ÁREA: Ambiental

TÍTULO: BUSCA DE COAGULANTES NATURAIS PARA TRATAMENTO DE ÁGUA COLETADA NO RIO NEGRO-AM.

AUTORES: SARGENTINI E.C.P. (UEA) ; BOLSON M. A. (INPA) ; SARGENTINI JÚNIOR E. (INPA)

RESUMO: Sabe-se que muitas comunidades ribeirinhas além de não apresentam um sistema organizado de abastecimento de água por canalização, não recebem orientações e acompanhamento referente aos cuidados para diminuir a ocorrência das doenças de veiculação hídrica (PIATAM,2007). O objetivo principal desse estudo foi avaliar a eficiência do uso da polpa da raiz de macaxeira (Manihot esculenta Crantz), a tapioca extraída da polpa da macaxeira, córtex da raiz de macaxeira, quiabo em pó, pó do mesocarpo do coco de babaçu (Orbygnia martiana) e extrato aquoso de sementes de Moringa oleifera Lam como coagulante natural de origem vegetal, para remoção de cor e turbidez de água coletada no rio Negro. Contribuindo com a melhoria da saúde pública, garantindo água saudável e limpa para consumo e uso doméstico.

PALAVRAS CHAVES: rio negro, coagulante natural, tratamento de água.

INTRODUÇÃO: O modo de vida dos moradores ribeirinhos em relação aos hábitos na utilização dos recursos hídricos causa um problema na qualidade de vida, contribuindo para o acréscimo de doenças de transmissão hídrica, pois, não há restrições quanto ao o uso da água para o consumo humano (PIATAM, 2007; CUNHA & PASCOLATO, 2006). De acordo com a Portaria nº 518 de 25 de março de 2004 a água para uso doméstico tem que ser potável, ou seja, não podem conter microrganismos patogênicos e substâncias químicas tóxicas e/ou radioativas acima dos limites estabelecidos. Nos municípios situados na região do Alto Rio Negro no Estado do Amazonas, a principal fonte de abastecimento de água dos moradores ribeirinhos, é o rio Negro e seus tributários, e as maiores dificuldades enfrentadas por moradores dessas comunidades é em relação à coloração da água usada para consumo diário, que em geral é altamente túrbida, contendo material sólido em suspensão, bactérias e outros microrganismos (SARGENTINI et. al., 2001). A maioria das estações de tratamento de água (ETA’S), no Brasil utiliza sulfato de alumínio como coagulante por ser eficiente no tratamento e economicamente viável, mesmo sabendo que ele pode ser prejudicial aos seres humanos e ao meio ambiente (BORBA, 2001). O objetivo principal desde estudo foi avaliar a eficiência das sementes de Moringa oleifera Lam, juntamente com a polpa e o córtex da raiz da macaxeira (Manihot esculenta Crantz), a tapioca extraída da polpa da macaxeira, o pó do quiabo e o mesocarpo de coco de babaçu (Orbygnia martiana) para serem usados em substituição aos coagulantes químicos, na remoção de cor e turbidez, para serem usados por moradores ribeirinhos no tratamento de água coletada no rio Negro,AM.

