ÁREA: Alimentos
TÍTULO: ANALISE DA DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DO CHUCHU (Sechium edule) EM SOLUÇÃO BINÁRIA.
AUTORES: VASCONCELOS, M. A. S. (UFPE) ; SILVA-JÚNIOR, A. A. (UFPE) ; ANDRADE, S. A. C. (UFPE) ; ALBUQUERQUE, S. S. M. C. (UFPE)
RESUMO: O objetivo desta pesquisa foi estudar a desidratação osmótica da chuchu (Sechium edule). Foi utilizado um planejamento experimental fatorial 2³ completo, tendo como variáveis independentes: temperatura (30º a 38ºC), concentração da solução osmótica de vinagre e cloreto de sódio (5%, 10% e 15%) e tempo de imersão (30 a 120 min.) e dependentes: PU (Perda de Umidade), IS (Incorporação de sólidos), IED (Índice de eficiência da desidratação) e RP (redução de peso). A otimização ocorreu no ensaio 1 (38 ºC, 5 g de sal para 100 mL de vinagre e 30 minutos de imersão), resultado uma PU de 6,68%, uma IS de 0,67%, IED de 9,98 e RP de 10,20%. Fica evidente a necessidade de novas pesquisas, com o objetivo de obter maiores perdas de umidade, mantendo a IS com valores baixos.
PALAVRAS CHAVES: chuchu, desidratação osmótica, solução binária.
INTRODUÇÃO: O chuchu (Sechium edule), espécie da família das Cucurbitáceas cultivada como olerícola. Os frutos de Cucurbitáceas são ricos em água, consequentemente perecíveis (www.ceagesp.gov.br/hortiescolha/anexos/ficha_chuchu, 2010). Estima que no Brasil o desperdício de alimentos oscile entre 80 e 40%. Deste total, 10% ocorrem durante a colheita, 50%, no manuseio e transporte dos alimentos, 30%, nas centrais de abastecimento e os últimos 10% ficam diluídos entre supermercados e consumidores (QUINTO et al.,2004). Para reduzir estas perdas, diversos pesquisadores utilizam processos de secagem dentre os quais se destacam os tratamentos osmóticos que vêm sendo utilizados, principalmente como tratamentos prévios a alguns processos convencionais, tais como congelamento (MAURO et al., 2003); secagem por congelamento (LIMA et al., 2004); secagem a vácuo (MANICA et al., 2000; ANTONIO, 2002) e secagem a ar (ANGELLINI, 2002; AZZOLINI et al., 2004; QUEIROZ et al., 2007), a fim de melhorar a qualidade final, reduzir custos de energia ou mesmo para desenvolver novos produtos (SERENO & HUBINGER, 2001; CAMARGO et al., 2004). Dos diversos processos desenvolvidos pelo homem, a secagem, o mais antigo processo de conservação de alimentos, apresenta-se viável para reverter esse quadro (PARK, 2006; ALLAEDDINI & DJOMEH, 2004). Necessitando de técnicas de preservação que mantenham ao máximo os seus valores nutricionais e propriedades organolépticas (ANDRADE et al., 2007). A desidratação osmótica surge, portanto, como alternativa para preservar as características deste fruto e reduzir o custo do processo de secagem, diversificando a sua oferta (SILVA-JÚNIOR, 2009).
MATERIAL E MÉTODOS: O chuchu (Sechium edule) foi adquirido em supermercados e feiras livres da Região Metropolitana do Recife – PE, no estádio de maturação matura e isentos de doenças. Os chuchus foram selecionados, lavados, descascados, cortados manualmente em forma geométrica de cubo, branqueados em vapor fluente (100º/2min), pesados e imersos em soluções osmóticas de cloreto de sódio em vinagre com as seguintes concentrações de 5, 10 e 15 g\100 mL, na proporção fruto: solução de 1:10, para garantir a concentração constante da solução osmótica. As temperaturas de processamento foram de 30, 34 e 38ºC, com tempo de imersão de 30, 75 e 120 minutos. Foram realizadas as seguintes analises: peso através de uma balança analítica (KERN da marca 430-21). Todas as análises foram realizadas em triplicatas. . O IED, PU , IS e RP foram calculados através das equações: IED=PU/IS; PU=((Uff.mf) – (Ui.mi)) / mi ;IS (%)= ((ºBrixf.mf) – (ºBrixi.mi)) / mi e RP = (mi – mf)/mf x 100 Onde: ºBrixi = ºBrix inicial; ºBrixf = ºBrix final; mi = massa inicial(g); mf = massa final (g),Ui = Umidade inicial (%), Uf=Umidade final (%). Os melhores produtos foram selecionados utilizando o IED como parâmetro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A tabela 1 mostra os resultados do processo da desidratação osmótica do chuchu para o planejamento experimental fatorial 2³, com rotação de 315 rpm, três pontos centrais, tendo como variáveis independentes: temperatura (30º a 38ºC), concentração da solução osmótica de vinagre e cloreto de sódio (5%, 10% e 15%), tempo de imersão (30 a 120 min.) e variáveis dependentes: PU (perda de umidade), IS (incorporação de sólidos), IED (índice de eficiência da desidratação), RP (redução de peso).
Tomando o IED como parâmetro observa-se na tabela 1 que o maior IED (9,98) foi obtido no ensaio 1 (30ºC, 5ºBrix e 30min). Embora neste ensaio tenha tido uma PU pequena, mas a IS foi baixa, mantendo as características organolépticas próximas do chuchu “in natura”. Nesta mesma tabela verifica-se que a temperatura influiu significativamente na PU e a concentração da solução osmótica na IS, assim fica evidente a necessidade de novas pesquisas empregando outros valores de temperatura ou revestindo o chuchu com revestimento comestíveis, mantendo o mesmo planejamento. Como exemplo tem o estudo realizado com jenipapo utilizando alginato, o qual a IS foi significativamente reduzida (ANDRADE et al., 2007). Ao analisar o ensaio 4 (38 ºC, 15 g de sal para 100 mL de vinagre e 30 minutos de imersão), pode-se verificar que teve a maior PU e IS, consequentemente baixo valor do DEI. Resultado similar ocorreu durante a desidratação osmótica do abacaxi em relação à IS (AZEREDO & JARDINE, 2000).
CONCLUSÕES: Tomando o IED como parâmetro, o maior IED (9,98) foi constatado o ensaio 1 (30ºC, 5 g\100 mL de vinagre e 30 minutos), no qual obteve PU de 6,68% e IS de 0,67%. Fica evidente a necessidade de novas pesquisas, com o objetivo de obter maiores perdas de umidade, mantendo a IS com valores baixos.
AGRADECIMENTOS: Laboratórios Microbiologia Industrial do Dep. de Engenharia Química e Laboratório de Experimentação e Análises de Alimentos – LEAAL – Dep. de Nutrição - UFPE.
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