ÁREA: Alimentos

TÍTULO: Avaliação da estabilidade do alfa-tocoferol no processo de refino do óleo de babaçu (Orbinya martiana)

AUTORES: LUZ, D. A (UFPB) ; PINHEIRO, R.S. (UFMA) ; SOUSA, A.G (UFPB) ; SILVA, F.C. (UFMA) ; MACIEL, A.P. (UFMA)

RESUMO: Este trabalho teve como objetivo fazer um estudo comparativo para avaliação da estabilidade do alfa-tocoferol, um antioxidante natural, presente na maioria das oleaginosas, durante as etapas de refino: neutralização e clarificação do óleo de babaçu (Orbinya martiana) realizado por uma indústria local (OLEAMA) e de uma feita em bancada por cromatografia liquida de alta eficiência - CLAE. Os resultados mostraram que houve uma redução significativa deste antioxidante durante as etapas iniciais de refino, sendo, portanto necessário, a adição deste após todo o processo de refino para que se prolongue a vida útil do óleo em prateleira.

PALAVRAS CHAVES: refino, óleo de babaçu, clae

INTRODUÇÃO: O Nordeste brasileiro possui uma área com cerca de 12 milhões de hectares plantadas com babaçu, sendo que a maior parte está concentrada no estado do Maranhão. Mensalmente, são extraídos em torno de 140.000 toneladas de amêndoas desses babaçuais. Contudo, o potencial do babaçu continua pouco explorado( SANTOS, 2008).
Apesar de existir o consumo direto de óleos brutos como no caso do azeite de oliva, de dendê e outros, sem processo de refino, a grande maioria dos óleos e gorduras destinados ao consumo humano são submetidos ao refino para melhorar sua aparência, odor e sabor devidos à remoção de substâncias coloidais, proteínas, fosfatideos, e produtos de sua decomposição, ácidos graxos livres e seus sais, pigmentos tais como clorofila, xantofila, substâncias voláteis tais como hidrocarbonetos, álcoois, aldeídos, cetonas e ésteres de baixo peso molecular; dentre outros (MORETTO e FEET, 1998)
As principais etapas do refino são: degomagem, neutralização, clarificação (ou branqueamento), e desodorização. Neste trabalho, especificamente fez-se um estudo comparativo da estabilidade do alfa-tocoferol, um antioxidante natural, presente na maioria das oleaginosas, durante as etapas de refino de uma industria local (OLEAMA) para um refino realizado a nível de bancada.


MATERIAL E MÉTODOS: As amostras do óleo bruto de babaçu e das etapas de refino: neutralização e clarificação foram coletadas na Empresa Oleaginosas Maranhenses S/A-OLEAMA. Após a obtenção foram mantidas sob refrigeração. Os ensaios físico-químicos do óleo foram realizados seguindo as normas do Instituto Adolfo Lutz.
Após estas analises, iniciou-se o processo do refino do óleo bruto de babaçu em bancada, seguindo-se as metodologias (MORETTO e FETT, 1998).
Após a caracterização físico-química do óleo bruto, seguindo as normas do Instituto Adolfo Lutz, e das etapas de refino em bancada, este foi submetido às analises cromatográficas. As análises do alfa-tocoferol foram conduzidas num equipamento modular de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE), modelo Schimadzu, com detector (UV-SPD20A) Schimdzu.O processamento dos dados foi realizado através do software LC-Solution. As separações foram conduzidas utilizando-se uma coluna C-18 (CLC-ODS (M)), 15,0 cm (LC Column Schimatzu), à temperatura ambiente, tendo como fases móveis: metanol (50%) e acetonitrila (50%), caracterizando uma cromatografia de fase reversa. A detecção do tocoferol foi realizada num comprimento de onda igual a 292nm. As injeções foram realizadas em um loop de 20ul e o fluxo da fase móvel foi de 1,5 mL/min. Soluções padrões com concentrações de tocoferóis entre 0,1; 0,5; 1,5; 2,5; 5,0 e 10 ppm foram preparadas para construção da curva de calibração, utilizada na quantificação do alfa-tocoferol, partindo-se de uma solução mãe de 1000ppm. Cada ponto da curva de calibração corresponde à média de três injeções. As amostras do óleo exibem consistência viscosa e, por isso, não podem ser injetadas diretamente, sendo diluidas em 2-propanol grau HPLC.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na Tabela 1 encontram-se os resultados das características físico-químicas do óleo bruto de babaçu coletado na OLEAMA.
Através tabela pode-se perceber que, os resultados encontrados para os parâmetros físico-químicos estudados estão dentro do intervalo encontrado na literatura5. Com exceção do índice de saponificação que ficou um pouco abaixo, isto pode ser atribuído a uma característica exclusiva desta palmacea, valores similares para este índice, onde foram observadas de que óleo não se encontrava de acordo com as especificações, sugerindo a ocorrência de uma variação na natureza dos seus ácidos graxos constituintes, além de uma outra variação poder ser atribuída às características particulares de cada óleo, como a espécie e a região de cultivo SANTOS, 2008).
Na Tabela 2 encontram-se os resultados avaliação da estabilidade do alfa-tocoferol durante as etapas do refino do óleo de babaçu, coletada na OLEAMA e em bancada.
Na tabela 2, nota-se que há uma redução significativa de alfa-tocoferol, no decorrer das etapas de refino. Para a 1ª etapa: Neutralização realizada na OLEAMA houve uma redução de 80,3%, e a de BANCADA 37,4% do teor encontrado de alfa-tocoferol, já para a 2ª etapa: Clarificação OLEAMA houve uma redução de 71,4% , e o de BANCADA 17,3% do teor de alfa-tocoferol encontrado. Esta diferença, provavelmente ocorreu devido não se ter um controle efetivo no processo de refino em bancada, diferentemente da indústria, onde suas plantas já estão otimizadas para a realização do processo.Observando-se um decaimento significativo já na 2ª etapa de cada processo aqui apresentado, percebe-se claramente a necessidade da adição deste antioxidante ao final de todo o processo, para que se possa garantir a durabilidade deste em prateleira.





CONCLUSÕES: Os resultados encontrados nas analises físico-químicas para o óleo bruto de babaçu estavam dentro do esperado quando comparado com a literatura. Atribuindo esses resultados para as amostras coletadas na Empresa Oleaginosas Maranhenses S/A (OLEAMA), que estavam em boas condições. Quanto as etapas de refino estudadas, devido se observar um decaimento significativo já na 2ª etapa de cada processo aqui apresentado, percebe-se claramente a necessidade da adição deste antioxidante ao final de todo o processo, para que se possa garantir a durabilidade deste em prateleira e para consumo.

AGRADECIMENTOS: FAPEMA /BNB /CNPq / PIBIC /OLEAMA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: SANTOS, J. R. J. Biodiesel de babaçu: avaliação térmica, oxidativa e misturas binárias. Tese de Doutorado-UFPB/CCEN – Programa de Pós-Graduação em Química. João Pessoa: UFPB,2008.

MORETTO, E., FETT, R. Tecnologia de Óleos e Gorduras na Indústria de Alimentos. Varela Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1998.