ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: PRODUÇÃO DE ESPAÇOS VIRTUAIS EDUCACIONAIS COMO FORMA DE INCLUSÃO DIGITAL DE FUTUROS PROFESSORES DE QUÍMICA.

AUTORES: MISTURA, C.M. (UPF)

RESUMO: Este trabalho objetivou a alfabetização digital de estudantes da Licenciatura em Química e a produção de um espaço digital (home page educacional) como forma de inclusão e discussão das tecnologias da informação. Os estudantes tiveram oficinas de produção de páginas na internet com auxílio de técnicas de web design e receberam a tarefa de produzir páginas para uso em suas atividades do Estágio Supervisionado I do Curso de Licenciatura da Universidade de Passo Fundo, RS. Ao término da produção foi realizada uma avaliação coletiva dos espaços construídos e uma reelaboração dos mesmos. Os estudantes avaliaram como muito positiva a inclusão digital possibilitada pelo projeto e demonstraram grande interesse em manter-se atualizados e atuantes no ambiente virtual como forma de acesso as TICs.

PALAVRAS CHAVES: inclusão, alfabetização digital

INTRODUÇÃO: A inclusão digital de futuros professores de química deve ser instrumentalizada na formação inicial e fomentada na formação continuada dos professores de química e ciências (BOLDER, 1991). O objetivos principal deste projeto foi permitir aos(as) estagiários(as) e futuros (as) professores(as), contato inicial e aprimoramento do letramento digital, melhor capacitando-os(as) para a prática pedagógica com a utilização das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC). Pela sua característica de dinamicidade, o uso das TICs se torna uma ferramenta indispensável para os futuros(as) educadores(as) químicos(as).
Não basta ter consciência disso e querer utilizar a tecnologia para a melhoria da prática docente (LEVY, 1993), simplesmente, incorporar a nova tecnologia de uma forma passiva e acrítica em um processo de ensino-aprendizagem, entretanto tradicional (FREIRE, 1996). Assim, também as discussões que aconteceram ao longo da produção virtual das home pages educacionais exigiu, não apenas preparo e conhecimento técnico do uso das ferramentas de web design, mas também um conhecimento metodológico específico e adequados por parte dos(as) futuros(as) professor(as), mas, principalmente, equipamentos e programas que, inclusive em razão de sua obsolescência rápida, constante e pré-estabelecida pelos fabricantes, se tornam muito dispendiosos, e, em função disso, até inacessíveis para muitas escolas.

MATERIAL E MÉTODOS: Os(as) estudantes da disciplina de Estágio Supervisionado I do sétimo nível da Licenciatura em Química da UPF foram convidados a participar do projeto de inclusão digital para professores(as), este projeto contou com oficinas de capacitação para o uso das ferramentas de informática básica, navegação na rede mundial de computadores, produção de hipertextos, uso básico de softwares de web design (desenho para a rede mundial de computadores), elaboração textual para o ambiente virtual, através de utilização de programas freeware (gratuitos), contou com a intrumentalização para a transferência de arquivos através de protocolos de internet (FTP, do inglês File Transfer Protocol), publicação na rede mundial de computadores e hospedagem da home page educacional individual. O acesso dos(as) participantes do projeto às páginas dos(as) colegas e a avaliação crítica da produção com reconstrução coletiva dos espaços virtuais (RAMAL, 2000)foi uma das principais etapas do projeto. Também contou com a discussão da inclusão, letramento ou alfabetização digital, sendo que não basta desenvolver nos(as) estudantes as habilidades necessárias para ser esse(a) “consumidor(a)” dos produtos das TICs, sendo capaz de navegar e efetuar compras on-line. A discussão da falta de uma política para democratização do acesso - entendendo democratização para além da universalização do uso da informática e da alfabetização digital; mas como participação efetiva, onde os indivíduos têm capacidade não só de usar e manejar as novas tecnologias, mas também de prover serviços, informações e conhecimentos, utilizando-se deste espaço de forma crítica e libertadora.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Alguns pontos levantados pelos(as) estudantes, na forma de reflexão do uso das ferramentas da informática com objetivos educacionais, levantou-se que as relações de poder que surgem na escola a partir dos instrumentos tecnológicos são totalmente novas. A tecnologia é mais conhecida pelo estudante. Em outros termos: o professor trazia o saber, a forma "correta", para os não-letrados, reproduzindo no contexto escolar e as situações de imposição científica vividas pelas aulas de ciências. Hoje, ocorre um paradoxo: aquele a ser educado é o que melhor domina os instrumentos da informática, o aparato das tecnologias. O que ocorrerá na sala de aula? Necessita-se de uma nova forma de interação e uso das TICs pelos futuros professores. Para tanto, entendeu-se que é necessário reinventar profissão de educador neste espaço tecnológico da sociedade. Este desafio deve ser buscado integralmente na formação inicial e principalmente na formação continuada. Também foi realizada uma discussão da estrutura digital existente e todas as situações que se fazem presentes na sociedade moderna, como consumismo e descarte de lixo eletrônico. As home pages educacionais produzidas foram publicadas na UPF e estão disponíveis para consulta por todos os interessados. De uma forma integrada e urgente, o sistema educacional deve conceber "alfabetização digital" numa perspectiva crítica e construtiva e não aceitar como suficiente para considerar o indivíduo como "incluído" na Sociedade da Informação apenas o uso funcional dos computadores.(Re)construir conhecimentos, expressar-se criativa e apropriadamente e produzir e gerar informações são capacidades que qualquer ser humano pode desenvolver, com ou sem as TIC.

CONCLUSÕES: A necessidade educacional básica da população brasileira é alfabetização sim, mas em sentido amplo, em todas as áreas, abrangendo não só os processos de codificação, decodificação e compreensão, mas também processos de análise, organização, produção e socialização de informações e conhecimentos. E para isso, uma política de educação de qualidade é fundamental(Bonilla, 2001, p.7).A elaboração pelo professor de química de um projeto de software educativo, auxilia as atividades didático-pedagógicas, bem como se revela um elemento que motiva e desafia o surgimento de novas práticas pedagógicas.

AGRADECIMENTOS: Agradeço aos(as) estudantes participantes do projeto e a UPF pelo espaço de planejamento e discussão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: BOLTER, D. J.. Writing Space: The Computer, Hypertext, and the History of Writing. New Jersey: Lawrence Earlbaum, 1991.
BONILLA, M. H. O Brasil e a alfabetização digital. Jornal da Ciência, Rio de Janeiro, 13 de abril de 2001. Disponível em < http://www.faced.ufba.br/~bonilla/artigojc.htm> Acesso em 04 de julho de 2009.
FREIRE, P.. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 165 p.
LÉVY, P.. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
RAMAL, A. C. "Formar professores na cibercultura" in Revista da AEC, junho de 2000.