ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: ATIVIDADE ANTICOLINESTERÁSICA DE PLANTAS DO NORDESTE BRASILEIRO

AUTORES: BARROSO, N.D. (UECE) ; MACHADO, L. K. A. (UECE) ; ACCIOLY, M. P. (UECE) ; DIAS, P. M. D. (UECE) ; BARROS, C. C. (UECE) ; MORAIS, S. M. (UECE)

RESUMO: Os inibidores da colinesterase são utilizados no tratamento da doença de Alzheimer. Atualmente, há uma atividade de pesquisa relativamente intensa na busca de novos inibidores de colinesterase em extratos de plantas, com especial interesse no isolamento e na identificação estrutural. O objetivo deste trabalho foi avaliar os extratos metanólicos de plantas encontradas no nordeste brasileiro (Leucacena leucocephalla, Mimosa tenuiflora, Musa paradisíaca L. e Spondias mombim) quanto à atividade anticolinesterásica. Utilizou-se a metodologia de Ellman em CCD para testar os extratos das plantas, sendo comparados com o padrão Carbachol. Três dos extratos apresentaram atividade anticolinesterásica: L. leucocephalla, M. tenuiflora, M. paradisíaca L.

PALAVRAS CHAVES: alzheimer, acetilcolinesterase

INTRODUÇÃO: O uso de medicamentos complementares, como extratos de plantas, varia de acordo com as diferenças culturais. Companhias farmacêuticas vêm apoiando fortemente o desenvolvimento de fármacos que aumentem a capacidade cognitiva. Os inibidores da colinesterase são utilizados no tratamento da doença de Alzheimer (PERRY, 1999). Os mesmos benefícios terapêuticos poderiam ser úteis para crianças com retardamento mental (CAPONE, 1988). A doença de Alzheimer está associada com “déficits” dos diversos neurotransmissores cerebrais, como a acetilcolina, a noradrenalina e a serotonina. O tratamento sintomático da doença envolve primariamente a restauração da função colinérgica. O entendimento dos mecanismos, acompanhado do aumento de testes com receptores e enzimas disponíveis, permitiram o desenvolvimento de sistemas eficientes e rápidos de bioensaios (CORDELL, 1995). A acetilcolinesterase é uma serina hidrolase que desempenha um papel essencial no mecanismo colinérgico, catalisando a hidrólise do substrato ACh em ácido acético e colina (MARCEL et al., 1998). Encontrada principalmente nas sinapses do SNC, SNP parassimpático e junção neuromuscular. É uma importante enzima regulatória que controla a transmissão de impulsos nervosos através de sinapse colinérgica pela hidrólise do neurotransmissor excitatório ACh, terminando portanto, sua ação (MILATOVIC & DETTBARN, 1996; MULLER et al., 2002). Leucaena leucocephalla (leucena), Mimosa tenuiflora (jurema preta), Musa paradisíaca L. (banana) e Spondias mombim (cajá) são plantas encontradas no nordeste brasileiro. M. paradisíaca L por exemplo, utilizada como tônico muscular, cicatrizante e fortificante geral. O chá das folhas de S. mombin é utilizado em ferimentos e tem ação anti-inflamatória (Villegas et al., 1997).

MATERIAL E MÉTODOS: As folhas foram coletadas no Campus da Universidade Estadual do Ceará – UECE. Elas foram trituradas e colocadas em metanol 90% durante sete dias a 25°C. Com auxilio de um evaporador rotativo foi retirado o solvente dos extratos obtendo-se assim os extratos brutos. O estudo da atividade anticolinesterásica consiste em um ensaio baseado no método de ELLMAN et al., 1961 adaptado para cromatografia em camada delgada por RHEE et al., 2001, é um método colorimétrico e pode ser utilizado de forma qualitativa e quantitativa. Neste ensaio, utiliza-se a solução dos reagentes ácido 5,5’-ditiobis-2-nitrobenzóico (DTNB) e iodeto de acetilcolina (ATCI) em tampão e, posteriormente, aplica-se a enzima AChE (3 U/mL). A visualização da inibição dá-se pela observação de halos brancos. As amostras foram aplicadas na cromatoplaca, após a evaporação do solvente pulverizou-se o substrato (ATCI, 1mM em tampão) e o reagente de Ellman (DTNB, 1 mM em tampão 1), aguardou-se a secagem por 3 a 5 minutos e borrifou-se a enzima a uma concentração de 3 U/mL, após aproximadamente 10 minutos a cromatoplaca desenvolveu uma coloração amarela. O aparecimento de halos brancos em tornos dos ´spots´ das amostras são indicativos de que ocorreu a inibição da enzima AChE, responsável pela hidrólise do substrato, depois foi comparado com o padrão Carbachol.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados foram bastante expressivos, pois como se observa na tabela 1, os extratos metanólicos de M. paradisiaca L., M. Tenuiflora e Leucaena Leucocephalla, apresentaram atividade anticolinesterásica próxima ao padrão carbachol. Apenas o extrato metanólico de S. mombin não apresentou atividade.



CONCLUSÕES: A busca por novos inibidores da AchE para o tratamento da doença de Alzheimer, apresenta benefícios pelo seu baixo custo e alta acessibilidade. As plantas referidas que apresentaram atividade se tornam fontes importantes de futuros estudos para o isolamento, caracterização e descoberta de novos inibidores da AchE.

AGRADECIMENTOS: A Universidade Estadual do Ceará e aos Órgãos financiadores: CNPq e FUNCAP.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Capone, G. T.; Mental Retardation and Developmental Disabilities. Research Reviews 1998, 4, 36.
Cordell, G. A.; Phytochemistry 1995, 40, 1585.
Ellman,G.L; Biochem.Pharmacol.1961 ,7, 88
MARCEL, V. et al. Two invertebrate acetitylcholinesterases show activation followed by inhibition with substrate concentration. Biochemistry Journal, v.329, p.329-334, 1998.
MILATOVIC, D.; DETTBARN, W-D. Modification of acetiylcholinesterase during adaptation to chronic subcute paraoxon application in rat. Toxicology and Applied Pharmacology, v.136, p.20-28, 1996.
MÜLLER, T.C. et al. Antidepressants inhibit human acetylcholinesterase and butyrylcholinesterase activity. Biochimica et Biophysica Acta, v.1587, p.92-98, 2002.
Perry, E. K.; Pickering, A. T.; Wang, W. W.; Houghton, P. J.; Perry, N. S.
L.; J. Pharm. Pharmacol. 1999, 51, 527.
Rhee,I. K; Meent, M.; Ingkaninan, K.; Verpoorte, R.; J. Chromatogr., A 2001, 915, 217.
Villegas, L. F., Fernandez, T.D., Maldonado, H., Torres, R., Zavaleta, A., Vais-berg, A.J., Hammond, G.B. Evaluation of wound healing activity of selected plants from Peru. Journal of etnopharmacology, v. 55, p. 193-200, 1997.