ÁREA: Iniciação Científica

TÍTULO: HORTA FELIZ: UMA ATIVIDADE ALTERNATIVA E INTERDISCIPLINAR NO ENSINO DE QUÍMICA

AUTORES: SANTOS, A. D. O. (IFPB) ; FALCÃO, B. G. (IFPB) ; VASCONCELOS, E. S. (IFPB) ; OLIVEIRA NETO, E. L. (IFPB) ; JESUS, J. C. B. J. (IFPB) ; SILVA, J. P. (IFPB) ; QUEIROZ, M. F. V. (IFPB) ; SILVA, M. J. (IFPB) ; OLIVEIRA, S. M. (IFPB) ; MARQUES, S. D. G. (IFPB/UFPB) ; MOREIRA, T.S. (IFPB)

RESUMO: Este trabalho objetivou a construção de uma horta a partir de materiais alternativos,
com foco na sensibilização e motivação do alunado para temas como reciclagem e
compostagem de resíduos orgânicos. A “Horta Feliz”, assim denominada, foi construída
com materiais alternativos como garrafas PET, pneus e restos de comidas. A compostagem
foi o assunto chave para trabalhar interdisciplinarmente conteúdos de química e
biologia numa aula teórico-prática. Na avaliação do projeto, foram aplicados dois
questionários: um pré e um pós. Com estes, pode-se verificar um avanço no que tange a
conscientização dos alunos em relação a temas ambientais. Deste modo, a atividade se
caracteriza como uma proposta viável para o ensino interdisciplinar com abordagem
ambiental.

PALAVRAS CHAVES: interdisciplinaridade, ensino de química, meio-ambiente.

INTRODUÇÃO: Uma grande dificuldade encontrada pelos professores no ensino de ciências é integrar
de forma interdisciplinar conceitos presentes em disciplinas como Biologia, Física,
Matemática e Química.
Esses conhecimentos, distanciados uns dos outros e da realidade de onde emerge,
produzem fragmentos de informações, desagregados e até mesmo antagônicos, todos tidos
como legítimas representações da realidade (LUCK, 1994, p. 21).
Refletir sobre tais implicações educacionais é tarefa fundamental do educador que
está comprometido com a formação da cidadania, o qual precisa sempre buscar ações que
permitam favorecer o desenvolvimento da capacidade crítica e o interesse por assuntos
comunitários (SANTOS, 2003, p. 34).
Segundo JACOBI (2003), “a reflexão sobre as práticas sociais, num contexto marcado
pela degradação permanente do meio ambiente, envolve uma articulação com a produção
de sentidos sobre a educação ambiental. Esta dimensão ambiental configura-se
crescentemente como uma questão que envolve um conjunto de atores do universo
educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas de conhecimento numa
perspectiva interdisciplinar.”
Tomando-se como referência o fato de a maior parte da população brasileira viver em
cidades, observa-se uma crescente degradação das condições de vida, refletindo uma
crise ambiental. Neste aspecto um dos maiores problemas atuais com que a sociedade
moderna se depara, é o lixo urbano.
Nessa perspectiva, este projeto propõe a elaboração de uma horta, utilizando a
compostagem de resíduos orgânicos e a reciclagem de garrafas PET, como uma prática
educativa com alunos do Ensino Médio, tendo como objetivo a motivação e a
sensibilização dos mesmos quanto à necessidade de se enfrentar concomitantemente a
degradação ambiental e os problemas sociais.