MATERIAL E MÉTODOS: A parte experimental dessa pesquisa foi executada, no laboratório de Química Analítica Ambiental/INPA. A água testada foi coletada no rio Negro,o sítio de amostragem fica localizado à margem esquerda do rio, entre as confluências dos rios Tarumã Mirim e Tarumã Açu, a cerca de 20 km a oeste da Cidade de Manaus-AM. O coco babaçu foi adquirido durante uma excursão na região do Maranhão. O material foi identificado pela MSc. Ieda Amaral, botânica do INPA usando o método de comparação. As sementes de Moringa foram coletadas em fevereiro de 2009 na cidade de Manaus, a qual foi identificada e depositada no Herbário do INPA no 224.179. As espécies, macaxeira, quiabo que também foram testadas como coagulante natural, ainda serão identificadas. Os ensaios de coagulação/floculação foram baseados em dados da literatura escrita por Borba (2001), onde primeiramente foi adicionado em cada reator do Jar Test, 1 litro da água coletada, e previamente analisado os parâmetros: pH, condutividade, cor e turbidez. Posteriormente foram adicionadas massas que variaram de 0,4 a 2,8 g/L do material botânico, depois deste procedimento ligou-se o equipamento, na velocidade máxima de 120 rotações por minuto (rpm), durante 2 minutos, para mistura rápida, em seguida diminuiu-se a velocidade para 30 rpm, por cerca de 15 minutos, com o objetivo de consolidar a coagulação/floculação. Após o período de 10hr retirou-se uma alíquota de 100 mL de cada reator para análise. Os resultados das análises da água tratada foram comparados com os valores máximos permitidos para cor, turbidez e pH, estabelecidos na Portaria n.º 518/2004 (BRASIL, 2004). Todas as determinações dos parâmetros efetuadas durante o desenvolvimento das atividades foram analisadas de acordo com o Standard Methods APHA, (1994).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: A análise preliminar da água coletada revelaram que os parâmetros de cor, turbidez e pH foram de: 201,72 uH, 9,2 uT, condutividade 0,12 e 5.3 de pH,respectivamente evidenciando que a água coletada diretamente do rio Negro, não é própria para o consumo humano(PORTARIA N.º 518/2004) (Tabela 1). Visualizam-se os resultados dos testes de clarificação da água bruta com coagulante natural para as análises de cor, turbidez, condutividade e pH das diferentes espécies testadas na concentração de 1,6g/L com 10 horas de sedimentação Figura-1.Todos os resultados das determinações foram comparados com os padrões da Portaria n.º 518/2004. Para as análises de turbidez, os ensaios realizados com as sementes de moringa com o tempo de 10 horas de sedimentação, apresentaram valores parecidos comparando com os demais componentes testados, aproximando-se do limite aceitável (5uT), com exceção do ensaio usando o córtex da macaxeira que se manteve elevado. Para a avaliação do parâmetro de cor, somente no resultado obtido do teste colorimétrico feito com as sementes de moringa, o valor ficou próximo de zero, o qual se enquadrou dentro do limite aceitável estabelecido pelo órgão fiscalizador que é de 15 uH. Os demais ficaram fora dos padrões, pois contribuíram para o aumento da cor da água bruta. Analisando os resultados de condutividade, verifica-se que houve um acréscimo da condutividade em todos os ensaios realizados que provavelmente está relacionado à adição e ou complexação com o teor de matéria orgânica ou inorgânica na solução analisada, menos com a tapioca que se manteve parecido com o resultado da água bruta. O valor de pH da solução contendo sementes de moringa manteve-se próximo ao encontrado na água e estão fora dos padrões estabelecidos.






CONCLUSÕES: Concluiu-se os ensaios com as sementes de Moringa oleifera Lam na adição de 1,6g/L e 10 horas de decantação apresentam o potencial de coagulante natural por obter valores de cor turbidez e condutividade de acordo com a exigência do órgão fiscalizador, podendo ser usada como clarificante de água coletada no rio Negro, apresenta ainda a vantagem de ser um componente atóxico, biodegradável em relação ao sulfato de alumínio e não depende do pH da água a ser tratada.Os demais componentes testados como coagulantes naturais são viáveis por contribuir com o aumento da cor, turbidez e condutividade.

AGRADECIMENTOS: FUNASA,CNPQ.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: APHA – American Public Health Association. Standard methods for the examination for water and wastewater. 1994. 19 ed. Washimgton, D.C. APHA.
CUNHA, H.B.; PASCOATO, D. 2006. Hidroquímica dos rios da Amazônia. Centro Cultural dos Povos da Amazônia – CCPA, Manaus, Amazonas.
BORBA, L.R. Viabilidade do uso da Moringa oleifera Lam no tratamento simplificado de água para pequenas comunidades. 2001. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente)–Universidade Federal da Paraíba.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 518, de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 mar. 2004.
PIATAM - Projeto Piatam. 2007. Inteligência Socioambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia. Relatório de atividades Limnologia, Manaus, Amazonas.
SARGENTINI Jr, É.; ROCHA, J. C.; ROSA, A. H.; ZARA, L. F. Substâncias húmicas aquáticas: fracionamento molecular e caracterização de Rearranjos internos após complexação com íons metálicos. Quim. Nova, Vol. 24, No. 3, 339-344, 2001.
SOARES, A. A. Política de los Recursos Hidrícos. Revista de Mestrado em Direito nº1. Universidade Federal de Goiás, Goiânia. 2002.