ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: EXTRAÇÃO QUÍMICA EM MEIO AQUOSO DOS CONSTITUINTES DA ERVA EQUISETUM ARVENSE: UMA ANÁLISE PRELIMINAR
AUTORES: DO CARMO, D.R. (UNESP) ; SILVA, W.S. (UNESP) ; PIPI, A.R.F. (UNESP)
RESUMO: Extraiu-se da erva Equisetum arvense, em meio aquoso, alguns constituintes químicos. A fase líquida obtida (chá) foi liofilizada e o pó (EQ) obtido foi analisado por difração de raios-X (DRX), microscopia eletrônica de varredura (MEV), energia dispersiva de raios-X (EDX) e termogravimetria (TG). A microscopia eletrônica de varredura da EQ revelou a existência de micropartículas perfeitamente organizadas. A EQ apresentou os seguintes elementos: Si, Mg, S, K, Cl. Por termogravimetria verificou-se uma grande presença de água e constituintes orgânicos (~48%).
PALAVRAS CHAVES: equisetum arvense, sílica biogênica, extração.
INTRODUÇÃO: A erva Equisetum arvense, vulgarmente conhecida como cavalinha, é uma planta originária da Europa (horsetail), que apresenta em sua composição: sais minerais, silício (sílica biogênica em abundância), potássio, magnésio, alumínio, cálcio, flúor, fósforo e sódio. Geralmente apresenta mais de 10% de constituintes inorgânicos (D`AGOSTINO, M., et al., 1984), compostos fenólicos, flavonóides, entre outros (WICHTL, M., 1994). O extrato de cavalinha é uma fonte natural de antioxidantes. Atualmente, seu uso como planta medicinal é um recurso terapêutico difundido intensamente no meio urbano, como forma alternativa ou complementar aos medicamentos alopáticos. Dentro deste contexto devemos saber do ponto de vista químico orgânico e inorgânico seus constituintes, pois se trata de um composto extremamente empregado na medicina popular. Geralmente seu estudo consiste em extrair seus constituintes por meio de extração com solventes orgânicos como , por exemplo, metanol. O presente trabalho teve por objetivo caracterizar quimicamente e superficialmente o produto do chá, após prévia liofilização, já que esta é a forma em que o material é absorvido pelos organismos. Foi dada uma ênfase a presença de metais, principalmente Si, visto que a forma em que o mesmo se encontra no chá pode determinar sua propriedade e uso (HOLZHUTER, G. et al., 2003).
MATERIAL E MÉTODOS: A Cavalinha foi obtida comercialmente e de inicio foi transformada em pó empregando um moinho de facas (TECNAL-TE650 série 97003) com peneiras de alumínio de 5,0mm e 1,0mm de porosidade. Em seguida cerca de 100g foram adicionadas em um béquer contendo 800 mL de água deionizada, e mantida sob agitação mecânica a 1000 RPM por 4 h. O pH da solução antes da filtragem foi de 6,8. A fase sólida formada durante o processo, foi separada por um funil de placa sinterizada de porosidade 5 micrômetros. A fase líquida obtida (pH 6,3) foi congelada a -10ºC, por 3 dias, e liofilizada por 48 h. empregando um liofilizador (TERRONE LB1500TT). O produto sólido (EQ) foi adequadamente acondicionado em um frasco e guardado em dessecador a vácuo, pois o material é bastante higroscópico. O produto (EQ) foi caracterizado por Difração de raios-X. Os difratogramas foram registrados empregando um difratômetro de raios-X (XRD-600 SHIMADZU), empregando radiações Cu K(Alfa);(Lambda = 1,5406 Å).Todas as medidas foram feitas em Teta/2Teta; a temperatura ambiente. Os dados de velocidade 2 Teta; foram coletados a 0,05 grau.s-1. A microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi realizada empregando um microscópio eletrônico (Jeol JTSM –T 330). As amostras foram metalizadas em um metalizador (BAL-TEC SCD 050) por 120s, em uma espessura de aproximadamente 20 a 30 nm. O teor de metais na EQ foi qualitativamente determinado por energia dispersiva de raios-X (EDX). A termogravimetria das amostras foi determinada usando um equipamento (SDT Q-600 TA Instruments). As medidas foram obtidas usando amostras com 10-15 mg colocadas em cadinhos de alumina e aquecidas sob um fluxo continuo de nitrogênio (50mL / min), e razão de aquecimento de 10°C/min entre temperatura ambiente e 1000 °C.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: A difração de raios-X da EQ, conforme ilustra a Figura 1, apresentou seis picos de intensidades elevadas (2 Teta;): 15,44; 31,14; 35,6; 40,4; 50,2; 58,6 e 66,3 que foram atribuídos a presença de cristais de KCl (ATKINS,P. W.; 1998) . Este resultado está em concordância com as analises de EDX. Verificou-se também uma fase amorfa provavelmente originada dos compostos solúveis a base de Silício, Si(OH)4 ou Si(OH)3O-, que estão presentes no caule da erva (HOLZHUTER, G. et al., 2003). Através da microscopia eletrônica de varredura (MEV) pode-se observar claramente micropartículas de aproximadamente 0,22 mícron, atribuídas a camada superficial de sílica, geralmente encontrada na folha e no caule, e este valor esta bem próximo daquele descrito na literatura (HOLZHUTER, G. et al., 2003). Além de Si e Mg também foi constatada a presença de S, (veja Figura 2; EDX inserido) mas não foi constatada a presença de alumínio, cálcio, flúor, fósforo e sódio conforme descrito na literatura (D`AGOSTINO, M., et al, 1984). Através da termogravimetria, verificaram-se praticamente duas etapas principais de perda de massa conforme ilustra a Figura 1. A primeira etapa (30 a 500 ºC) corresponde a uma rápida perda de massa (~48%), devido à decomposição da matéria orgânica e a segunda etapa, mais lenta (500 a 1000 ºC), provavelmente devida à perda de matéria carbonácea em virtude da decomposição dos orgânicos.
CONCLUSÕES: Através de espectroscopia de raios-X, observou-se que o chá da Equisetum arvense em meio aquoso, depois de liofilizado apresentou alguns constituintes inorgânicos a base de Si, Mg e principalmente cristais de KCl, absorvidos pelo caule da planta. A presença de micropartículas dispostas de maneira organizada foi evidente. A presença de compostos orgânicos (~48%) foi constatada por termogravimetria, porém estes estão para ser determinados e quantificados.
AGRADECIMENTOS: FAPESP
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ATKINS, P. W. – Physical Chemistry sixth edition, W.H. Freeman and Company, New York, 1998; pp. 628
D`AGOSTINO, M.; DINI, A.; PIZZA, C.; SENATORE, F.; AQUINO, R. Sterols from Equisetu m arvense.Boll. Soc. Ital. Biol. Sper. 1984, 60, 2241-2245
G. HOLZHUTER; K. NARAYANAN; T. GERBER; Structure of sílica in Equisetum arvense, Anal Bioanal Chem (2003) 376: 376: 512-517
WICHTL, M. Herbal drug and phytopharmaceuticals; Medpharm Scientific Publishers: Stuttgart,1994; pp. 188-191