MATERIAL E MÉTODOS: O Projeto “Horta Feliz” foi desenvolvido dentro da disciplina de Laboratórios com
Materiais Alternativos I pelos alunos do curso superior em Licenciatura em Química do
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba – Campus João Pessoa
(IFPB).
Tendo em vista uma abordagem qualitativa, a técnica metodológica utilizada foi
baseada na pesquisa-ação. Esta, segundo Severino (2007, p. 120), é descrita como
aquela na qual além de compreender, propõe interferir na realidade com vistas a
modificá-la.
As plantações na Horta Feliz foram realizadas em três ambientes e utilizando-se de
materiais alternativos: plantação em garrafas PET, em pneus e direto na terra. Os
pneus foram dispostos no chão, e para o plantio foram cheios com o adubo produzido em
uma composteira no IFPB/JP.
Já as garrafas PET foram cortadas no meio de modo que ficassem com suporte para a
colocação da terra preta e ainda foram feitos furos para o escoamento da água. Depois
elas foram penduradas em um arame que ficou amarrado a uma parede, e em seguida
plantaram-se as sementes.
A aplicação do projeto aconteceu em dois momentos: o primeiro na sala de aula e o
segundo na “Horta Feliz”. Na primeira parte, foi aplicado um questionário abordando
temas como compostagem, reciclagem e elementos químicos nas plantas. Em seguida foi
ministrada uma aula, com uma abordagem interdisciplinar de modo bastante
contextualizado e dinâmico.
Na Horta Feliz, os alunos puderam observar as plantas, analisar a reciclagem dos
materiais, aprender a fazer uma composteira e ajudar na sua produção. Logo após a
conclusão da aula, outro questionário, na qual continha as questões do pré-
questionário e três referentes à aplicação do projeto, foi aplicado.



RESULTADOS E DISCUSSÃO: Por meio dos questionários aplicados puderam-se analisar os conhecimentos dos alunos
acerca dos conteúdos abordados por este projeto, além do nível de conscientização e
contribuição deles em relação à reciclagem.
O gráfico da figura 1 se refere ao desempenho dos alunos quanto aos acertos das
quatro questões abordadas em ambos os questionários. Em relação às três primeiras
perguntas, notou-se significativo avanço, uma vez que após a aula todos os discentes
responderam corretamente.
Em relação à quarta questão no pré-questionário, que se referia às possibilidades de
reciclagem do lixo doméstico, observou-se que dos 30 alunos apenas 07 deles (23%) se
mostraram como agentes participantes do processo de reciclagem. Nessa mesma questão
no pós-questionário, 77% dos discentes se disseram conscientes da necessidade da
reciclagem e se propõe a fazê-la, caracterizando-se como participantes ativos de tal
processo.
Em relação às questões que se referiam à aula ministrada, todos os participantes
responderam que gostariam de ter mais aulas práticas e os motivos para isso foi
evidenciado quando estes afirmaram que o método auxiliou na aprendizagem. Este
permitiu contextualizar os assuntos teóricos, tornando a aula mais interessante e
atrativa, visto que se abordou um assunto novo que os deixou curiosos e ainda
corroborou as ideias teóricas por meio da prática (figura 2).
Além disso, reconheceram e ressaltaram a importância da interdisciplinaridade no
processo de aprendizagem uma vez que os permite “aprimorar” seus “conhecimentos”, já
que “uma matéria auxilia no desenvolvimento da outra”, e por meio desta abordagem os
levam ao “raciocínio” de quais mudanças eles podem realizar em prol da melhoria das
problemáticas socioambientais.






CONCLUSÕES: O projeto “Horta Feliz” tornou evidente que a aprendizagem e a construção de um
conhecimento interdisciplinar e ambiental são favorecidos se, ao ensino, forem
incorporados recursos alternativos com ênfase na reciclagem e reutilização de
materiais.
Para tanto, esta proposta foi baseada na educação para a participação cidadã,
repensando práticas sociais e a compreensão essencial do meio ambiente, enfatizando a
importância da responsabilidade de cada um para a construção de uma sociedade mais
eqüitativa e ambientalmente sustentável.


AGRADECIMENTOS: A professora Claudiana Maria da Silva Leal.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: JACOBI, Pedro. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa. São Paulo, v. 118, Mar., 2003. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-15742003000100008&script=sci_arttext&tlng=es
Acessado em: 18 de março de 2010.

LUCK, Heloisa. Pedagogia Interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

SANTOS, W. L. P. SCHNETZLER, R. P. Educação em química: compromisso com a cidadania. 3ed. Ijuí: UNIJUÍ, 2003.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Cortez, 2007.