenciamento e tratamento dos resíduos gerados nas aulas de Química Analítica Qualitativa do curso de Química Industrial da Universidade Federal de Uberlândia.
MATERIAL E MÉTODOS: Tratou-se os resíduos gerados em atividades experimentais da disciplina de Química Analítica Qualitativa. Mediu-se o volume de cada resíduo e transferiu para um béquer. O pH inicial foi determinado e realizado o tratamento conforme a composição do resíduo. O precipitado foi separado por filtração a vácuo, acondicionado em pote plástico com identificação e seco ao ar à temperatura ambiente. O sobrenadante foi neutralizado e, então, descartado na pia.
Abaixo é apresentado as metodologias de tratamento para cada resíduos:
Sr2+, Ba2+: Adição de NaOH 6 mol L-1, até pH 7 e solução de Na2SO4 10% até precipitação completa.
Cr3+: Adição de NaOH 6 mol L-1, até pH 6, solução de Ba(NO3)2; Na2CO3 e NaHSO3 sólidos.
Ag+: Adição de NaOH 6 mol L-1, até pH 7-8. Ao resíduo sólido adicionar, vagarosamente, HNO3 concentrado, sob aquecimento (1000 C). Reduzir o volume para aproximadamente 50 mL. Se permanecer um resíduo branco fosco (solúvel em NH4OH), trata-se do AgCl. À solução amoniacal adicionar, vagarosamente, Na2S2O5 sólido até completa redução (600 C), filtrar e lavar o precipitado com água destilada à 25°C. Na solução ácida, adicionar água e concentrar para remover o excesso de NO2. Repetir o procedimento utilizado na solução amoniacal. Os dois precipitados formados foram lavados com água destilada a 600 C, reunidos e neutralizados com HCl.
Al3+, Zn2+, Ni2+, Mn2+: Adição de NaOH 6 mol L-1, até pH 7 e solução de Na2CO3 10% em excesso. Para o resíduo de níquel fez-se teste com dimetil-glioxima 0,1 mol L-1. Para os resíduos de Zn2+ e Mn2+ o pH não deverá ultrapassar o valor de 7.
Co2+, Fe3+: Adição de NaOH 6 mol L-1, até pH 8.
Mn+7: Adição de 6 gotas de H2SO4 6 mol L-1, para cada 10 mL de resíduo e solução de NaHSO4 10 % até descoloração da solução.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados obtidos permitem distinguir dois tipos de produto final contendo o elemento de interesse no resíduo inicial: (a) aqueles contendo metais preciosos como a prata que neste caso, o elemento é isolado e pode ser reutilizado no laboratório, (b) materiais que podem ser levados à incineração (cromo, manganês, chumbo, níquel, cobre, estrôncio e bário) ou encapsulados. Todas as rotas de preparação para descarte final do resíduo sólido foram bem sucedidas. O tratamento dos resíduos realizado apresentou relativa simplicidade, e isso pode ser atribuído principalmente à coleta dos resíduos que foi realizada de forma seletiva de acordo com o roteiro das aulas da disciplina e esta seleção é essencial uma vez que sem o conhecimento qualitativo do resíduo o seu tratamento é dificultado. A neutralização realizada nos resíduos finais para descarte não alterou consideravelmente o volume inicial, uma vez que foram utilizadas soluções concentradas de ácido e base. Os resíduos sólidos foram armazenados em potes plásticos e posteriormente levados para incineração. O trabalho levou a uma experiência muito grande em química em solução aquosa como princípios e regras de solubilidade e reações redox e em tratamento de rejeitos para os alunos participantes. Além disso, surgiu a preocupação muito grande acerca de todo tipo de substância que é descartada indiscriminadamente na pia dos laboratórios, por outras disciplinas experimentais e laboratórios de pesquisa.
CONCLUSÕES: O trabalho realizado permitiu a diminuição dos resíduos gerados na disciplina de Química Analítica Qualitativa. Pretendeu-se através das atividades de tratamento dos resíduos desenvolvidos neste trabalho, conscientizarem os alunos e despertar suas atitudes voltadas para a proteção e melhoria do meio ambiente.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos ao CAPES e FAPEMIG.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: MACHADO P. F. L.; MÓL G. S. Resíduos e Rejeitos de Aulas Experimentais: O que Fazer? Química Nova na Escola. Vol. 29, Ago. 2008, p. 38-41.
AFONSO, J. C.; NORONHA, L. A.; FELIPE, R. P.; FREIDINGER, N. Gerenciamento de Resíduos Laboratoriais: Recuperação de elementos e preparo para descarte Final. Quim. Nova, Vol. 26, No. 4, p. 602-611, 2003.