ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DOS CONSTITUINTES QUÍMICOS MAJORITÁRIOS DO ÓLEO ESSENCIAL DA ACHYROCLINE SATUREIODES LAM. DC VIA GC-MS E GC/FID.

AUTORES: LUCAS, D.A.P. (UFPEL) ; RODRIGUES, M.R.A. (UFPEL) ; ALVES, G.H. (UFPEL)

RESUMO: A macela (Achyrocline satureiodes Lam.) é uma planta nativa do Rio Grande do Sul, a qual atribui-se ação farmacológica, sendo suas inflorescências muito utilizadas em forma de infusão e decocção aquosa pela população em geral. A literatura relata trabalhos com relação à atividade biológica, havendo poucos estudos sobre seus constituintes químicos. O objetivo deste trabalho é avaliar o rendimento da extração por hidrodestilação da macela e caracterizar os constituintes químicos majoritários através dos instrumentos de análise cromatográfica GC/MS e GC/FID.

PALAVRAS CHAVES: macela, óleo essencial, gc/ms.

INTRODUÇÃO: A espécie Achyrocline satureiodes (Lam.) DC. pertencente à família Asteraceae, mais conhecida como macela ou marcela, é uma planta nativa do estado do Rio Grande do Sul (ALMEIDA et al., 1993) e suas inflorescências são utilizadas em forma de infusão e decocção aquosa (SIMÕES et al., 1998). O uso popular desta planta remete-se a ação antioxidante, digestiva, antiespasmódica, carminativa, colagoga, eupéptica, analgésica, sedativa, antiinflamatória, antisséptica e para cólicas de origem nervosa (SIMÕES et al., 1988). Há pouco estudo do óleo essencial da macela, sendo principalmente investigado devido sua atividade biológica como a sua ação repelente (GILLIJ et al., 2008). Os óleos essenciais extraídos das plantas aromáticas são a fonte potencial de compostos farmacologicamente ativos como analgésicos, anti-inflamatório antitumorais, antibióticos e digestivos fazendo-se necessário mais estudos sobre seus constituintes químicos.
Esse trabalho teve como objetivo realizar a avaliação do rendimento do óleo essencial de macela e a identificação dos constituintes químicos majoritários das flores da macela, utilizando a análise cromatográfica.


MATERIAL E MÉTODOS: Amostras: As inflorescências de macela foram coletadas durante o período de floração (abril/2008), na zona rural de Pelotas/RS, secas em estufa com circulação de ar a 35°C e armazenadas em sala climatizada. Após, foi determinado o teor de umidade que ficou em torno de 8-9%. Extração: Cerca de 30 g das inflorescências de macela foram submetidas à extração por hidrodestilação durante 4 h, através do aparelho Clevenger, em triplicata. Análise cromatográfica: Os óleos essenciais obtidos foram submetidos à análise cromatográfica, via cromatografia gasosa acoplada com espectrômetro de massas (GC/MS Shimadzu 5050A) e cromatografia gasosa com detector de ionização em chama (GC/FID Shimadzu 17A). Nas duas técnicas foram utilizadas as colunas capilares DB-5 e Carbowax 20M (30 m X 0,25 mm X 0,25 micrometros). As condições de programação, nos dois equipamentos, para coluna DB-5 foram: temperatura iniciando em 60ºC, aquecendo a 3ºC min-1 até 250ºC e, após a 10ºC min-1 até 280ºC, permanecendo por 20 min; para coluna Carbowax foram: temperatura iniciando em 40°C, aquecendo a 3°C min-1 até 220°C e permanecendo por 20 min. Foram preparadas soluções dos óleos essenciais (1000 mg L-1), e soluções dos padrões cromatográficos (60 mg L-1), alfa-pineno, canfeno, beta-pineno, mirceno, alfa-terpineno, p-cimeno, limoneno, 1,8-cineol, alfa-terpineno, terpinoleno, linalol, 4-terpineol, alfa-terpineol, timol e carvacrol, todas em hexano. Essas soluções foram injetadas (1 µL) nas mesmas condições. Identificação dos componentes: Os compostos foram identificados por comparação com tempo de retenção de padrões cromatográficos e tentativamente com os espectros de massa da biblioteca Wiley do equipamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pelos resultados obtidos, pode-se constatar um rendimento muito baixo para o óleo essencial em torno 0,10 a 0,15 mL. A Tabela 1 apresenta os principais constituintes majoritários, obtidos através de análise cromatográfica via GC-MS, como sendo óxido de cariofileno, gama-cadinol, alfa-cadinol, trans-cariofileno, gama-cadineno, beta-eudesmol, além de outros sesquiterpenos, os quais não foi possível afirmar com maior certeza. Os compostos identificados apresentaram uma probabilidade acima de 95%.

Tabela 1. Principais compostos identificados nos óleos essenciais de macela, utilizando GC-MS com coluna DB-5
(TABELA 1)
* Concentração calculada em relação à área normalizada
** Compostos identificados por tentativa, através da espectrospeca do equipamento

A Figura 1 apresenta um exemplo de cromatograma típico do óleo essencial, com coluna DB-5, onde estão destacados os picos cromatográficos dos constituintes químicos majoritários encontrados no óleo essencial das inflorescências da macela.

(FIGURA 1)
Figura 1. Cromatograma do ion total (TIC) via GC/MS do óleo essencial de macela, obtido utilizando coluna DB-5. Os picos estão numerados e identificados na Tabela 1.

Os resultados mostraram-se de acordo com trabalhos publicados (GILLIJ et al., 2008) que relatam a identificação de sesquiterpenos como constituintes majoritários, utilizando apenas GC/MS na identificação. Constata-se, portanto, a importância dos dois instrumentos de análise cromatográfica (GC/MS e GC/FID), juntamente com a obtenção do índice de Kovats para se determinar com maior certeza o tempo de retenção destes compostos e assim, identificá-los para uma posterior atividade biológica.







CONCLUSÕES: Pode-se concluir que há presença de grande diversidade de sesquiterpenos, os quais são atribuídos várias atividades antimicrobianas. Foi possível identificar os constituintes majoritários que são os responsáveis pelas atividades biológicas da macela. O uso das duas colunas permitiu essa identificação bem como detectar o índice de Kovats, ou seja, calcular o tempo de retenção e comparar com a bibliografia, para confirmá-los.

AGRADECIMENTOS: CNPq e CAPES – auxílio e bolsa de Mestrado

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: 1- ALMEIDA, E.R.; 1993. Plantas medicinais brasileiras, conhecimentos populares e científicos.
2- GILLIJ, Y.G.; GLEISER, R.M. ; ZYGADLO, J.A.; 2008. Mosquito repellent activity of essential oils of aromatic plants growing in Argentina, Bioresource Technology 99: 2507–2515.
3- SIMÕES, C.M.O.; MENTZ, L.A.; SCHENKEL, E.P.; IRGANG, B.E.; STEHMANN, J.R.; 1998. Plantas da medicina popular no Rio Grande do Sul.
4- SIMÕES, C.M.O.; SCHENKEL, E.P.; BAUER, L.; LANGELOH, A.; 1988. Pharmacological investigations on Achyrocline satureioides (Lam.) DC., compositae; Journal of Ethnopharmacology 22, 3: 281-293.