ÁREA: Ambiental
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DA SÉRIE NITROGENADA E DO FOSFATO NO ESTUÁRIO DO RIO ANIL, SÃO LUIS – MA.
AUTORES: SANTOS, C.C (UFMA) ; RODRIGUES, E.H.C. (UFMA) ; COSTA, H.R. (UFMA) ; MELO, O.T. (UFMA)
RESUMO: O presente trabalho descreve dados da distribuição da concentração de nutrientes inorgânicos dissolvidos (NH4 +, NO3-, NO2-) e o fosfato (PO43-) ao longo de três pontos do estuário do Rio Anil, localizado na ilha de São Luís – MA, desde a área próxima a nascente (água doce) ate a foz (água salgada). Os resultados indicam características físicas e químicas bastante alteradas, tendo como principal causa, a forte pressão antrópica, em decorrência da falta de uma política publica de saneamento básico.
PALAVRAS CHAVES: série nitrogenada, estuário, pressão antrópica.
INTRODUÇÃO: A Bacia Hidrográfica do Rio Anil está localizada no quadrante N/W da ilha de São Luis – MA, possuindo aproximadamente 13,8 km de extensão [1] (Figura 1). Está alocada em uma área caracterizada por uma alta densidade demográfica, aproximadamente 8.575,35 habitantes/Km2. Diante desse aspecto, pode-se caracterizar a área como urbanizada e, consequentemente, exposta a pressões sócio-ambientais. Historicamente, a mesma vem sofrendo com os problemas associados ao grande adensamento populacional e, consequentemente, a ocupação das áreas mais baixas, onde estão localizados os manguezais e a várzea [2].
O Rio Anil recebe rejeitos orgânicos e inorgânicos, proveniente de efluentes domésticos e industriais da cidade de São Luís - MA. Quantidades excessivas destes nutrientes podem levar a um aumento drástico da produção orgânica, levando à eutrofização e seus efeitos indesejáveis no meio aquático.
Com a degradação acelerada dos ambientes estuarinos, diversas pesquisas têm sido realizadas com o intuito de determinar as mudanças na sua ecologia, estrutura e dinâmica. Essas iniciativas levantam informações necessárias ao planejamento de políticas de conservação do ecossistema, manutenção da qualidade da água e dos recursos pesqueiros, da aqüicultura e de atividades turísticas e de lazer. Dentre estes estudos, destacam-se os relacionados ao monitoramento dos aspectos químicos das águas dos estuários.
Objetiva-se com esse trabalho descrever as análises de nutrientes ao longo do estuário do Rio Anil e suas possíveis causas.
MATERIAL E MÉTODOS: A coleta foi realizada na baixa-mar em três pontos distintos do estuário do rio Anil (Figura 1), a saber: no bairro Anil, no bairro Caratatiua e na foz do rio no bairro São Francisco, respectivamente. Deliberou-se por realizar as coletas em períodos de vazante para melhor identificar a influência do rio - alvo visualmente maior aos aspectos ambientais negativos - na concentração dos parâmetros analisados. Para as análises, coletaram-se amostras de água superficial com auxílio de recipientes de 5L. Antes da retirada da amostra a ser encaminhada para análise dos parâmetros supracitados, inferiu-se in situ a salinidade e o pH. As amostras foram filtradas, para reter o material particulado em seguida foram diluídas, retirando-se 50mL desta e adicionando 200mL de água destilada. As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Oceanografia Química (UFMA).
Na análise de Nitrato, o material passou por uma coluna redutora de Cádmio, a fim de reduzir o nitrato a nitrito. Utilizou-se uma amostra de 25mL da solução reduzida, e adicionou-se 1mL de cada uma das Soluções de Sulfanilamida e N–naftil-etilenodiamina, esperando-se a viragem, até obter uma coloração rósea.
