ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: TEOR DE ANTOCIANINAS, FENÓIS TOTAIS E POTENCIAL ANTIOXIDANTE DE PLANTAS DO NORDESTE BRASILEIRO

AUTORES: BARROSO, N. D. (UECE) ; MACHADO, L. K. A. (UECE) ; CAVALCANTE, L. B. (UECE) ; DIAS, P. M. D. (UECE) ; SILVA, D. P. (UECE) ; ACCIOLY, M. P. (UECE) ; MORAIS, S. M. (UECE)

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo estudar os extratos metanólicos das folhas da Spondias mombin, Leucaena leucocephalla, Mimosa tenuiflora e avaliar o conteúdo de antocianinas e fenóis totais das mesmas, bem como sua atividade seqüestradora de radicais livres. As folhas foram colhidas no campus da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e delas foi feito o extrato metanólico para a realização dos testes, que apresentaram resultados significativos.

PALAVRAS CHAVES: antocianinas, fenóis totais, antioxidante.

INTRODUÇÃO: Os antioxidantes são compostos químicos que combatem substâncias no organismo conhecidas como radicais livres, responsáveis pela peroxidação lipídica, que podem estar envolvidos em muitas doenças tais como: câncer, enfisema, cirrose, arteriosclerose. As antocianinas são pigmentos vegetais responsáveis pela maioria das cores azul, roxa e tonalidades de vermelho encontradas em flores, frutos, algumas folhas, caules e raízes de plantas. (MARKAKIS, 1982). Apresentam propriedades farmacológicas, sendo utilizadas para fins terapêuticos. Já foram comprovados cientificamente seus efeitos anticarcinogênico (HAGIWARA et al., 2001, KAMEI et al., 1998), antioxidante (WANG et al., 2000; YOUDIM, MARTIN e JOSEPH, 2000) e antiviral (KAPADIA et al., 1997). Spondias mombin(cajá), Leucaena leucocephalla(leucena) e Mimosa tenuiflora(jurema preta), são plantas encontradas no nordeste brasileiro e bastante utilizadas na medicina popular. Nas folhas e talos de S. mombin são encontrados taninos elágicos (geraniina e galoilgeraniina) com atividade antiviral contra o vírus do Coxsachie B2 e Herpes simples tipo 1, bem como, atividade antimicrobiana contra Enterobacter aeruginosa e Proteus vulgaris (Corthout et al., 1991 e Corthout et al., 1992).

MATERIAL E MÉTODOS: Para se obter o teor de antocianina, pesou-se 1g dos extratos, colocando-se em aproximadamente 30mL de solução de etanol-HCL (1,5N). Colocou-se a mistura em homogeneizador de tecidos por 2 minutos na velocidade “5”. Logo após, transferiu-se o conteúdo para um balão volumétrico de 50mL (sem filtrar) e aferiu-se o volume com etanol-HCl(1,5N). Transferiu-se para um frasco de vidro, envolto em papel alumínio, e deixou-se descansando por uma noite na geladeira. Filtrou-se o material para um bécker de 50 mL sempre envolto com papel alumínio, lendo-se logo em seguida no espectrofotômetro UV-visível (535nm). O “branco” é composto pela solução de etanol-HCL(1,5N). O cálculo de antocianina total foi feito em mg/100g através da fórmula: Absorbância x fator de diluição/98,2 (Francis 1982). Para avaliação da atividade antioxidante dos extratos (Yepez et al., 2002) foi utilizado o método do DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil). Foram colocados 3,9 mL de uma solução metanólica do radical (6,5x10-5M) com 0,1 mL das amostras, em diferentes concentrações. Após 60 minutos, a absorbância foi medida no UV-VS (515 nm) e em seguida, foi calculado o IV50 (índice de varredura em 50% da amostra). As amostras foram feitas em triplicata e os resultados submetidos ao programa estatístico Origin 7.0, sendo então comparados com o padrão quercetina. A quantificação espectrométrica de compostos fenólicos, segundo (Souza et al, 2007), é realizada por meio do reagente de Folin-Ciocalteu. A leitura das amostras foi feita no UV-visível (715 nm). Os extratos foram preparados pela técnica de maceração, deixando as folhas submersas à 25°C durante 7 dias em metanol 90%. Após filtração, concentrou-se utilizando um evaporador rotativo a 78°C.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados do teor de antocianinas, compostos fenólicos e da atividade antioxidante, estão mostrados na tabela 1.
De acordo com os resultados obtidos, os extratos metanólicos de L. leococephalla e M. tenuiflora apresentaram bons potenciais antioxidantes comparado com padrão quercetina IV50 = 0,23 mg/100mL. Os extratos de maior conteúdo fenólico apresentaram maior poder antioxidante. A literatura não registra estudos de atividade antioxidante e determinação de compostos fenólicos das duas amostras citadas.



CONCLUSÕES: S. mombin apresentou um melhor teor de antocianinas. Os extratos metanólicos de L. leucocephalla e M. tenuiflora apresentaram bons resultados como antioxidantes e um bom teor de compostos fenólicos. Estudos serão realizados a fim de isolar os componentes químicos responsáveis por essa atividade.

AGRADECIMENTOS: A Universidade Estadual do Ceará e aos orgãos financiadores: CNPQ E FUNCAP

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: Corthout, J., Pieters, L., Claeys, M., Geerts, S., Vanden Berghe D., Vlietinck A. Antiviral ellagitannins from Spondias mombin. Phytochemistry, v. 30, p.1129-1130, 1991.
Corthout, J., Pieters, L., Claeys, M., Geerts, S., Vanden Berghe D., Vlietinck A. Antiviral caffeoyl esters from Spondias mombin. Phytochemistry, v. 31, p.1979-1981, 1992.
Francis, F.J. Analysis of anthocyanins. In: MARKAKIS, P. (ed.). Anthocyanins as food colors. New York: Academic Press, 1982. p.181-207.)
HAGIWARA, A. et al. Pronounced inhibition by a natural anthocyanin, purple corn color, of 2-amino-16-phenylimidazol (4,5- b) pyridine (PhIP)-associated colorectal carcinogenesis in male F344 rats pretreated with 1,2-dimethylhydrazine. Cancer Letters, v. 171, p. 17-25, 2001.
KAPADIA, G. J. et al. Inhibition of 12 -O-tetradecanoylphorbol-13-acetate induced Epstein virus early antigen activation by natural colorants. Cancer Letters, n. 115, p. 173 -178, 1997.
MARKAKIS, P. Stability of anthocyanins in foods. In: MARKAKIS, P. (Ed.) Anthocyanins as food colors. New York: Academic Press, 1982. p. 163-180.
Yepez, B.; Espinosa, M., López, S.; Bolaños, G. Producing antioxidant fractions from herbaceous matrices by supercritical fluid extraction. Fluid Phase Equilibria v.194, p. 879, 2002.
Sousa, C.M.M.; Silva, H.R.; Vieira, G.M.J.; Ayres, M.C.C.; Costa, C.L.S.; Araújo, D.S.; Cavalcante, L.C.D.; Barros, E.D.S.; Araújo, P.B.M.; Brandão, M.S.; Chaves, M.H. 2007. Fenóis Totais e Atividade Antioxidante de Cinco Plantas Medicinais. Química Nova, 30:351-355.
WANG, C. J. et al. Protective effect of Hibiscus anthocyanins against tert-butyl hidroperoxideinduced hepatic toxicity in rats. Food and Chemical Toxicology, v. 38, p. 411-416, 2000.