ÁREA: Produtos Naturais

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA BIOATIVIDADE DE EXTRATOS DE PRÓPOLIS DE APIS MELLIFERA DO CEARÁ

AUTORES: LIBERATO, M. C. T. C. (UECE) ; MORAIS, S. M. (UECE) ; DIAS, P. M. D. (UECE) ; ALEXANDRINO, C. D. (UECE)

RESUMO: Própolis é uma substância natural produzida pelas abelhas a partir de várias plantas. Seu emprego na vida da colônia está relacionado com suas propriedades mecânicas e antimicrobianas. Sua composição química é variada, incluindo ácidos fenólicos, flavonóides, ésteres, diterpenos, sesquiterpenos, lignanas, aldeídos aromáticos, álcoois, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas e minerais. Foram preparados extratos metanólicos de própolis oriundas de três diferentes localidades do Ceará. Partindo da perspectiva do valor dos antioxidantes das própolis do Ceará, foram realizados ensaios de letalidade com o microcrustáceo Artemia salina. Os extratos avaliados apresentaram baixa toxicidade CL50 > 1000 micrograma/mL, apresentando opções variadas de utilização.

PALAVRAS CHAVES: artemia salina, própolis, apis mellifera

INTRODUÇÃO: Própolis é uma denominação usada para descrever uma mistura de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas colhidas por abelhas melíferas de brotos, flores e exsudatos de plantas (CASTRO et al., 2007), às quais acrescentam secreções salivares, cera e pólen para a elaboração do produto final. Seu emprego na vida da colônia está relacionado com suas propriedades mecânicas, sendo utilizada na construção e adaptação da colméia, e antimicrobianas, garantindo um ambiente asséptico (FUNARI & FERRO, 2006). A composição química da própolis contém vários compostos fenólicos como flavonóides, ácido cinâmico e seus derivados, esteróides, ésteres, diterpenos, sesquiterpenos, lignanas, aldeídos aromáticos, álcoois, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas, minerais, aldeídos e cetonas voláteis. Nos últimos anos, muitas atividades biológicas têm sido atribuídas à própolis. Resultados de estudos apontam que a própolis apresenta toxicidade contra células cancerígenas e atividades antioxidante, antiinflamatória, hepatoprotetora, imunoestimulante e antibiótica. Para estabelecer a toxicidade de novos produtos naturais, um dos ensaios que podem ser utilizados, é o de letalidade com o microcrustáceo Artemia salina, desenvolvido para detectar compostos bioativos em extratos vegetais (MEYER et al., 1982; SILVA et al., 2007). Artemia salina Leach é um microcrustáceo amplamente conhecido como indicador de toxicidade em um bioensaio que utiliza a CL50 (concentração letal média) como parâmetro de avaliação da atividade biológica. O objetivo desse trabalho é conhecer o nível de toxicidade dos extratos metanólicos de própolis de Apis mellifera, produzidos nas cidades de Aurora, Camocim, e Mombaça, que foram usados no ensaio de letalidade contra Artemia salina.

MATERIAL E MÉTODOS: As amostras de própolis foram obtidas de apicultores locais, levadas ao Laboratório de Produtos Naturais, liberadas de sujidades e armazenadas a 4°C. Foram preparados extratos metanólicos de cada amostra de própolis. Em seguida o solvente foi eliminado em evaporador rotativo obtendo-se respectivos extratos. A atividade citotóxica do extrato metanólico bruto foi avaliado através do teste de letalidade contra Artemia salina Leach, de acordo com o método proposto por MEYER et al. (1982), com algumas modificações. Ovos de Artemia salina foram incubados em água do mar artificial a temperatura ambiente por 48 horas. Com a ajuda de uma fonte de luz, as larvas foram atraídas e coletadas. Soluções do extrato foram preparadas com amostra + solvente (metanol), DMSO (Dimetil sulfóxido) e água do mar em concentrações variando de 20-1000 micrograma/mL. 10 metanáuplios foram transferidos para tubos de ensaio contendo 5 mL de cada uma das soluções a serem testadas. Um grupo controle foi preparado contendo apenas o solvente e as larvas. Os ensaios foram realizados em triplicata. A contagem do número de larvas mortas foi realizada após 24 horas e esse número foi usado para o cálculo da CL50 utilizando se o programa Microcal Origin versão 4.1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: No ensaio de toxicidade com Artemia salina os valores de CL50 foram: 4074 micrograma/mL para o extrato metanólico da própolis de Aurora, 3977 micrograma/mL para o de Camocim, e 1415 micrograma/mL para o de Mombaça. Portanto, pode-se dizer que as própolis analisadas apresentam baixa toxicidade (CL50 > 1000 micrograma/mL), ratificando o seu uso em produtos para higiene bucal entre outros.

CONCLUSÕES: A baixa toxicidade dos extratos metanólicos de própolis do Ceará frente a Artemia salina (CL50 > 1000 μg/mL) assegura o uso deste material em preparações medicamentosas muito comuns nas farmácias.



AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CASTRO, M. L., CURY, J. A., ROSALEN, P. L., ALENCAR, S. M., IKEGAKI, M., DUARTE, S., KOO, H. 2007. Própolis do sudeste e nordeste do Brasil: influência da sazonalidade na atividade antibacteriana e composição fenólica. Química Nova, v. 30, n. 7, p. 1512-1516.
FUNARI, C. S.; FERRO, V. O. 2006. Análise de própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 26, n. 1, Jan/Mar. 2006.
MEYER, B. N. ; FERRINI, N. R.; PUTNAM, J. E.; JACOBSEN, L. B.; NICHOLS, D. E.; McLAUGHLIN, J. L. 1982. Brine shrimp, a convenient general bioassay for active-plant constituents. Planta Medicinal 45: 31-34
SILVA, T. M. S.; NASCIMENTO, R. J. B.; BATISTA, M. M.; AGRA, M. F.; CAMARA, C. A. 2007. Brine shrimp bioassay of some species of Solanum from Northestern Brazil. Revista Brasileira de Farmacognosia 17: 35-38.