ÁREA: Química Analítica

TÍTULO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA CONSUMIDA PELA COMUNIDADE DE SANTANA DO AURÁ E ÁREAS ADJACENTES (ANANINDEUA-PA)

AUTORES: DINIZ, J. E. M. (UEAP) ; CORRÊA, F. E. P. (UFPA) ; MENDES, A. S. (UFPA) ; SANTOS, C. B. R. (UEAP) ; LIMA, M. M. G. (UEAP) ; GOMES, J. E. H. (UEAP) ; MELO, M. V. (UEAP)

RESUMO: Este estudo tem como finalidade realizar uma avaliação qualitativa da água proveniente de poços artesianos e amazonas de moradores residentes na localidade de Santana do Aurá, distrito de Ananindeua na região metropolitana de Belém-PA, através de determinações dos seguintes parâmetros: Temperatura, pH, Alcalinidade, Cloretos, Cloro Residual, Ferro, Oxigênio Dissolvido, Matéria Orgânica, Coliformes totais e Coliformes fecais das amostras dos poços. Os resultados qualitativos, mostraram que o poço 2 está fora do padrão de potabilidade e não deve ter sua água consumida pelo ser humano, enquanto a água dos poços 1, 3 e 4 estão dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria nº 518/2004 do Ministério da Saúde e dos padrões estabelecidos pelo CONAMA/1986.

PALAVRAS CHAVES: água, análises e potabilidade.

INTRODUÇÃO: Desde o início da bacteriologia sanitária, marcada pela observação de Escherich em 1885, que o Bacillus coli (Escherichia coli) poderia ser usado como indicador de avaliação da contaminação fecal da água, as bactérias do grupo coliforme têm sido extensivamente utilizadas na avaliação qualidade da água, sendo até hoje o parâmetro microbiológico básico incluído nas legislações relativas às águas para consumo humano. Para a avaliação das condições sanitárias de uma água, utilizam-se bactérias do grupo coliforme, que atuam como indicadores de poluição fecal, pois estão sempre presentes no trato intestinal humano e de outros animais de sangue quente, sendo eliminadas em grandes números pelas fezes. A presença de coliformes na água indica poluição, com risco potencial da presença de organismos patogênicos, uma vez que são mais resistentes na água do que as bactérias patogênicas de origem intestinal.
No Aterro Sanitário do Aurá são despejados cerca de 1.300 toneladas/dia de lixo provenientes de Belém (PA) e dos municípios que compõem a Região Metropolitana: Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará. Situado na região metropolitana de Belém à margem do Rio Aurá, na divisa com o município de Ananindeua, na localidade Santana do Aurá distante 13 Km do centro de Belém, habitam cerca de 1000 famílias divididas em várias comunidades, onde a maioria das pessoas que moram nesse local sobrevivem do reaproveitamento do lixo doméstico e industrial como restos de alimentos, metais, plásticos, madeira e papel que são revendidos ou reciclados. Nesse trabalho faremos um estudo sobre a possibilidade de contaminação da água consumida pelos moradores dessa localidade, proveniente do lençol freático, por infiltração no subsolo do chorume derivado do depósito de resíduos do Aurá.

