ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: DISPONIBILIDADE DE ELEMENTOS TÓXICOS EM FERTILIZANTES ORGÂNICOS UTILIZADOS NA CAFEICULTURA DO SUDOESTE DA BAHIA

AUTORES: CHAGAS, D. S. ( UESB) ; AZEVEDO, A. S. (UESB) ; SOUZA, M. M. (UESB) ; SANTOS, J. S ( UESB) ; SANTOS, M. L. P. (UESB)

RESUMO: Atentando a um mercado consumidor que busca os chamados alimentos "orgânicos", existem
cafeicultores que produzem sem o uso de adubos químicos e agrotóxicos. O uso de dejetos
de animais é uma possível solução pois permite que elementos minerais e a matéria
orgânica contida neles retornem ao solo, beneficiando às propriedades do solo. Porém,
estes resíduos podem apresentar elementos tóxicos à saúde humana. Logo com intuído de
verificar a possibilidade de tais disponibilisação foi elaborado um estudo em amostras
resíduais de bovinos, caprinos/ovinos, suínos, e cama de galinha coletadas em Vitória
da Conquista-BA. Onde foram analisadas por absorção atômica por chama(FAAS),
verificando que o uso desses fertilizantes para adubação poderão disponibilizar metais
pesados e nutrientes para o solo.

PALAVRAS CHAVES: fertilizantes orgânicos, metais pesados, dejetos

INTRODUÇÃO: A qualificação "orgânica" vem chamando a atenção de um número expressivo de
cafeicultores, que visam cada vez mais um manejo baseado em conceitos novos de
sistema de produção como "Agroecológico" e "Auto-sustentável, produzindo sem uso de
adubos químicos e agrotóxicos agredindo menos o meio ambiente. Como no meio rural as
grandes quantidades de dejetos de animais tem se tornado um problema ambiental devido
a sua inadequada disposição no ambiente; a utilização desses resíduos como
fertilizantes orgânicos, tem-se tornado uma possibilidade promissora para uma
destinação final adequada desses rejeitos. A reciclagem agrícola dos dejetos permite
que elementos minerais e a matéria orgânica contida neles retornem ao solo, aonde
servirão aos vegetais como nutrientes trazendo benefícios às propriedades do solo.
Porém, algumas questões devem ser observadas, pois, estes resíduos podem apresentar
elementos tóxicos à saúde humana, de forma que seu caráter poluente deve ser
considerado. SEGANFREDO (2005), diz que entre metade da déc. de 80 e até o final dos
anos 90, o uso como fertilizante orgânico do solo, geralmente era tratado como se
fosse a solução definitiva para os riscos de poluição causada pelos dejetos.
Atualmente, já visualiza-se a necessidade de avaliar qual o real potencial
nutricional e os possíveis contaminantes contidos nesses resíduos com aptidão para
reciclagem na agricultura, particularmente, sobre os metais pesados. Com isso, o
trabalho tem como objetivo avaliar a disponibilidade de Cádmio, Chumbo, Níquel,
Cobre, Zinco e Manganês, nos dejetos de bovinos, suínos, caprinos/ovinos e cama de
galinha (esterco + maravalha) que são aplicados como fertilizantes orgânicos no
manejo de cafezais do Sudoeste da Bahia.

MATERIAL E MÉTODOS: Foram coletadas amostras de dejetos de bovinos, caprinos/ovinos, suínos, e cama de
galinha. Sendo as duas primeiras amostras coletadas nos setores de bovinocultura e
caprino e ovinocultura, do campos de Vitória da Conquista da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia – UESB e as ultimas, coletadas em uma granja localizada na zona
rural do município de Vitória da Conquista, no Sudoeste da Bahia. As amostras foram
secas em estufa a 60°C por 48 horas até peso constante e moídas em moinho de faca.
Para extração dos metais, pesou - se 1 g da amostra diretamente em uma bomba de
teflon, a seguir adicionou-se 6 mL de HNO3 concentrado onde as amostras foram
submetidas a um tratamento de extração por irradiação feita em microondas. O conteúdo
foi transferido para um balão de 25 mL e completado com água ultrapura para análise
da biodisponibilidade dos metais pesados Cádmio, Chumbo, Níquel, Cobre, Zinco e
Manganês, por absorção atômica por chama (FAAS).

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados apresentados na figura abaixo mostram que entre os metais avaliados nas
amostras de dejetos animais, somente o Cd não foi detectado. MALAVOLTA (1994) diz que
as concentrações totais dos elementos Cu e Zn consideradas excessivas do ponto de
vista de fitotoxicidade são: 60-125 mg Kg-1 para o Cu e 70-400 mg Kg-1 para o Zn. Com
isso, os teores de Cu e Zn que apresentam os seguintes valores respectivamente
variando entre 12,93-65,89 mg Kg-1 e 108,97-181,25 mg Kg-1, respectivamente. Logo,
os teores dos metais nos dejetos avaliados, encontram-se abaixo dos níveis de
fitotoxicidade. Os resultados apresentados no gráfico abaixo evidenciam também, os
elevados níveis de nutrientes nas amostras analisadas. O Mn foi encontrado em
elevadas concentrações, variando entre 152,82-782,90 mg Kg-1. Os teores de Mn para as
três amostras de dejetos de bovinos, suínos e caprino/ovino não variaram muito,
porém, o dejeto de origem avícola apresentou uma maior disponibilidade com relação
aos demais dejetos, isso deve-se, possivelmente, ao uso de suplementos alimentares
utilizados pelas granjas, onde o excesso é disponibilizado nas fezes.



CONCLUSÕES: Os resultados apresentados evidenciam que as amostras analisadas dos dejetos de
caprinos/ovinos, bovinos, suínos e cama de galinha poderão disponibilizar metais
pesados e nutrientes para o solo e planta.
Contudo conclui-se que, faz-se necessário o devido cuidado na utilização desses
dejetos, é válido ressaltar também que ao contrário dos fertilizantes químicos, os
dejetos de animais possuem composição química muito variável, devido à alimentação e
manejo da água empregados nos criatórios, por isso, análise química de quaisquer
resíduos antes da sua utilização, é de suma importância.

AGRADECIMENTOS: A Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB
A CNPq, pelo apoio financeiro.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ANDREOLI, C. V.; SPERLING, M. Von; FERNANDES, F. 2001. Lodo de esgoto: tratamento e disposição final. Belo Horizonte: UFMG / SANEPAR.
MALAVOLTA, E. 1994. Fertilizantes e seu impacto ambiental: metais pesados, mitos, mistificação e fatos. São Paulo: ProduQuimica.
SEGANFREDO, M. A. 2005. Dejetos de suínos: hora de reavaliação. Concórdia: EMBRAPA – CNPSA.