ÁREA: Química Tecnológica

TÍTULO: DIAGRAMAS DE FASES PARA MICROEMULSÕES DE ÓLEO DE Eucalyptus citriodora EM ÁGUA: ESTUDO DA INFLUÊNCIA DO TIPO DE SURFACTANTE E DA ADIÇÃO DE GLICEROL

AUTORES: OLIVEIRA, T. A. (UFERSA) ; LEITE, R. H. L. (UFERSA) ; LUCENA NETO, M. H. (UFCG) ; LUCAS, C. R. (UFERSA)

RESUMO: RESUMO: Esse estudo visa obter microemulsões de óleo de eucalipto (Eucalyptus citriodora) para posterior utilização como pesticidas. Foram obtidos diagramas pseudo-ternários que mostram os domínios de existência das microemulsões de óleo de eucalipto em água, glicerol ou misturas água/glicerol. Três surfactantes foram usados para estabilizar as microemulsões: óleo de coco saponificado, óleo de mamona saponificado e Tween 20. As maiores zonas de microemulsão foram obtidas quando o OCS foi utilizado para microemulsionar o óleo de eucalipto em água. Não houve necessidade da adição de um cotensoativo para estabilizar as microemulsões obtidas. Sistemas que utilizam glicerol como fase aquosa solubilizaram pouco o óleo de eucalipto, porém a adição de água aumentou o domínio de microemulsões.

PALAVRAS CHAVES: palavras-chaves: microemulsões, eucalyptus citriodora, diagrama de fases.

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: Os pesticidas orgânicos sintéticos dominaram o mercado nas últimas décadas, embora vários deles, reconhecidamente, provoquem efeitos nefastos à natureza. Hodiernamente, porém, assistimos a um crescente interesse na utilização de praguicidas que causem menores danos ao meio ambiente.
Pesquisas desenvolvidas nos últimos anos demonstram a possibilidade da utilização de óleos essenciais no controle de pragas. Vários trabalhos apontam, além disso, a eficácia da utilização do óleo de eucalipto como praguicida (MAREGGIANE, RUSSO & ROCCA, 2008; TAPONDJOU et al., 2005; SANDI & BLANCO, 2007; SHIN & PARK, 2005;).
A composição dos óleos de eucalipto é altamente dependente da variedade empregada. No óleo de Eucalyptus citriodora, o principal constituinte encontrado é o citronelal (3,7-dimetiloct-6-en-1-al), em teores que variam entre 65 e 85 % (VITTI & BRITO, 2003). No combate às pragas, podemos utilizar o óleo puro ou sob a forma de emulsões. Nesse trabalho, propõe-se a obtenção de microemulsões de óleo de eucalipto que possam ser usadas, posteriormente, em estudos de sua atividade biopesticida, como formulações, macroscopicamente homogêneas, estáveis, de baixo custo e pouco impacto ambiental. Essas microemulsões são definidas como sistemas microheterogêneos, transparentes, de baixa viscosidade, termodinamicamente estáveis, que se formam espontaneamente quando os componentes, uma fase óleo, uma fase aquosa e emulsificantes são misturados na proporção adequada (FLORENCE & ATTWOOD, 2003). Assim, para a obtenção das microemulsões é fundamental a determinação das composições para as quais os sistemas estudados encontram-se microemulsionados.


MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAIS E MÉTODOS: Os sistemas estudados foram constituídos de uma fase aquosa contendo misturas de água bidestilada e glicerol P.A. (VETEC); uma fase oleosa contendo óleo de eucalipto citriodora comercial (Duas Rodas); tensoativos não-iônicos e aniônicos: Tween 20 (VETEC), óleo de coco saponificado (OCS) ou óleo de mamona saponificado (OMnS).
Os óleos saponificados de coco e mamona foram obtidos por saponificação dos óleos vegetais comerciais. Inicialmente, determinou-se o índice de saponificação de cada óleo (MORETTO & FETT, 1989), o que permitiu calcular a quantidade adequada de álcali a ser usada para a saponificação dos óleos. A saponificação foi realizada sob refluxo durante 2 horas, de misturas de óleo e solução alcoólica de hidróxido de sódio P.A. (VETEC). Os sabões produzidos foram submetidos à secagem por convecção natural à temperatura ambiente durante vários dias e em seguida foram triturados em gral de porcelana para obtenção de um pó.
Os diagramas ternários e pseudoternários, que descrevem as composições dos sistemas estudados para as quais estes se encontram sob a forma de microemulsões, foram obtidos por titulação de misturas de fase óleo e tensoativos, utilizando-se como titulante a fase aquosa desejada. O ponto final de cada titulação é alcançado quando se observa uma mudança na opacidade da mistura, que passa de um aspecto transparente para opaco, indicando a formação de uma emulsão. As quantidades de fase óleo e tensoativo são conhecidas antes da titulação, após atingir-se o ponto final de titulação o sistema é pesado e a composição do sistema, nesse ponto, é calculada por um balanço de massa.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÃO: A figura 01 apresenta a variação das regiões de microemulsão em função da quantidade de glicerol, nos sistemas com fase aquosa constituída de misturas água/glicerol, com óleo de eucalipto como fase óleo e tween 20 como surfactante. A utilização do glicerol como fase aquosa foi determinada por sua alta viscosidade e capacidade de formar pontes de hidrogênio com a água, propriedades que o tornam um bom umectante e retardam a evaporação da formulação do biopesticida, aumentando seu tempo de contato com a praga. Observa-se, por análise dos diagramas pseudoternários da figura 01, que a utilização do glicerol puro como fase polar produz uma zona de existência de microemulsões pequena, sobretudo em formulações ricas em fase óleo. No entanto a utilização de misturas de água/glicerol contendo 50% de cada componente permite a obtenção de microemulsões de óleo de eucalipto numa maior faixa de concentrações. Além disso, as regiões de existência de microemulsões neste sistema (glicerol + água 1:1) não diferem, significativamente, do resultado para a água pura.
A figura 02 mostra a influência do tensoativo empregado nas regiões de microemulsão para sistemas contendo água e óleo de Eucalyptus citriodora. Observa-se que o tensoativo OCS apresentou a melhor capacidade de microemulsionar as formulações em estudo. Não houve necessidade da adição de um cotensoativo para a obtenção das microemulsões de óleo de Eucalipto em água, mesmo quando foram utilizados tensoativos aniônicos como o OCS e OMnS. Possivelmente, as moléculas dos constituintes do próprio óleo, tais como o citronelal, possuem a capacidade de localizar-se na interface das microgotículas e de estabilizar as repulsões eletrostáticas das cabeças polares dos tensoativos aniônicos.






CONCLUSÕES: CONCLUSÕES: Esse estudo determinou as composições de microemulsões contendo óleo de eucalipto, água e glicerol. A utilização de glicerol puro, como fase aquosa, não permite a obtenção de sistemas estáveis com larga faixa de composições, sobretudo naquelas ricas em óleo. Porém, bons resultados são obtidos quando se utiliza uma fase aquosa constituída de misturas de água e glicerol. O tensoativo que possibilitou a melhor solubilização do óleo de eucalipto em água foi o OCS, não havendo, além disso, necessidade de adição de cotensoativo.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

FLORENCE, A.T.; ATTWOOD, D. 2003. Princípios Físico-Químicos em Farmácia. Edusp: São Paulo.

MAREGGIANI, G., RUSSO, S.; ROCCA, M. 2008. Eucalyptus globulus (mirtaceae) essential oil: efficacy against aphis gossypii (hemiptera: aphididae), an agricultural pest. Revista Latino-americana de Química. 36(1): 16-21.

MORETTO, E.; FETT, R. 1989. Óleos e Gorduras Vegetais: processamento e análise. Editora da UFSC: Florianópolis. 2ª ed.

PARK, I.-K.; SHIN, S.-C. 2005. Fumigant Activity of Plant Essential Oils and Components from Garlic (Allium sativum) and Clove Bud (Eugenia caryophyllata) Oils against the Japanese Termite (Reticulitermes speratus Kolbe). Journal of Agricultural and Food Chemistry., 53 (11): 4388-4392.

SANDI, J.T.; BLANCO, R. F. 2007. Atividade inseticida do óleo essencial obtido de eucalipto, Eucalyptus globulus labill (myrtaceae), sobre o gorgulho do milho, Sitophilus zeamais, (coleoptera: curculionidae). Revista de Biologia e Saúde da UNISEP, 1 (1): 93 – 100.

TAPONDJOU, A.L.; ADLERB, C.; FONTEMC, D.A.; BOUDAA, H.; REICHMUTHB, C. 2005. Bioactivities of cymol and essential oils of Cupressus sempervirens and Eucalyptus saligna against Sitophilus zeamais Motschulsky and Tribolium confusum du Val. Journal of Stored Products Research, 41: 91–102.

VITT, A.M.S.; BRITO, J.O. 2003. Óleo essencial de eucalipto. Documentos Florestais, 17: 1-26.