Na análise de amônia foi realizada adicionando 1,5mL de oxalato de amônio e 1,5mL de solução de iodomercurato de potássio alcalino à amostra de 20mL de água, esperando 24 h para se verificar a mudança de tonalidade. O fosfato presente na água foi quantificado, agregando a amostra 5mL da base de azul molibdênio e cloreto estanhoso, as amostras foram deixadas em repouso até mudar sua tonalidade para azul. Analisou-se o nitrito adicionando 0,5mL de iodeto de potássio e 0,5mL de amido a 25mL de amostra, verificando-se a mudança de cor. Finalmente, todas as amostras foram lidas no espectrofotômetro de absorbância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados de salinidade e do potencial hidrogeniônico (Figura 2) foram relevantes para limitar a influência do estuário do Rio Anil. O ponto 1 apresentou salinidade 0%o e o pH 6,4 - típico de águas interiores - evidenciando que esta área não sofre influencia da cunha salina. O ponto 2 a salinidade foi igual a 17%o confirmando sua localização na área media de mistura do Rio Anil; o pH foi 7,1 sendo influenciado pela salinidade. Já no ponto 3 a salinidade já foi mais expressiva, alcançando 30%o, e o pH aumentou chegando a 7,6.
Os níveis de NO3-, NO2- apresentaram variação, decaindo em direção a foz. Isso demonstra o processo de mistura, mais evidente próximo a área estuarina. A absorção do nitrogênio pelas raízes se dá sob a forma de NO3- ou NH4+, sendo então incorporado em aminoácidos para o organismo [3]. Os nitratos e os nitritos raramente se encontram nos sistemas naturais e o íon amônio pode ser particularmente perigoso em clima tropical.
No ponto 2, o íon amônia está 183 vezes acima do estabelecido pelo padrão CONAMA Nº 357/2005 [5] para águas salobras, e é importante ressaltar que a conversão em amônia não ionizada (NH3) é altamente tóxica para o ecossistema. O íon amônio pode ainda ser perigoso quando, por ação de bactérias nitrificantes, for oxidado para nitrato, pois a reação química envolve grande consumo de oxigênio, provocando por vezes a desoxigenação da água [4].
Em razão dos resultados (Figura 1) mostrados para os pontos 1 e 2, pôde-se inferir que as altas concentrações de íons da série nitrogenada (NO3-, NO2- e NH4+) e do íon fosfato são atribuídas ao despejo de efluentes, doméstico e industrial, sendo potencializada pela prática de desmatamento. Este último torna a ciclagem do nitrogênio deficiente, acumulando-o na coluna d'água.
CONCLUSÕES: Pode-se concluir que os níveis de nitrito e nitrato decaem na medida em que se aproxima da foz do rio, no estuário local onde há intensa mistura das águas e a vegetação está mais íntegra. Conforme mostram os resultados, o rio Anil é classificado como altamente eutrofizado, onde os nutrientes limitantes para os ecossistemas aquáticos encontram-se elevados e excedem as concentrações permitidas pela resolução CONAMA Nº 357/2005 [5]. Além disso, a quantidade elevada desses nutrientes classifica o rio como um ambiente anaeróbico atingindo a biodiversidade e a qualidade do corpo hídrico.
AGRADECIMENTOS: A UFMA, pelo apoio técnico concedido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: [1] LABOHIDRO, 1980. Estudos Bioecológicos nos Estuários dos Rios Anil e Bacanga – Ilha de São Luis-MA. (Relatório parcial).
[2] ALCÂNTARA, E. H. & SILVA, G. C. 2003. Conseqüências Ambientais da Intensa Urbanização da Bacia Hidrográfica do Rio Anil, São Luís – MA. In: VI Congresso de Ecologia do Brasil. Fortaleza – CE, Vol. VI, pp.271-271-273.
[3] BREDEMEIER, C.; MUNDSTOCK, C. M. 2000. Regulação da absorção e assimilação do nitrogênio nas plantas. In: Cienc. Rural vol.30 no.2. Santa Maria Mar./Apr., 2000.
[4] BOAVIDA, M. J. L. Problemas de qualidade da água: eutroficação e poluição. In: Biologias, no1, Janeiro de 2001. Lisboa – Portugal.
[5] Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA 357, 17 de março 2005.