ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: CONTROLE FÍSICO QUÍMICO DE AMOSTRAS DE ÁGUA SANITÁRIA COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE NOVA SERRANA (MG)

AUTORES: VIEIRA, C. A. (UNIFENAS,UNA) ; SANTOS, J. M. (UNIFENAS) ; SANTOS, W. G. R. (UNIFENAS) ; SANTOS, R. B. (FAMINAS, UNE) ; GOLVEIA, M. I. (FAMINAS) ; ALVES, R. S. (UNIFENAS, UN) ; VIEIRA, P. N. A. (FUNEDI-UEMG)

RESUMO: Foram avaliadas cinco marcas de água sanitária comercializadas na região de Nova Serrana – MG. A solução de água sanitária deve ter concentrações de 2,0% a 2,5%m/m de hipoclorito de sódio (ANVISA). Pode ser utilizada para tratamento de água para consumo humano e sanitização de hortifruticolas, ambientes hospitalares, dentre outras aplicações. Para que a mesma possa exercer sua total efetividade, é necessário que o produto apresente qualidade, no que se refere às propriedades físicas e químicas. Análises foram realizadas para comprovação do teor de cloro existente nas amostras. Os ensaios foram realizados pelo método iodométrico. Verificou-se que duas amostras mostraram-se fora das especificações, sendo ambas impróprias para diluiições, no que diz respeito ao teor de cloro ativo.

PALAVRAS CHAVES: água sanitária, cloro ativo, sanitização

INTRODUÇÃO: O uso do hipoclorito de sódio como anti-séptico teve inicio no fim do século XVIII e ficou conhecido naquela época como água de Javelle (solução que continha carbonato de sódio e hipoclorito de potássio). Em 1820, o químico Francês La Barraque introduziu o hipoclorito de sódio com 2,5% (cloro ativo), ficando assim conhecido com o nome de licor de La Barraque e passou a ser utilizado como anti séptico de feridas. Somente em 1915 o químico americano Dakin observou que ao tratar as feridas com hipoclorito de sódio à 2,5%, se obtinha anti-sepsia, no entanto a cicatrização tornava-se demorada, pois essa solução era irritante à pele. Para abrandar tal efeito, Dakin diluiu a solução ate chegar a concentração de 0,5% de cloro ativo. Desde então o hipoclorito de sódio a 2,5% passou a ser utilizado para outros fins (LUDWIG et al, 2006). O hipoclorito de sódio é popularmente conhecido como água sanitária também denominada água de lavadeira (ZENEBON et al,1994).
É uma solução aquosa com o teor ativo de cloro entre 2,0 % a 2,5 % m/m, é amplamente utilizada desde o alvejamento de objetos ao tratamento de água e sanitização. A solução apresenta ação microbicida, pois espécies oxi-cloradas, como o íon clorato, têm a capacidade de se difundir através de membranas celulares e reagir com os aminoácidos que compõe as proteínas, alterando sua estrutura tridimensional, inativando-as. Sendo uma solução tão importante, torna-se indispensável a realização do seu controle de qualidade, pois segundo a FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), 42% da água sanitária utilizadas no país são produzidas em fábricas de “fundo de quintal” e nem sempre primam pela qualidade, além dos fatores relacionado a estabilidade do produto.


MATERIAL E MÉTODOS: Selecionou aleatoriamente 5 amostras de água sanitária distribuídas no município de Nova Serrana – MG. Antes da aquisição, foi verificado data de fabricação, estética do produto (embalagens lacradas e limpas) e informações contidas nos rótulos. As amostras foram acondicionadas em caixas de isopor para transporte até o laboratório onde as mesmas foram analisadas.
Para realização do ensaio de teor de cloro ativo nas soluções de água sanitária, mediu-se 1 mL da amostra e transferiu-se para um erlenmeyer. Juntou com, aproximadamente 100 mL de água deionizada, 4 mL de solução de ácido acético a 30% e 5 mL de iodeto de potássio a 3,3%. Iniciou-se a titulação com tiossulfato de sódio a 0,025 N sob agitação constante e quando a solução tornou-se amarelo claro, adicionou-se 6 gotas da solução de indicadora (solução de amido) com o auxilio de um conta gotas. O ponto final foi verificado pela mudança de cor. Observou mudança do meio de amarelo castanho para coloração azul escuro e pela continuidade da adição de titulante, passava-se para a transparência. Cada ensaio foi realizado em triplicata, realizando também o ensaio do "branco".
Os volumes de titulante para a aferição da concentração das amostras foi calculado mediante a expressão: g/L de Cl2 = ml de Na2S2O3 x N do Na2S2O3 x 35,453 / volume de solução titulada.
O resultado foi convertido em teor.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 1994) soluções a base de hipoclorito de sódio devem conter um teor entre 2,0% m/m a 2,5%m/m, e ter um prazo máximo de validade de seis meses. Siqueira (2000) esclarece ser o período ou prazo de validade de uma preparação, o tempo em que esse produto permanece quimicamente estável, entre outros, aceitando-se geralmente até o limite de 10% de perdas no teor da substância química, antes de considerar-se o produto vencido.
Segundo BORIN et al, 2006 a British Pharmacopoeia (1993), aconselha-se armazenar as soluções a base de cloro em frascos bem fechados, protegidos da luz e do calor.
De acordo com os resultados obtidos, duas amostras apresentaram-se com concentração de cloro ativo diferentes das especificações (de 2,0% à 2,5%m/m), sendo as mesmas impróprias para a utilização mediante diluições. Uma das amostras apresentou teor inferior a 2,0%. Neste caso, a forma de armazenamento pode ter sido o principal fator que contribuiu para a perda de cloro da solução, pois a embalagens não apresentava-se hermeticamente. A outra amostra apresentou teor superior ao preconizado (2,5%). Para explicar tal evento, recorre-se a Borin et al, (2006), afirmando que alguns fabricantes produzem a solução de água sanitária com teor de cloro acima do especificado para assegurar a potenciabilidade do produto por mais tempo.


CONCLUSÕES: O Controle de qualidade é uma ferramenta indispensável para a garantia das boas práticas de fabricação e produção. Os ensaios de teor realizados nas soluções de água sanitária disponíveis na região de Nova Serrana – MG, revelaram que, parte das amostras apresentaram conformidade. Duas das cinco estavam fora das especificações, apresentando teores menor e maior ao preconizado pela ANVISA. Em ambos os casos, o consumidor final será lesado, pois o produto não terá a concentração indicada. Ressalta a importância da maior fiscalização por parte da Anvisa frente aos fabricantes de água sanitária.

AGRADECIMENTOS: A UNIFENAS - Divinópolis - MG e ao colaborador Madson Camargos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Portaria nº 89, 25 de agosto de 1994. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 26 de agosto de 1994. Disponível em: <http://www.anvisa .gov.br>. Acesso em: 25 set. 2009.

BORIN, et al. Analise da concentração e do ph de diferentes soluções de hipoclorito de sódio encontradas no mercado. Stomatos, Canoas, v. 12, n. 23, p. 29-34, jul/dez. 2006.

BRITISH PHARMACOPOEIA. London: her Magesty’s Stationery Office, 1993.

Detergente, 2009 Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS (FIPE). Pirataria atinge a 42% da água sanitária vendida, 2009. Disponível em: <http://www.fipe.org.br/ web/index.asp>. Acesso 25 set. 2009.

SIQUEIRA, Evandro Luiz. Estabilidade química da solução de hipoclorito de sódio a 0,5% p/v. Ecler Endod, v. 2, n. 3, p. 1-39. 2000.