ÁREA: Química Tecnológica
TÍTULO: APLICAÇÃO DE EMULSÕES E MICROEMULSÕES DE ÓLEO DE Eucalyptus citriodora NO COMBATE À MOSCA-MINADORA DO MELOEIRO (Liriomyza trifolii).
AUTORES: LEITE, R.H.L. (UFERSA) ; OLIVEIRA, T. A. (UFERSA) ; ARAÚJO, E. L. (UFERSA) ; NOGUEIRA, C. H. F. (UFERSA) ; LUCENA NETO, M. H. (UFCG)
RESUMO: RESUMO: Nesse trabalho foi avaliada a eficácia de emulsões e microemulsões de óleo de eucalipto (Eucalyptus citriodora) no combate à mosca minadora do meloeiro (Liriomyza trifolii). As microemulsões foram obtidas utilizando-se tween 20 como tensoativo. Mudas de meloeiro (Cucumis melo L.) foram infestadas com larvas de mosca-minadoras e então tratadas com as formulações estudadas. Os melhores resultados foram obtidos com emulsões não estabilizadas contendo 1,0% de óleo de eucalipto em água, com taxa de mortalidade das larvas de 86,7%. As microemulsões contendo 0,5 % de óleo de eucalipto e 10% de tween 20 mataram 72,7% das larvas de mosca-minadora. Observou-se que o uso de tensoativos sem que haja a formação de microemulsão prejudica a ação dos componentes ativos do óleo.
PALAVRAS CHAVES: palavras-chaves: microemulsões, eucalyptus citriodora, liriomyza trifolii.
INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: As microemulsões, ou sistemas micelares intumescidos, são sistemas pseudo-homogêneos (microheterogêneos), termodinamicamente estáveis, transparentes, de baixa viscosidade, formados pela mistura de quantidades variáveis de uma fase apolar (fase óleo), uma fase polar (fase água) e emulsificantes (tensoativos e cotensoativos). Essas são dispersões líquido-líquido, contendo gotículas esféricas ou cilíndricas, com tamanho variando entre 8 e 80 nm. Além disso, a formação de uma microemulsão requer tensões interfaciais muito baixas e possibilita a existência de uma grande interface entre a fase dispersa e o dispersante, devido ao tamanho extremamente reduzido das microgotículas (FLORENCE & ATTWOOD, 2003). Diversos óleos essenciais, tais como, o óleo de citronela, e óleos de eucalipto, têm sido empregados como pesticidas naturais no combate às pragas da lavoura e da pecuária (NEGAHBAN & MOHARRAMIPOUR, 2007; PARK & SHIN, 2005). Esses biopesticidas são utilizados sob a forma de emulsões, devido à sua baixa solubilidade na água. Porém, tem sido pouco estudado o emprego de microemulsões desses biopesticidas na agricultura e pecuária. A eficácia desses produtos pode ser aumentada por microemulsões, pois a grande área interfacial das microemulsões favorece a absorção dos princípios ativos dos biopesticidas pelas plantas, além de proteger os componentes voláteis da rápida evaporação após a aplicação do produto. O meloeiro, Cucumis melo L., é uma planta bastante cultivada na região Semi-árida do Rio Grande do Norte. Atualmente, um dos principais inimigos dessa cultura é a mosca-minadora Liriomyza trifolli (Burgess) (Diptera:Agromyzidae). Nesse trabalho, emulsões e microemulsões de óleo de Eucalyptus citriodora serão testadas no combate às larvas de Liriomyza trifolli.
MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: Microemulsões e emulsões a base de água, óleo essencial de eucalipto e tween 20 foram preparadas a partir dos dados fornecidos nos diagramas ternários descritos por OLIVEIRA et al. (2009). Essas formulações foram testadas no combate às larvas de mosca-minadora. Mudas de meloeiro foram obtidas a partir sementes de meloeiro, adquiridas do comércio. Plantas contendo de 4 a 5 folhas foram escolhidas e infestadas, durante 01 (uma) hora em gaiolas de criação, contendo insetos adultos de Liriomyza trifolii. Após a eclosão dos ovos, cerca de quatro dias após a infestação, foi determinado o número de larvas por folha e as plantas pulverizadas com as formulações em estudo. As plantas foram transferidas, em seguida, para casa de vegetação. No sétimo dia após a infestação, as folhas infestadas pelas larvas de L. trifolii foram transferidas para uma sala climatizada (27 ± 2 °C, 75 ± 10% UR e fotofase de 12 h) e seu pecíolo colocado dentro de recipientes de acrílico com água, com capacidade para 40 mL, colocados dentro de bandejas de plástico de cor branca (26 x 40 cm). A coleta dos pupários foi realizada cerca de doze dias após a infestação. Os pupários coletados foram acondicionados em placas de Petri (15 cm de diâmetro), vedadas com papel-filme perfurado com alfinete entomológico, para facilitar a circulação de ar no interior das placas. Em seguida, foi quantificado o número de adultos emergidos. O delineamento experimental seguido foi o inteiramente casualizado. Em cada experimento foram utilizadas cinco mudas de meloeiro e seis repetições. Foram efetuados experimentos controle onde as mudas são pulverizadas com água destilada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A figura 1.a apresenta as composições das formulações estudadas e a figura 1.b os percentuais de larvas mortas obtidos em cada caso. A formulação utilizada no tratamento T1, uma microemulsão contendo 0,5% de óleo de eucalipto e 10% de tensoativo não-iônico, provocou a morte de 72,7% das larvas. O tratamento T2, efetuado com uma emulsão contendo 1,0% de óleo de eucalipto e estabilizada com 20% de tensoativo, provocou uma mortandade de 37,2%. O tratamento T3 empregou uma emulsão não estabilizada contendo 1,0% de óleo de eucalipto e água, sendo letal para 86,7% das larvas. O tratamento T4 usou uma solução de tensoativo não-iônico em água e matou 54,1% das larvas. O tratamento em branco consistiu na aplicação de água destilada e apresentou uma mortandade de 48,3 % das larvas. Podemos observar que a taxa de mortalidade das larvas de mosca-minadora é elevada, mesmo para o tratamento em branco, isso se deve, provavelmente, às condições do experimento serem diferentes das encontradas no campo. Mesmo assim, observou-se um grande aumento na mortalidade das larvas quando da utilização de emulsões não estabilizadas de óleo de eucalipto, mostrando o efeito inseticida desse óleo essencial. Os resultados indicam que o tensoativo não possui efeito inseticida, sendo a mortalidade alcançada aproximadamente igual à do branco. O uso do tensoativo como estabilizante das emulsões de óleo de eucalipto dificultou a absorção dos princípios ativos pela planta e forneceu resultados medíocres como inseticida. A microemulsão contendo apenas 0,5% de óleo de eucalipto apresentou resultados que indicam uma melhor ação dos princípios ativos do óleo quando este se encontra microemulsionado.
CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Esse estudo demonstrou o efeito inseticida de emulsões e microemulsões de óleo de Eucalyptus citriodora contra as larvas da mosca-minadora do meloeiro. Os taxas de mortandade das larvas se elevaram, significativamente, quando do aumento do percentual de óleo de eucalipto empregado e quando da formação de microemulsões. Por outro lado, a utilização de tensoativos em concentrações inadequadas à formação de microemulsões reduz a eficácia das emulsões de óleo de eucalipto contra as larvas.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FLORENCE, A.T.; ATTWOOD, D. 2003. Princípios Físico-Químicos em Farmácia. Edusp: São Paulo.
NEGAHBAN, M.; MOHARRAMIPOUR, S. 2007. Fumigant toxicity of Eucalyptus intertexta, Eucalyptus sargentii and Eucalyptus camaldulensis against stored-product beetles. Journal of Applied Entomologie, 131(4): 256-261.
OLIVEIRA, T. A.; LEITE, R. H. L.; LUCENA NETO, M. H.; LUCAS, C. R. 2009. Diagramas de fases para microemulsões de óleo de eucalyptus citriodora em água: estudo da influência do tipo de surfactante e da adição de glicerol. Anais do 49º Congresso Brasileiro de Química, Porto Alegre/RS (submetido).
PARK, I-.K.; SHIN, S-.C. 2005. Fumigant Actiity of Plant Essential Oils and Components from Garlic (Allium sativum) and Clove Bud (Eugenia caryophyllata) Oils against the Japanese Termite (Reticulitermes speratus Kolbe). Journal of Agricultural and Food Chemistry, 53: 4388-4392.