ÁREA: Ambiental
TÍTULO: MONITORAMENTO PRELIMINAR DA QUALIDADE DO AR, PELA QUANTIFICAÇÃO DO MATERIAL PARTICULADO TOTAL E INALÁVEL PRESENTE NO AEROSSOL ATMOSFÉRICO DOS MUNICÍPIOS DE CORONEL FABRICIANO E IPATINGA - MG
AUTORES: ARAÚJO,V.M.R (UNILESTEMG) ; VON RUCKERT, G. (UNILESTEMG)
RESUMO: O Vale do Aço é o maior pólo industrial mineiro, o que gera grande quantidades de poluentes. O monitoramento da concentração de material particulado na região é fundamental para se estimar a poluição atmosférica. Neste estudo, em andamento, foi analisada a concentração de partículas totais em suspensão (PTS), partículas inaláveis com tamanho aerodinâmico de até 10 mícrons (MP10) nos municípios de Ipatinga e Coronel Fabriciano, entre maio e junho de 2010. A concentração de PTS em Cel. Fabriciano foi entre 51 e 165 µg/m3/dia, em Ipatinga entre 60 e 110 µg/m3/dia, MP10 foi entre 32 e 34 µg/m3/dia. Observou-se que em Coronel Fabriciano a concentração de PTS foi maior e com uma maior variação.
PALAVRAS CHAVES: particulado partículas inaláveis
INTRODUÇÃO: Na Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA)-MG estão localizadas as indústrias siderúrgicas Usina Intendente Câmara (Usiminas) em Ipatinga e Arcellor Mittal em Timóteo e outras micro e pequenas empresas. Os municípios de Coronel Fabriciano e Ipatinga, ao lado de Timóteo e Santana do Paraíso, constituem a RMVA (BRASIL, 1998). Somadas as populações dos outros 22 municípios, que formam o colar metropolitano, tem-se mais de 600 mil habitantes (IBGE, 2001). A economia de Ipatinga baseia-se na siderurgia, a economia de Cel. Fabriciano ao comércio. Cel. Fabriciano não possui instaladas indústrias de grande porte em sua área de abrangência, mas mesmo assim pode apresentar elevada poluição atmosférica.A poluição atmosférica ocasionada pelo material particulado (MP), em termos de partículas totais em suspensão (PTS), é procedente, principalmente, da indústria siderúrgica integrada a coque, proveniente das operações de manuseio, estocagem, transporte de matérias-primas e queima de combustíveis fósseis utilizados nas etapas do processo produtivo. O MP em termos de partículas inaláveis com tamanho aerodinâmico de até 10 mícrons (MP10) pode alojar na laringe e alvéolos pulmonares pela respiração. Tais partículas podem provocar doenças respiratórias em idosos e crianças, cardiovasculares em adultos, bem como alergias e câncer (BRAGA, 1999). Logo, é de grande importância monitorar a qualidade do ar e identificar as possíveis fontes geradoras de poluição atmosférica, para a obtenção de dados para planos de ação na prevenção de tais doenças. Neste contexto, este estudo teve como objetivos: mensurar a quantidade de MP: PTS e MP10, presentes no aerossol atmosférico dos municípios de Ipatinga e Cel. Fabriciano e suas fontes de emissão.
MATERIAL E MÉTODOS: A quantificação de MP: PTS, MP10 e SO2, foi realizada através da instalação temporária de dois kits de equipamentos da marca ENERGÉTICA nas cidades de Ipatinga (área do UnilesteMG Campus III) e Cel. Fabriciano (área do UnilesteMG Campus I). Os equipamentos utilizados foram o amostrador de grande volume (AGV PTS) para a determinação da concentração (micrograma/m3) de PTS no ar, com registro contínuo da vazão e um AGV MP10 para a determinação da concentração de partículas inaláveis de até 10 mícrons, com cabeça de separação Andersen e controlador de vazão volumétrica (CVV). Em ambos amostradores o material de amostragem são filtros, sendo de fibra de vidro para PTS e de quartzo para MP10. Os amostradores atendem a resolução n° 3 do CONAMA(BRASIL,1990), NBR 9546, ABNT/NBR 13412 (ABNT, 1995) e US EPA 40 CFR, parte 50, Apêndice J (US EPA,1990). Foram obtidas três amostras semanais, com 24 horas de exposição, durante duas semanas no mês de maio e quatro no mês de junho de 2010. Isto produziu 21 filtros de PTS e 3 filtros de MP10. Os filtros de PTS e MP10 foram pesados antes e após amostragem em balança de alta precisão com suporte específico para o tipo de filtro e armazenados em sacos plásticos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A concentração de PTS foi obtida no mês de maio apenas para o município de Cel.Fabriciano, sendo menor que 105 µg/m3/dia. Houve um aumento expressivo da concentração