ÁREA: Ambiental

TÍTULO: Emprego de gibbsita e caulinita na retenção de íons cromo

AUTORES: SOARES, L. C. (UFMG) ; SOUZA, E. (UFMG) ; YOSHIDA, M. I. (UFMG)

RESUMO: Neste trabalho, relatamos o estudo da retenção do íon cromo por gibbsita, um dos polimorfos do hidróxido de alumínio, e caulinita, um aluminossilicato natural, variando-se o tempo de contato entre a solução e as fases estacionárias, bem como a temperatura dos sistemas. Verificou-se que a gibbsita apresenta capacidade de retenção quase total dos íons em solução enquanto que a caulinita apresenta uma taxa de retenção de cerca de 50%.

PALAVRAS CHAVES: cromo, gibbsita, caulinita

INTRODUÇÃO: Encontram-se, na literatura, diferentes processos envolvendo tratamento de soluções contendo íons de metais pesados. Em geral, esses processos se baseiam na imobilização dos cátions metálicos e, conseqüentemente, podem reduzir os danos potenciais que o descarte puro e simples das soluções causaria no ambiente.
Entre esses métodos, o mais empregado para a remoção de metais pesados de efluentes envolve a retenção dos cátions metálicos através da adição de agentes precipitantes. Cita-se, por exemplo, o bom resultado obtido por SOUZA et al (2007) no tratamento de uma solução ácida contendo íons de cromo, ferro, estanho e manganês. No entanto e apesar de muito eficiente, a precipitação é um método de tratamento sujeito a críticas porque gera, ao final, um resíduo sólido e, assim, mais adia que resolve o problema. Além disso, a sua eficiência é limitada pela natureza do precipitado, e pelas dificuldades inerentes do seu emprego em grande escala. Entre os métodos alternativos, existem os que se baseiam em processos de adsorção e troca iônica. Como exemplos de fases estacionárias empregadas nestes métodos citam-se a diatomita e óxido de manganês (AL-DEGS et al., 2001); a vermiculita (CHUI, 2005); a escolecita (DAL BOSCO et al., 2004); a bentonita (NASSEM & TAHIR, 2001); a zeólita NaX (PERGHER et al., 2005) e outros.
Neste estudo, empregamos como fases estacionárias a gibbsita, um dos polimorfos do hidróxido de alumínio e a caulinita, um aluminossilicato natural.

MATERIAL E MÉTODOS: Massas exatas de amostras de gibbsita e caulinita foram submetidas à agitação promovida por um agitador rotativo, em velocidade de cerca de 80 rpm, durante 30 minutos, em banho de água na temperatura especificada no experimento. Foram empregadas soluções de cromo na concentração de 10 mg/L e variou-se a temperatura (10 e 25°C) e o tempo de contato da solução com a fase estacionária (repouso de 24 horas ou sem repouso). A determinação do cromo remanescente nas soluções foi realizada via espectrometria por absorção atômica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na tabela 1, são mostrados os resultados de todos os experimentos realizados com as amostras de gibbsita e caulinita. Na tabela, o nome da amostra é identificado pelo tipo de amostra (GIB de gibbsita e CAL de caulinita), temperatura (10 ou 25°C) e se a amostra permaneceu em contato durante 24 horas com a fase (sufixo R após o número 10 ou 25 que indica a temperatura). Analisando-se os resultados mostrados na tabela 1, verifica-se que a caulinita retém cerca de 50% da quantidade de cromo presente em solução enquanto que, para a gibbsita, a retenção é praticamente total.



CONCLUSÕES: A gibbsita apresenta retenção de cromo quase total nas condições estudadas, enquanto que a caulinita apresenta retenção de cerca de 50%. Logo, ambas as fases podem ser utilizadas com sucesso na eliminação de íons cromos presentes em soluções. Portanto, podem ser empregadas em tratamento, prévio ou definitivo, de resíduos aquosos contendo íons cromo.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: SOUZA, E.; SOARES L. C.; MIRANDA-PINTO, C. O. B.; WINDMOLLER, C. C. Desenvolvimento de uma metodologia simples e de baixo custo para o tratamento do resíduo gerado na “determinação de ferro em minerais por permanganimetria e dicromatometria”, Revista Analytica, v.31, p. 64-71, 2007.

AL-DEGS, Y.; KHRAISHEH, M. A. M.; TUTUNJI, M. F. Sorption of lead ions on diatomite and manganese oxides modified diatomite, Water Res., v.35 (15), p. 3724-3728, 2001.

CHUI, Q. S. H. Eng. Uso de vermiculita massapé paulistana como adsorvedora de metais, Sanit. Ambient. v.10 (1), p. 58-63, 2005.

DAL BOSCO, S. M.; JIMENEZ, R. S.; CARVALHO, W. A. Aplicação da zeólita natural escolecita na remoção de metais pesados de efluentes industriais: competição entre os cátions e processo de dessorção, Eclet. Quím., v. 29 (1), p. 47-56, 2004.

NASSEM, R.; TAHIR, S. S. Removal of Pb(II) from aqueous acidic solutions by using bentonite as an adsorbent, Water Res. v.35 (16) p. 3982-3986, 2001.

PERGHER, S. B. C.; CAOVILLA M.; DETONI, C.; MACHADO, N. R. C. F. Remoção de Cu2+ de soluções aquosas em zeólita NaX. Efeito da granulometria, Quím. Nova, v.28 (3) p. 397-401, 2005.