MATERIAL E MÉTODOS: Este método detecta coliforme (totais e fecais) em água, através do teste de Presença-Ausência (P/A), avaliando a qualidade bacteriológica da água para consumo humano. O Meio de cultura P/A preparado com 39g de caldo lactosado, 52,5g de caldo lauril, 0,0255g de púrpura de bromocresol, 1000ml de Água destilada. O Caldo lactosado com verde brilhante e bile a 2% (mistura B) continha 10g de Peptona, 10g de Lactose, 20g de Bile de boi desidratada, 0,0133g de verde brilhante, 1000ml de Água destilada. O Meio E.C. com 20g de Triptose, 5g de Lactose, 1,5g de sais biliares nº3, 4g de Fosfato de dipotássio, 1,5g de Fosfato monopotássio, 5g de Cloreto de sódio, 1000ml de Água destilada. Dosar 100 ml das amostras em proveta estéril e proceder à inoculação, vertendo esse volume no frasco contendo o caldo P/A, sem entrar ar no tubo de Durham. Incubar a 35 ± 0,5ºC por 24 h, e após, faz-se a 1ª leitura, considerando como positivo a acidificação do meio (mudança de sua coloração de púrpura para amarelo), com ou sem produção de gás. Para resultado negativo, retornar os frascos à incubadora por mais 24 horas, efetuando a leitura final conforme especificado acima. Submeter as culturas com resultado presuntivo ao teste confirmativo, para coliformes totais e diferenciação de coliformes fecais. Retirar um inóculo da cultura positiva em caldo P/A. Agitar o frasco, flambar a boca do mesmo antes de colher os inóculos, e repetir a operação. Transferi-lo para um tubo contendo mistura B e incubar a 35 ± 0,5ºC, por 24-48 h e para tubo contendo o meio E.C. Incubar a 44,5 ± 0,2°C, em banho-maria agitando por 24 h. Após, fazer as leituras e considerar positivo para coliformes totais a produção de gás a partir da fermentação da mistura B. Coliformes fecais estão presentes se produzir gás no meio E.C.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: O poço 2 apresenta pH próximo de 4, abaixo do recomendado pelos órgãos competentes, o que pode ser atribuída a mesma causa dos poços 1, 3 e 4. Devido à presença de ferro e alumínio o solo da região é de natureza laterítica. Esses elementos sofrem o processo de hidrólise originando um pH ácido e fora dos padrões (CONAMA, 1986; WHO, 1993). Por decomposição da matéria orgânica que origina os ácidos fúlvicos e húmicos que contribuem para essa diminuição, sendo detectado um índice de coliforme fecais e totais bastante significativo, o que pode ter provocado tal contaminação no poço sem nenhuma proteção e próximo de uma fossa(sanitário), o que compromete diretamente a qualidade da água, haja vista que a privada e o poço tem profundidades próximas. Além da residência está situada próximo do aterro sanitário do Aurá, podendo o chorume, também contribuir e comprometer, em partes, a qualidade da água. Para coliformes totais, o resultado final é emitido com base nos resultados obtidos no caldo lactosado com verde brilhante e bile a 2%, sendo expresso como: Presença ou ausência de coliformes totais/100 ml. Para coliformes fecais, o resultado final é baseado no meio E.C.expresso como: Presença ou ausência de coliformes fecais/100 ml. É interessante observar que a acidez (comprova o pH baixo da água), alcalinidade (comprova a elevada acidez), cloretos (valores elevados de condutividade mostram ambientes altamente lixiviados causados pela alta pluviosidade e temperaturas), oxigênio dissolvido (ausência de influência antropogênica foi refletida nos baixos valores de oxigênio consumido nos poços 1, 3 e 4 mostrando a pouca presença de matéria orgânica. No poço 2 o valor de oxigênio consumido reflete a influência antropogênica, confirmado por teste coliformes fecais e totais deste poço.



CONCLUSÕES: Os resultados qualitativos mostram que o poço 2 está fora do padrão de potabilidade e não deve ter sua água ingerida pelo ser humano, com teor de ferro e acidez acima do recomendável, presença de coliformes fecais e matéria orgânica, alcalinidade, cloretos e baixo teor de oxigênio dissolvido. Os poços 1, 3 e 4 apresentam pH levemente ácido, mas têm água potável conforme padrões da Portaria nº 518 de 25/03/2004 do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Meio Ambiente pode ser consumida sem acarretar danos a saúde humana, embora mereça maior atenção dos órgãos públicos e Prefeitura local.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 518, 25 de março de 2004
BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução 20/86. Diário Oficial da União. Brasília. 30/07/1986