ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: EFEITOS NA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO EM PLÂNTULAS DE ALFACE (LACTUCA SATIVA L.) E RABANETE (RAPHANUS SATIVUS L.) TRATADAS COM EXTRATOS AQUOSOS DE PIMENTA-D0-REINO (PIPER NIGRUN) E PIMENTA ROSA (SCHINUS TEREBINTHIFOLIUS RADDI)
AUTORES: NATALI, R. L. (UEG) ; ARCANJO, W. (UEG) ; JÚNIOR, A. C. M. (UEG) ; MARTIN-DIDONET, C. C. G. (UEG)
RESUMO: As sementes de pimenta-do-reino (Piper nigrum) e pimenta-rosa (Schinus terebinthifolius Raddi) são muito estudadas em decorrência de seus efeitos fitoterápicos. Assim, este trabalho objetivou avaliar o efeito dos extratos aquosos das pimentas na germinação e crescimento de sementes de alface e rabanete. Os extratos aquosos, obtidos por meio da técnica de infusão (I) e decocção (D), foram diluídos e colocados em placa de petri junto com as sementes. Após germinação, à temperatura ambiente e luz artificial, o experimento procedeu-se em 8 dias. Foram avaliadas a porcentagem de germinação, o comprimento da radícula e da parte aérea. Houve efeito do extrato aquoso tanto na germinação quanto no crescimento, sendo que a alface e o rabanete mostraram efeitos diferenciados.
PALAVRAS CHAVES: princípio ativo, alelopatia, efeitos fisiológicos
INTRODUÇÃO: As sementes da pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) e da pimenta-rosa ou aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolius Raddi) são amplamente utilizadas na culinária brasileira como especiaria pelo seu sabor característico. Ambas as sementes são muito estudadas do ponto de vista fitoquímico e farmacológico pela presença de alguns compostos secundários como alcalóides e óleos (SILVA & BASTOS, 2000, SIGRIST, 2007). Vários destes compostos na pimenta-do-reino e na pimenta rosa são conhecidos por algumas propriedades como antitumorais, alelopáticas, antiinflamatórias, inseticida, antifúngica e antibacteriana (GUERRA et al., 2000, PAWLOWSKI & SOARES, 2007, SILVA & BASTOS, 2000, ALMEIDA, et al., 2009). A alelopatia é um termo utilizado para caracterizar um fenômeno químico ecológico, no qual metabólitos secundários produzidos por uma espécie vegetal são liberados e interferem na germinação e/ou no desenvolvimento de outras plantas num mesmo ambiente (SOARES et al., 2002). A avaliação fisiológica da germinação e do crescimento de plântulas tem sido proposta como uma forma de avaliação rápida de efeitos alelopáticos de extratos de plantas e sementes (FERREIRA & AQUILA, 2000; MANO, 2006). Assim este trabalho tem como objetivo avaliar o efeito de extratos aquosos de sementes de pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) e pimenta-rosa (Schinus terebinthifolius Raddi) na germinação e crescimento de sementes de alface (Lactuca sativa L.) e rabanete (Raphanus sativus L.).
MATERIAL E MÉTODOS: As sementes de pimenta-do-reino e de pimenta-rosa desidratadas foram moídas e pesadas. Para o procedimento de infusão, aproximadamente, 10 gramas de amostra foram adicionados a 100 mL de água destilada quente (100 oC). Para o procedimento de decocção, aproximadamente, 10 gramas de amostra foram adicionados a 100 mL de água destilada e, em seguida, aquecida à 100 oC. Para ambas as técnicas, após 15 minutos, procedeu-se à filtração por gravidade, obtendo cerca de 100 mL de extrato aquoso concentrado. Os extratos aquosos, obtidos por meio da técnica de infusão (I) e de decocção (D), foram denominados extratos PDR (pimenta-do-reino) e PR (pimenta-rosa) e diluídos em água na proporção 1:10, na faixa entre 10-1 a 10-6 v/v (extrato concentrado/água). A germinação e o crescimento das sementes de alface e de rabanete foram realizados em placas de petri com papel de filtro contendo 15 sementes das espécies vegetais sob avaliação. As sementes foram umedecidas com os extratos aquosos e para o tratamento controle foi utilizada somente água. Este sistema foi mantido sob luz artificial constante e à temperatura ambiente por 8 dias. Todos os tratamentos foram realizados em triplicatas. Foi avaliada a porcentagem de germinação após 48h e a determinação do comprimento da radícula e da parte aérea após 8 dias (BRASIL, 1992). A análise dos dados foi realizado pelo teste de Tukey com 5% de significância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Houve um aumento de 20% na germinação das sementes de alface quando as mesmas foram tratadas com extratos PDRI, na diluição 10-5 e aumento de 27% quando tratadas com extratos PDRD na diluição 10-3. Na germinação do rabanete, tanto em PDRI quando em PDRD, não foram observadas diferenças do tratamento controle. O comprimento da radícula da alface com os extratos PDRI e PDRD, em todas as diluições, foi menor que o tratamento controle. Enquanto, o comprimento da parte aérea aumentou 30% quando utilizou o extrato PDRI e PDRD diluído 10-3 (v/v), comparativamente ao controle. Para os extratos PRI e PRD, a taxa de germinação foi menor na diluição 10-1 comparativamente ao controle, nas sementes de alface e de rabanete. O comprimento da radícula em alface tratada com extratos PRI, em todas as diluições testadas, foi superior ao controle; enquanto o extrato PRD na diluição 10-1 causou morte das plântulas. Para o rabanete, o comprimento da radícula foi menor que o controle quando sementes foram tratadas com extratos PDRI e PDRD. Para a parte aérea em rabanete, o extrato PDRD na diluição 10-5 (v/v) promoveu um aumento significativo. Estes resultados indicam que os extratos aquosos utilizados podem conter princípios ativos que inibem ou estimulam a germinação das sementes e o crescimento da parte aérea das plântulas de alface e de rabanete, dependendo do teor do princípio ativo contido no extrato aquoso. Os extratos de pimenta-rosa na germinação da alface e do rabanete podem indicar um efeito alelopático como observado por Pawlowski e Soares (2007), os quais utilizaram extratos alcoólicos. Estudos adicionais sobre a caracterização química dos princípios ativos no extrato aquoso de pimenta do reino e pimenta-rosa proporcionarão esclarecimento sobre os efeitos fisiológicos dos mesmo
CONCLUSÕES: Há um efeito na diluição dos extratos de pimenta do reino e de pimenta-rosa, provenientes da infusão e decocção, sobre a germinação e o comprimento da radícula e da parte aéria das plântulas de alface e de rabanete. Quando da morte das plântulas tratadas com extratos mais concentrados de pimenta-do-reino e de pimenta-rosa pode-se inferir que houve efeito alelopático.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, F. A C. CAVALCANTI, M. F.B. S., SANTOS, J. F., GOMES, J. P.; NETO, J. J. S. B. 2009. Viabilidade de sementes de feijão macassar tratadas com extrato vegetal e acondicionadas em dois tipos de embalagens Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, PR, 31: 345-351.
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FERREIRA, A.G. & AQUILA, M.E.A. 2000. Alelopatia: uma área emergente da ecofisiologia. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, 12: 175-204.
GUERRA, Mª. J. M.; BARREIRO, M. L.; RODRIGUEZ, Z. M.; RUBALCADA, Y. 2000. Actividad antimicrobiana de un extracto fluido al 80% de Schinus terebinthifolius Raddi. Inst. Superior de Ciencias Médicas de La Habana. Revista Cubana Plant. Med., 5: 5- 23.
MANO, A. R. O. 2006. Efeito alelopático do extrato aquoso de sementes de cumaru (Amburana cearensis S.) Sobre a germinação de sementes, desenvolvimento e crescimento de plântulas de alface, picão-preto e carrapicho. Tese de dissertação, Fortaleza – Ceará.
PAWLOWSKI, A.; SOARES, G. L. G. 2007. Inibição da germinação e do crescimento radicial de alface (Lactuca sativa cv. Grand Rapids) por extratos alcoólicos de espécies de Schinus L. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, 5: 666-668.
SIGRIST, Sergio Roberto. Aroeira. Disponível em <ci-67.ciagri.usp.br/ pm/ver_1pl.asp?f_cod=13 15k> acesso 10 de junho 2009.
SILVA, D. M. M. H. ; BASTOS, C. N. 2007. Atividade Antifúngica de Óleos Essenciais de Espécies de Piper Sobre Crinipellis perniciosa, Phytophthora palmivora e Phytophthora capsici Fitopatol. Bras. 32:143-145.
SOARES, G. L. G., SCALON, V.R., PEREIRA, T.O. ; VIEIRA, D.A. 2002. Potencial alelopático do extrato aquoso de folhas de algumas leguminosas arbóreas brasileiras. Floresta e Ambiente, 9: 119-126.