ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: ISOLAMENTO, PURIFICAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE COUMESTANOS EM DIFERENTES PARTES DE ECLIPTA ALBA (L.)
AUTORES: BATISTA, W. P. (RENORBIO) ; BANDEIRA, S. M. C. (UECE) ; VIEIRA, I. G. P. (PADETEC) ; MENDES, F. N. P. (PADETEC) ; CRAVEIRO, A. A. (PADETEC) ; ALMEIDA, R. R. (UECE)
RESUMO: O agrião do brejo (Eclipta alba L.) é uma erva tropical, espontânea em todo o Brasil. Seu principal constituinte ativo são os coumestanos, Wedelolactona (W) e Demetilwedelolactona (DW). A partir da Eclipta Alba e por preparação dos extratos seguindo por purificação em cromatografia em coluna os seus princípios ativos foram isolados e caracterizados. Estes padrões foram utilizados para quantificar os coumestanos nos diversos extratos utilizando a cromatografia de alta eficiência (CLEA). Os seguintes extratos foram preparados e analisados- extrato de acetato de etila (0.14% de W e 0.094% de DW), extrato metanolico (0.22% de W e 0.20% de DW), extratos metanólicos das diferentes partes da planta- folha (0.14% W e 0.0094% DW) ,raiz ( 0.071% W e 0.54% DW) e talos (0.010% W e 0.086% DW).
PALAVRAS CHAVES: eclipta alba, coumestano,wedelolactona.
INTRODUÇÃO: Eclipta alba pertence a família das Asteraceae, é uma pequena erva anual de flor branca, está presente freqüentemente em ambientes úmidos em todo o Brasil. Também pode receber outras designações como Eclipta erecta (L.) e Eclipta próstata (L) L. (Matos, 2007) e é conhecida popularmente por agrião do brejo, erva de botão, lanceta e zangara.
É uma das principais plantas da medicina indiana Ayurvedica por possuir atividade antiofídica, comprovada em testes realizados em ratos. É utilizada para tratar disfunções do fígado, do baço e da vesícula biliar, possuindo também, atividade anti-inflamatória (ZARFA et al., 1999). É muito utilizada na culinária indiana.
O principal constituinte ativo da Eclipta alba é o coumestano, que é um composto orgânico derivado da cumarina. Além deste, apresenta outros constituintes como polipeptídios, poliacetilenos, tiofenos derivados, esteróides, triterpenos e flavonóides (WAGNER et al., 1986). Este trabalho teve como objetivo o isolamento, a purificação e a quantificação dos principais constituintes químicos wedelolactona (W) e demetilwedelolactona (DW) presentes em diferentes partes da planta.
MATERIAL E MÉTODOS: O extrato metanolico foi preparado com aproximadamente de 50g toda a planta e separadamente com 10g da folha, da raiz e dos talos. A extração foi realizada em soxhlet por também aproximadamente 24 horas e concentrado em evaporador rotativo a vácuo. O resíduo obtido da extração com 50 g planta foi diluído com água quente, filtrado em camada de celite, e submetido a extração com a acetato de etila e concentrado a vácuo e purificado utilizando coluna cromatográfica( sílica gel) e eluida inicialmente com a proporção clorofórmio:metanol 90:10 e a proporção de metanol foi aumentada para 20 e 30%. As frações colhidas foram analisada por CCD em sílica gel( tolueno:acetona:ácido acético (11:6:1) e reveladas em solução alcoólica de cloreto férrico 5%. As frações foram então reunidas e recromatografadas permitindo o isolamentoda wedelolactona e demetilwedelolactona. Em seguida confirmadas por RMN1H, RMN13C e IV, por comparação com os dados da literatura (Wagner et al. 1986). Para a quantificação dos coumestanos foi utilizada a CLAE. Os extratos concentrados obtidos foram diluídos em 10mL de metanol. As soluções foram filtradas em uma membrana o,45 microns e foram injetadas no cromatógrafo líquido-SHIMADZU;detector UV-VIS(SPD-10 AV);coluna RP - C18 (5µm – Supelco 150mm x 4,6mm); fase móvel A(solução a 1% com ácido fosfórico 0,1N ) e B(solução a 1% de ácido fosfórico com acetonitrila) numa proporção de 85:15, vazão de 1,0mL por minuto. Os padrões isolados foram injetados(wedelolactona-0,14 mg/mL a 0,7 mg/mL demetilwedelolactona e 0,07 mg/mL a 0,35 mg/mL) e áreas dos cromatogramas obtidos foram utilizados para a determinação das curvas de calibrações(Wedelolactona y = 3E-08x - 0,0031 R2 = 0,9998 e demetilwedelolactona y = 3E-08x - 0,0017 R2 = 0,9997).
