ÁREA: Produtos Naturais
TÍTULO: DETERMINAÇÃO DE FENÓIS TOTAIS, FLAVONÓIDES E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE PRÓPOLIS COLETADAS NO CEARÁ
AUTORES: LIBERATO, M. C. T. C. (UECE) ; MORAIS, S. M. (UECE) ; NOJOSA, A. K. B. (UECE) ; NOJOSA, A. C. B. (UECE) ; SALUSTIANO, G. L. (UECE)
RESUMO: Própolis é uma substância resinosa coletada pelas abelhas melíferas de folhas, brotos, fendas nas cascas de várias plantas. A própolis é composta de 50% de resinas (composta de flavonóides e ácidos fenólicos relacionados), 30% de cera, 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de vários compostos orgânicos. Amostras de própolis, coletadas em diferentes locais do Ceará, foram purificadas por extração com metanol. Esse processo remove o material inerte e preserva a fração polifenólica. A partir dos extratos secos das amostras foram determinados seu conteúdo de fenóis totais pelo método Folin-Ciocalteu, flavonóides pelo método do Cloreto de Alumínio e atividade antioxidante pela avaliação da atividade antiradical livre.
PALAVRAS CHAVES: própolis, fenóis totais, atividade antioxidante
INTRODUÇÃO: Própolis é a denominação usada para uma mistura de substâncias resinosas, gomosas e balsâmicas colhidas por abelhas de brotos, flores e exsudatos de plantas (CASTRO et al., 2007), às quais acrescentam ceras e β-glucosidase, secretadas durante a coleta ((PIETTA, P. G.; GARDANA, C.; PIETTA, A. M.; 2002). Seu emprego na colônia está relacionado com suas propriedades mecânicas e antimicrobianas, garantindo um ambiente asséptico. Atualmente há um incremento nos estudos sobre própolis, apontando toxicidade contra células cancerígenas e atividades antioxidante, antiinflamatória, hepatoprotetora, imunoestimulante e antibiótica. Sua composição química é variada, incluindo ácidos fenólicos, flavonóides, ésteres, diterpenos, sesquiterpenos, lignanas, aldeídos aromáticos, álcoois, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas e minerais, destacando-se os flavonóides e os ácidos fenólicos, pois a eles é atribuída parte das atividades biológicas da própolis. A composição de uma própolis é determinada principalmente pelas características fitogeográficas ao redor da colméia, variando sazonalmente em um mesmo local. Como conseqüência disto, ocorrem variações nas atividades farmacológicas das própolis (MENEZES, 2005). Vários efeitos preventivos contra doenças tais como câncer, doenças coronarianas, desordens inflamatórias, degeneração neurológica, envelhecimento, etc. têm sido relacionados ao consumo de antioxidantes (GÓMEZ-CARAVACA et al., 2006). Alguns estudos indicam que substâncias fenólicas, como flavonóides e ácidos fenólicos são consideravelmente antioxidantes mais potentes que vitamina C e vitamina E (CAO et al., 1997). O objetivo desse trabalho é quantificar os fenóis totais e flavonóides relacionando-os com a atividade antioxidante de amostras de própolis do Ceará.
