ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DA ÁGUA DA COMUNIDADE DE SANTANA DO AURÁ (ANANINDEUA -AP).

AUTORES: DINIZ, J.E.M. (UEAP) ; CORRÊA, F.E.P (UFPA) ; MENDES, A.S. (UFPA) ; SANTOS, C.B.R. (UEAP) ; LIMA, M.M.G. (UEAP) ; GOMES, J.E.H. (UEAP)

RESUMO: Este estudo tem como finalidade avaliação quantitativa da água proveniente de poços artesianos e amazonas de moradores residentes na localidade de Santana do Aurá, distrito de Ananindeua na região metropolitana de Belém-PA, através de análises físico-químicas das amostras dos poços, onde estas águas são consumidas diariamente pela população da respectiva região sem nenhum tipo de preocupação em relação a tratamentos primários, como filtrar ou ferver. Os resultados foram comparados com as normas e padrões estabelecidos pela Resolução nº 20/1986 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) quanto à qualidade das mesmas com a finalidade a que se destinam.

PALAVRAS CHAVES: água, análises e físico-químicas

INTRODUÇÃO: Para ser saudável, a água não pode conter substâncias tóxicas, vírus, bactérias ou parasitos. Água infectada é a água contaminada com organismos patogênicos (BRANCO, 2003).
Parte da água, seja ela proveniente de chuvas, de rios, de lagos, infiltra-se no solo ocupando, juntamente com o ar, o espaço entre os fragmentos que o compõe. Esta água constitui o chamado lençol freático. O lençol de água subterraneo é denominado lençol artesiano. Para a extração da água dos lençois subterrâneos, freáticos ou artesianos, são utilizados poços rasos ou poços profundos. Normalmente, o lençol freático vai penetrando no solo até alcançar um maciço rochoso ou um solo quase impermeável, como um solo argiloso, onde pode se depositar ou servir de leito para a assim chamada água subterrânea, que é um fluxo de água sob o solo, que ocupa todos os seus espaços vazios.
O Aterro Sanitário do Aurá, onde todos os dias são despejados cerca de 1.300 toneladas/dia de lixos provenientes do município de Belém e dos que compõem a Região Metropolitana: Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará. O estudo foi realizado na localidade de Santana de Aurá, no município de Ananindeua, nas proximidades do depósito de resíduos do Aurá e o Lago Água Preta. Na sua porção central encontram-se extensas áreas pertencentes ao Ministério da Defesa (Exército) e à EMBRAPA. Ao Sul encontram-se áreas de baixadas cobertas com densa vegetação que se estendem até o Rio Guamá; a Leste a área limita-se com o depósito de resíduos sólidos do Aurá e a Oeste está o Lago Água Preta. O acesso principal à área é feito por estrada que a corta no sentido norte-sul.
Nesse estudo iremos fazer análises físico-químicas sobre a possibilidade de contaminação da água consumida pelos moradores dessa localidade.

MATERIAL E MÉTODOS: A primeira etapa de coletas foi realizada no período chuvoso no dia 05 de novembro de 2009 pela manhã devido à menor temperatura da água e maior concentração de oxigênio dissolvido, sendo que as amostras 1, 2 e 4 foram coletadas em residências e a amostra 3 em uma creche situada no entorno do aterro sanitário do Aurá. A segunda e a terceira etapas de coletas foram realizadas no dia 22 de novembro de 2009 e 06 de dezembro de 2009 obedecendo os mesmos critérios de local e hora da primeira coleta.
As amostras foram identificadas de acordo com os códigos a seguir:
P1 – poço comunitário
P2 – poço individual
P3 – poço da creche
P4 – poço do restaurante
Todos os poços estão localizados no entorno do muro que separa o lixão das residências e da creche.
 Poço comunitário (P1): Construído manualmente, está localizado a cerca de 900 m do lixão e tem cerca de 1 m de diâmetro e 12 m de profundidade.
 Poço individual (P2): Construído com uma perfuratriz, tem cerca de 8 m de profundidade e 40 cm de diâmetro, estando localizado a 500 m do lixão, a água é retirada utilizando uma bomba e armazenada em uma caixa d’água de 500L.
 Poço da creche (P3): Construído manualmente, está localizado a cerca de 200 m do lixão, tem 1,2 m de diâmetro e 6 m de profundidade.
 Poço do restaurante (P4): Construído manualmente, tem 7 metros de profundidade com 1 m de diâmetro sendo a água captada através de bomba d’água, está situado a 1000 m do lixão.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados das análises físico-químicas qualificaram as amostras provenientes dos poços 1, 3 e 4, tendo valores de pH ácido, indicativo de que os elementos alcalinos Na, K, Ca e Mg, que são de alta mobilidade geoquímica pelos processos intempéricos, foram lixiviados e migraram, sendo comprovado pelos valores de alcalinidade relativamente baixos, nestes poços, embora essas amostras tenham apresentado um pH levemente ácido um pouco abaixo de 5 que é o recomendado pelos órgãos responsáveis, ainda assim podem ser consumidas sem acarretar graves problemas para a saúde humana, já o poço 2 está fora dos padrões de consumo e normas do CONAMA, estando a sua água imprópria para o consumo humano, devido apresentar pH ácido, próximo de 4 abaixo do recomendado pelos órgãos competentes, essa acidez pode ser atribuída por causa da acidez dos poços 1, 3 e 4, e podendo ocorre devido a presença de ferro e alumínio já que o solo da região e de natureza lateritica. Esses elementos sofrem o processo de hidrólise originando um pH ácido e fora dos padrões, conforme mostrado na Tabela 1.



CONCLUSÕES: Os resultados das amostras, mostraram que o poço 2 está fora do padrão de potabilidade e não deve ter sua água ingerida pelo ser humano, apresentando problemas sérios de acidez e teor de ferro bastante acima do recomendável para o consumo humano e presença de coliformes fecais alem de ter acidez, alcalinidade, cloretos, oxigênio dissolvido baixos e presença de matéria orgânica é um indicativo de poluição de natureza orgânica.
Os dos poços 1, 3 e 4 estão dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde e também dos padrões estabelecidos pelo CONAMA apesar de terem apresentado pH levemente ácido, a água desses poços podem ser consumidas sem acarretar danos a saúde humana.


AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRANCO, S. M. Água: uso e conservação. Moderna (coleção premiada) 2ª ed. São Paulo, 2003.

CONAMA. Manual de Laboratório para Controle de Qualidade de Água. Resolução N° 20, de Junho de 1986.

MINISTÉRIO DA SAÚDE - Portaria Nº 518, de 25 de Março de 2004. Disponível do site http:// www.dtr2001.saúde.gov.Br/svs/amb/pdfs/portaria_518.pdf. Acesso em 10/11/2009.