ÁREA: Química Orgânica
TÍTULO: Avaliação da atividade antifúngica da Adenocalymma alliaceum (Cipó-d’alho)
AUTORES: MELO, M. V. (UEAP) ; NERY, F.A.S. (UFPA) ; MELO, R.P. (UFPA) ; SANTOS, C. B. R. (UEAP) ; AQUINO, A.J. (UFPA) ; LIMA, M. M. G. (UEAP)
RESUMO: A importância econômica que as plantas representam para a Amazônia está associada à aplicação de seus óleos essenciais e uso de seus aromas em processos tecnológicos. A Adenocalymma alliaceum, conhecida popularmente como cipó d’alho apresenta bom rendimento em óleo essencial. Nesse estudo o óleo obtido através de hidrodestilação, teve coloração amarela clara e densidade menor que a da água. A análise quantitativa obteve rendimento do óleo equivalente a 0,3% V/V. Foram utilizadas quatro espécies de Cândida e as amostras cultivadas em Agar Sabouroud com cloranfenicol. Os testes de inibição foram obtidos com as leituras dos halos de inibição em óleo essencial, e do crescimento das colônias nos extratos aquosos demonstrando um pequeno potencial inibitório para a espécie T. mentagrophytes.
PALAVRAS CHAVES: adenocalymma alliaceum (cipó-d’alho), óleo essencial, atividade antifúngica
INTRODUÇÃO: Há milhares de anos os óleos essenciais têm sendo extraídos de plantas e usados nas indústrias de perfumes, cosméticos e fármacos de uso medicinal. A Adenocalymma alliaceum, conhecida popularmente como cipó d’alho, é uma trepadeira vigorosa, que pertence à família Bignoniaceae a qual possui 110 gêneros e 800 espécies apresentando bom rendimento em óleo essencial (NEVES DE NEVES, 2006). E apesar de não exibir uma considerável descrição terapêutica na farmacopéia brasileira, apresenta diversas finalidades na medicina popular como, por exemplo, tratar distúrbios respiratórios, sendo também aplicado como anti-reumático. Ainda não se tem um estudo efetivo sobre o óleo essencial extraído do cipó d’alho, no que diz respeito a sua ação terapêutica, porém, já existe uma linha de pesquisa que segue a respeito do uso do óleo para a caracterização de atividades biodefensivas de substâncias químicas contidas no óleo. A procura por novos agentes antimicrobianos, a partir de plantas, é intensa devido à crescente resistência dos microrganismos patogênicos frente aos produtos sintéticos. Além disso, o uso destes pesticidas em longo prazo, causa impactos negativos para a sociedade e para o meio ambiente devido à poluição causada pelos resíduos químicos. Frente a este problema, uma estratégia atual da agricultura, vêm sendo buscar métodos alternativos para o controle de doenças e pestes, que visem causar menos danos ao ambiente e à saúde humana. Trabalhos desenvolvidos com extratos brutos ou óleos essenciais, obtidos a partir de plantas medicinais têm indicado o potencial das mesmas no controle de fitopatógenos (EMBRAPA, 1999).
MATERIAL E MÉTODOS: O material dos extratos aquosos foi adquirido na feira livre do Ver-o-Peso (Belém - PA). Para o óleo essencial a massa utilizada foi de 500 g de folhas de ramos finos e secos, e depositado em um extrator de Cleverland, para realização da hidrodestilação. Para os extratos aquosos as folhas foram lavadas sob água corrente e secas ao ar livre num período de quatro dias, sendo no último, dispostas para secagem em estufa. O material seco, triturado e pesado, indicou massa de 180g. O óleo essencial do cipó-d’alho apresentou uma coloração amarela clara e densidade menor que a da água. Foi realizada a separação obtendo-se 5 ml de óleo. Em uma análise quantitativa preliminar, obteve-se o rendimento do óleo equivalente a 0,3% V/V. Quanto a amostra de fungos, foram utilizadas quatro espécies de Cândida. As amostras foram cultivadas em Agar Sabouroud com cloranfenicol por 72 horas. O inóculo foi preparado em solução salina com turbidez ajustada no padrão 0,5 da escala de McFarland. Utilizou-se as espécies: C.albicans, C. tropicalis, C. parapsilosis e C. krusei. Após o preparo das suspensões, foi feita a semeadura com auxílio de swabs estéris, em toda a superfície das placas de Petri contendo Agar Sabouroud. Para verificação da sensibilidade das espécies de Candida ao óleo essencial da Adenocalymma alliaceum, utilizou-se o teste de difusão em Agar. O controle negativo constituiu de 2 μL da solução salina, e o controle positivo de 2 μL de anfotericina B na concentração de 5 g/L. O ensaio foi conduzido em triplicata e as placas foram incubadas em temperatura de 27ºC e o acompanhamento do crescimento das colônias deu-se num período de nove dias, fazendo-se diariamente a leitura da média dos halos de inibição de crescimento das leveduras, valores entre 9,0 a 20,0 mm de diâmetro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As placas contendo as amostras de óleo essencial foram submetidas a leituras dos halos de inibição e os extratos aquosos da Adenocalymma alliaceum, entre as quais foram submetidos à leitura dos círculos de crescimento, obtidos pela média aritmética dos diâmetros ortogonais de cada colônia em mm.
Desse modo, os testes de inibição (Tabelas 1 e 2) foram obtidos com as leituras dos halos de inibição em óleo essencial, e do crescimento das colônias nos extratos aquosos, todas após 24 horas de incubação.
Os extratos aquosos demonstraram um pequeno potencial inibitório para a espécie T. mentagrophytes. Possivelmente esses extratos apresentariam diferença de inibição se fossem usadas concentrações maiores. O preparo do extrato pode ter interferido expressivamente nesta análise, sendo que a maioria dos componentes químicos presentes na espécie A. alliaceum são voláteis e instáveis em temperaturas elevadas.
CONCLUSÕES: O óleo essencial respondeu positivo ao teste com Candida albicans, Candida tropicalis e Candida krusei, e negativo com a Candida parapsilosis. Para Candidas sp e o fungo filamentoso T. mentagrophytes, o óleo essencial e os extratos aquosos da Adenocalymma alliaceum apresentaram ação antifúngica, sendo usados na elaboração de medicamentos, controle e prevenção de candidíases e dermatites causadas pelo gênero C. albicans, C. tropicalis, C. krusei e T. mentagrophytes. Logo, a Adenocalymma alliaceum é uma das espécies da flora amazônica que apresenta propriedades biológicas muito satisfatórias.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: NEVES DE NEVES, ALESSANDRA. CABRAL DA SILVA, SHYRLANA. Adenocalimma alliaceum (Cipó-D’alho) (Lam.) Miers., 2006.
http://www.cpafac.embrapa.br/pdf/doc99.pdf