MATERIAL E MÉTODOS: As amostras foram obtidas de associações e cooperativas do Ceará, levadas ao Laboratório de Química de Produtos Naturais, da Universidade Estadual do Ceará, e mantidas sob refrigeração. As amostras de própolis vieram de Alto Santo, Beberibe, Camocim, Mombaça e Crato. Foram retiradas sujidades aparentes e obtidos extratos metanólicos por Soxhlet (FUNARI & FERRO, 2006). Após extração da cera os extratos foram secos. A quantificação do teor de flavonóides totais foi realizada por espectrofotometria utilizando-se cloreto de alumínio, como reagente de deslocamento (WOISKY, 1996). Para obtenção da equação na determinação do teor de flavonóides totais nas amostras, soluções do padrão quercetina foram preparadas em diferentes concentrações e a curva analítica foi obtida. A leitura foi feita a 425 nm. Foram utilizados 2 mL de solução de própolis a 2 mg/mL obtida pela dissolução de 100mg de resíduo seco em etanol, para a leitura nas amostras (BRASIL, 2001). Para a quantificação de fenóis totais construiu-se uma curva com ácido gálico como referência, fazendo a leitura no espectrofotômetro a 760 nm, usando-se o reagente de Folin- Ciocalteu (BRASIL, 2001). A partir do extrato seco de cada amostra foi realizada a determinação da Atividade Antiradical livre pelo método do DPPH.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: As análises foram feitas em triplicatas, estando os resultados na Tabela 1. O método espectrofotométrico para quantificar flavonóides totais baseia-se na propriedade do cátion alumínio de formar complexos estáveis com eles evitando a interferência de outras substâncias fenólicas. Foi usado o método do AlCl3 para determinar o teor de total de flavonóides e os resultados foram expressos através da curva de calibração da Quercetina como equivalentes da Quercetina (EQ)/100g de amostra, que variou de 1,978 a 5,901. Os resultados estão dentro do limite do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2001). Foi usado o método Folin- Ciocalteu para determinar o teor de total de compostos fenólicos e os resultados foram expressos através da curva de calibração do Ácido Gálico como equivalentes do Acido Gálico (EAG)/100g de amostra, que variou de 7,263 a 32,049. O método do DPPH (2,2-diphenil-1-picrilhidrazil) foi usado na determinação da atividade antiradical livre em amostras de própolis. A atividade antioxidante para as amostras foi expressa como valores de IC50 (Concentração Inibitória) que variou de 3,1838 mg/mL a 5,0547 mg/mL. Foi construída a curva padrão da atividade antiradical livre do Ácido ascórbico com valor de IC50 igual a 0,255mg/mL e para o antioxidante sintético BHT com valor de IC50 igual a 0,307mg/mL.
CONCLUSÕES: As amostras de própolis analisadas apresentaram valores de flavonóides e fenóis totais de acordo com a literatura, estando dentro dos parâmetros do Ministério da Agricultura do Brasil (BRASIL, 2001). Os resultados da Atividade Antiradical Livre indicam o potencial antioxidante das própolis cearenses. Os resultados demonstram a importância das análises realizadas para a caracterização de amostras de própolis do Ceará, frente às diferenças edafoclimáticas como clima e vegetação característica de cada região de origem na época da coleta.
AGRADECIMENTOS: Universidade Estadual do Ceará
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BRASIL. 2001. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Instrução Normativa nº 3, de 19 de janeiro.
CAO, G.; SOFIC, E.; & PRIOR, R. L. 1997. Antioxidant and prooxidant behavior of flavonoids : structure-activity relationships. Free Radical Biol. Med., 22, 749-760.
CASTRO, M. L., CURY, J. A., ROSALEN, P. L., ALENCAR, S. M., IKEGAKI, M.,
FUNARI, C. S., FERRO, V. O. 2006. Análise de Própolis. Ciência e Tecnologia de Alimentos 26(1): 171-178.
GÓMEZ-CARAVACA, A. M., GÓMEZ-ROMERO, M., ARRÁEZ-ROMÁN, D., SEGURA-CARRETERO, A. FERNÁNDEZ-GUTIÉRREZ, A. 2006. Advances in the analysis of phenolic compounds in products derived from bees. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis v.41. p.1220-1234.
MENEZES, H. 2005. Própolis: Uma Revisão dos Recentes Estudos de suas Propriedades Farmacológicas. Arq. Inst. Biol., v. 72, n. 3, p. 405-411, jul./set.
PIETTA, P. G.; GARDANA, C.; PIETTA, A. M. 2002. Analytical methods for quality control of própolis. Fitoterapia, 73, Suppl. 1, S7 – S20.
WOISKY, R.G..1996. Métodos de Controle Químico de Amostras de Própolis. São Paulo. Dissertação (mestrado). Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Universidade de São Paulo.