de PTS em junho, sendo que na cidade de Ipatinga, apesar de oferecer valores mais baixos, mostrou a mesma variação observada em Cel.Fabriciano (GRAFICO 1).Os maiores resultados obtidos em junho podem ser devido às mudanças nas condições meteorológicas, as quais tendem a estar mais seca e sem nuvens. A concentração de poluentes está relacionada a estas condições. Padrões que favorecem altos índices de poluição são: alta porcentagem de calmaria, ventos fracos e inversões térmicas a baixa altitude (CETESB,2009).Foi detectado somente um valor de PTS, em 09/06 em Fabriciano, acima do padrão referidos pela Resolução CONAMA n° 03 de 1990, que oferece um limite máximo de 150 µg/m3 (BRASIL,1990). Isto pode ter ocorrido por influência de um incêndio florestal numa área de preservação próxima aos pontos amostados no dia citado, o ponto de Fabriciano estava mais exposto ao ocorrido.As fontes naturais de MP se enquadram em cinzas e gases de emissão vulcânica, tempestade de areia, poeira advinda do solo, decomposição de animais e vegetais, partículas de gases de incêndios florestais (SILVA,2010). Os maiores valores de PTS em Fabriciano podem ser devido às várias fontes de emissão que a cidade apresenta, pois além dessas, apesar do tráfego de veículos da rodovia próxima, devem ocorrer fontes advindas das cidades industriais vizinhas: Ipatinga e Timóteo.A emissão de poluentes não atuam só no local, podem afetar regiões distantes de onde foram geradas (TURN et al.,1997). Os valores de MP10 para Ipatinga (TAB.1) se mostraram homogêneos para os dias amostrados e obedecem ao limite máximo de 150 µg/m3, padrão previsto em lei.
CONCLUSÕES: Mediante os resultados obtidos, concluiu-se que as concentrações de PTS variaram de acordo com as mudanças nas condições meteorológicas. Os resultados em geral estão dentro da norma firmada por lei. A cidade de Cel.Fabriciano apresenta uma tendência a maior concentração de PTS. As alterações nas fontes de emissões atmosféricas têm total influência na variação dos resultados. Os resultados apresentados são preliminares, serão ainda, realizadas análises dos filtros de MP10 para quantificação de metais pesados e conteúdo de SO2 nas amostras dos pontos amostrados, além do contínuo monitoramento.
AGRADECIMENTOS: Agradecemos à CAPES pela bolsa de estudo à Viviane M.R.ARAÚJO,à CENIBRA S.A e UnilesteMG pela viabilização do projeto, á Virlene L. Silveira, Michelly R. Rei.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1.BRAGA ALF, CONCEIÇÃO GMS, PEREIRA LAA, KISHI HS, PEREIRA JCR, ANDRADE MF, GONÇALVES LFT, SALDIVA PHN, LATORRE MRDO. Air pollution and pediatric respiratory hospital admissions in São Paulo, Brazil. J Environ Med 1999; 2 95102.
2.BRASIL. Lei Complementar nº 51, de 30 de dezembro de 1998 do Estado de Minas Gerais. Institui a Região Metropolitana do Vale do Aço, dispõe sobre sua organização e funções e dá outras providências.
3.BRASIL. Resolução CONAMA Nº 3, de 28 de junho de 1990. Dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR.
4.CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Relatório de Qualidade do Ar no Estado de São Paulo 2008. São Paulo: CETESB, 2009a. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/publicacoes.asp>. Acessado em: 20 de setembro de 2009.
5.IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Coronel Fabriciano - População e Domicílios - Censo 2000 com Divisão Territorial 2001. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acessado em: 22 de setembro de 2009.
6.SILVA CNC. Poluição do Ar. Ambiente Brasil. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./urbano/index.html&conteudo=./urbano/artigos/qualidade_ar.html>. Acessado em: 03 de março de 2010.
7.TURN SQ, JENKINS BM, CHOW JC, PRITCHETT LC, CAMPBEL D, CAHILL T, WHALEN SA. Elemental Characterization of Particulate matter emitted from biomass burning: Wind tunnel derived source profiles for herbaceous and wood fuels. Journal of Geopysical Reseach 1997; 102: 2683-99
8.USEPA – U. S. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - Reference Method for the Determination of Particulate Matter as PM10 in the Atmosphere. 40 CFR 50, Apêndice J, 1990. Disponível em: < http://www.epa.gov/lawsregs/search/40cfr.html> . Acessado em: 20 de setembro de 2009.