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na analise quantitativa dos extratos por CLAE e utilizando as curvas de calibracao obteve-se os seguintes resultados: Extrato metanolico (wedelolactona 0,22%, demetilwedelolactona 0,20%), Extrato Acetato de Etila (wedelolactona 0,14%, demetilwedelolactona 0,094%), Raiz (wedelolactona 0,071%, demetilwedelolactona 0,54%), Folha (wedelolactona 0,14%, demetilwedelolactona 0,0085%), Talo (wedelolactona 0,010%, demetilwedelolactona 0,086%). Estes resultados indicam que uma grande perda de coumestanos na preparação do extrato acetato de etila. Observamos ainda que a wedelolactona encontra-se em grande quantidade na folha e a demetilwedelolactona encontra-se em maior quantidade na raiz e nos talos. Como representação da identificação dos coumestanos temos o cromatograma do extrato metanolico-Demetilwedelolactona(pico numero 23), Wedelolactona (pico 29) na figura 1 e o espectro de UV - característico dos coumestanos na figura 2.
CONCLUSÕES: O método descrito mostrou-se bastante eficaz para a obtenção dos coumestanos. Utilizando o extrato de acetato de etila foi possível a separação da Wedelolactona e da Demetilwedelolactona mostrando rendimento superior ao da literatura e que em 200g da planta obteve-se 21,4mg da wedelolactona e 13,2mg da demetilwedelolactona. O Rf obtido foi igual ao encontrado na literatura 0,58 Wedelolactona para e 0,48 para Demetilwedelolactona( Wagner et al.,1987). Os coumestanos isolados foram utilizados como padrões para determinação dos teores de Wedelolactona e Demetilwedelolactona, por CLAE.
AGRADECIMENTOS: Gratos ao PADETEC por ceder as dependências dos laboratórios.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHANG, C. YANG, LY. CHANG, WL. FANG,YT. LE YJ. Total synthesis of demethylwedelolactone and wedelolactone by Cu-mediated/Pd(0)-catalysis and oxidative-cyclization. Tetrahedron 64 (2008) 3661-3666.
MATOS, F.J.A. Plantas mdicinais: guia de seleção e empregodas plantas usadas em fitoterapia no nordeste do Brasil. 3 ed, Fortaleza Imprensa Universitária, 2007
Tropilab inc; site: http:// ecliptaalbatincturefromamazonherbs; visitado em acessado em 22 de junho de 2009
RAI, P.; MISHRA, H. P.; PHCOG, M.A.G.; Research ArticleDevelopment of a simple and sensitive spectrophotometricmethod for the simultaneous determination of asiaticosideand wedelolactone in a polyherbal formulation. Pharmacognosy Magazine 46-51.
ZAFAR, R. SAGAR, B.P.S. In vitro plant regeneration of Eclipta alba and increased production of coumestans. Fitoterapia 70 (1999) 348-356.
WAGNER, H. GEYER, B. KISO, Y. HIKINO, H. RAO S.G.Coumestans as the main active principles of the liver rugs Eclipta alba and Wedelia calandulacea. Planta medical (1986) 370-374.