ÁREA: Alimentos
TÍTULO: Caracterização físico-química do mel produzido em Bandeirantes - PR
AUTORES: DIAS, L.F. (UTFPR) ; PEDRÂO, M.R. (UTFPR) ; VATANABE, F.K. (UTFPR)
RESUMO: Desde 2001 o mercado de mel brasileiro tem crescido a cada ano. As vendas para o mercado externo e interno têm criado grandes demandas deste apreciado e nutritivo produto. E visando aproveitar esse bom momento da apicultura, juntamente com a possibilidade de auxiliar pequenos produtores rurais do município de Bandeirantes – PR a criarem uma nova fonte de renda, este projeto busca a caracterização físico-química do mel produzido por estes apicultores, para verificar se o que eles estão produzindo está de acordo com os padrões exigidos pela legislação vigente em nosso país. As análises seguiram a metodologia descrita pelo Instituto Adolfo Lutz (2005), apresentando excelentes resultados com relação à caracterização físico-química, porém não sendo satisfatórios na análise de microscopia.
PALAVRAS CHAVES: caracterização físico-química; mel; qualidade.
INTRODUÇÃO: A apicultura já era conhecida no Brasil há vários séculos, sendo o mel considerado pelos indígenas como uma importante fonte de alimentação. Porém apenas em 1845 a apicultura começou a ganhar moldes de produção a nível comercial, iniciando-se com a vinda da Apis mellifera no estado do Rio de Janeiro. A partir desta data, muitas outras espécies foram trazidas para o Brasil, principalmente as espécies de origem européia, com objetivo de otimizar a produção (NASCIMENTO, 2005). Atualmente o grande desafio da apicultura brasileira é comprovar a qualidade exigida pelos consumidores, além de aumentar a produtividade, para que os custos de produção sejam reduzidos, alcançando assim uma maior competitividade no mercado (SOUZA, 2006). O mel possui suas características físico-químicas padronizados pelo MAPA. Porém suas características dependem de diversos fatores, como fontes vegetais, solo, espécie da abelha, estado da maturação do mel, condições meteorológicas na época da colheita, dentre outros fatores (CRANE, 1983). Carvalho (2005) cita que as análises físico-químicas de mel são de extrema importância para a manutenção da qualidade do mel, e segurança de seus consumidores. Os padrões já estabelecidos por órgãos de fiscalização internacionais e nacionais possibilitam a fiscalização de méis de diferentes origens, bem como suas alterações, que podem acabar por interferir na qualidade final do produto.
MATERIAL E MÉTODOS: Os méis que foram analisados neste projeto são de pequenos produtores rurais localizados no município de Bandeirantes – PR. Além destes méis, foram realizadas as mesmas análises em um mel vendido no mercado da cidade, escolhida de forma aleatória, com o simples objetivo de comparação. As amostras foram retiradas conforme a produção do mel dos apicultores, totalizando para as análises um total de 500 gramas por amostra. Todas as amostras foram submetidas aos testes físico-químicos, com parâmetros determinados pela Instrução Normativa Nº 11, de 20 de Outubro de 2000, do Ministério da agricultura Pecuária e Abastecimento, que regulamenta sobre os requisitos mínimos que um mel destinado a consumo humano deve possuir: determinação de açúcares redutores, umidade, acidez, atividade diastásica, hidroximetilfurfural, sujidades e reação de Lugol.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Das 10 amostras analisadas, apenas uma apresentou resultado positivo para este teste, especificamente a presença de amido de milho. Em relação à atividade diastásica, foi realizada uma análise qualitativa, e todas as amostras apresentaram resultado positivo para a presença de enzima, indicando uma possível pureza do mel. Os resultados obtidos de acidez indicaram que apenas uma amostra estava acima do permitido pela legislação brasileira, indicando um processo de fermentação neste mel, manipulação inadequada ou até mesmo uma origem botânica diferente dos demais méis. As análises de sólidos solúveis não possuem padrão exigido pela legislação, mas estavam de acordo com SILVA (2004). A análise de umidade foi bastante satisfatória, com todas as amostras dentro dos limites permitidos pela legislação, que é no máximo 20 % de umidade. Para os açúcares redutores todas as amostras se apresentaram dentro do valor mínimo exigido pela legislação, que é de 65 %. As análises de hidroximetilfurfural foi realizada de forma qualitativa, sendo que apenas uma amostra apresentou valor maior que o máximo permitido pela legislação brasileira, que é de 65 mg/kg de mel. Os padrões de identidade e qualidade do mel, quanto aos aspectos macroscópicos e microscópicos, requerem que o produto esteja isento de substâncias estranhas de qualquer natureza, tais como: insetos, larvas, grãos de areia e outros (SOUZA; CARNEIRO, 2008). A análise microscópica realizada para a pesquisa de sujidades e matérias estranhas demonstrou a ocorrência de amido de milho em uma amostra, além de pedaços de vegetais em 9 amostras. Ainda pode-se verificar a presença de pêlo de inseto ou cabelo em 5 amostras e pata de inseto em 2 amostras, sendo que uma amostra apresentou um inseto inteiro em sua análise.
CONCLUSÕES: Avaliando os resultados de uma forma geral, constata-se que os méis analisados possuem características físico-químicas exigidas pela legislação brasileira vigente. Excluindo-se a amostra adquirida no mercado da cidade, apenas uma amostra coletada dos apicultores necessita de alguns cuidados especiais em relação a sua umidade. De resto, todos os outros parâmetros analisados foram satisfatórios. Deve-se ressaltar o baixo nível de qualidade em relação a sujidades encontradas nas amostras, sendo um fator preocupante em relação ao bom manejo do mel.
AGRADECIMENTOS: A Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Londrina pelo apoio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ______MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO, Instrução Normativa Nº 11, DE 20 DE OUTUBRO DE 2000. Disponível em: http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=7797. Acesso em: 21 abr. 2009
CRANE, E. O livro do mel. São Paulo: Nobel, 1983.
NASCIMENTO, F. J. GURGE, M. MARACAJÁ, P. B. Avaliação da agressividade de abelhas africanizadas (Apis mellifera) associada à hora do dia e a temperatura no município de Mossoró – RN. Revista de Biologia e Ciências da terra. Mossoró, v.5, n.2, 2005. Disponível em: http://eduep.uepb.edu.br/rbct/sumarios/pdf/agressividade.pdf. Acesso em: 8 maio 2009.
SILVA, N. R. Aspectos do perfil e do conhecimento de apicultores sobre manejo e sanidade da abelha africanizada em regiões de apicultura de Santa Catarina. Florianópolis, 2004. Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em: http://www.tede.ufsc.br/teses/PAGR0127.pdf. Acesso em: 19 abr. 2009.
SOUSA, R. S; CARNEIRO, G.M. Pesquisa de sujidades e matérias estranhas em mel de abelhas (Apis Mellifer L.). Ciências e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 28, n. 1, Jan/Mar. 2008. Disponível em: < http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext>. Acesso em: 09 Mr. 2010.
SOUZA, D. C. Adequando a apicultura brasileira para o mercado internacional. Aracaju: 16º Congresso Brasileiro de Apicultura, 2006. Disponível em: http://www.apis.sebrae.com.br/Arquivos/16%C2%BA%20Cong_Bras_Apic/Anais_1/ADEQUANDO%20A%20APICULTURA%20BRASILEIRA%20PARA%20O%20MERCADO%20INTERNACIONAL.pdf
Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos, São Paulo: Editora Varela, 4ª edição, Brasília, 2005.