ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: Análise das competências e habilidades para o entendimento de química dos alunos participantes do projeto UPT do Estado da Bahia

AUTORES: MAIA, J. O. (UESC) ; PASSOS, M. S. (UESC) ; JESUS, K. DE (UESC) ; SILVA, A. F. A. (UESC) ; SÁ, L. P. (UESC)

RESUMO: RESUMO: É evidente que a educação básica brasileira está longe de padrões considerados adequados. Contudo, é observada a execução de políticas que favorecem a formação de estudantes de escolas públicas a nível superior e que visam à democratização desta modalidade de ensino. Um exemplo é o projeto Universidade Para Todos do Estado da Bahia, um curso preparatório para o vestibular. O projeto é oferecido a alunos em ano de conclusão ou que já concluíram o Ensino Médio. Assim, a pesquisa realizada com 9 turmas do município de Itabuna, Sul da Bahia, pretendeu reconhecer as competências e habilidades que deveriam ser obtidas no ensino básico, tão necessárias para o entendimento da Química. Observou-se que, no geral os alunos estão despreparados para ingressar no ensino acadêmico.

PALAVRAS CHAVES: palavras-chave: educação básica, interpretação, aprendizagem em química

INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: A atual, mas, não recente situação do ensino no Brasil tem revelado necessidade de reestruturação da educação básica, pois, está longe de satisfazer aos pressupostos dos documentos oficias que regem a educação. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a formação do aluno deve privilegiar a preparação científica, a construção de conhecimentos básicos e a capacidade de uso de tecnologias (BRASIL, 1998).
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) revela essa necessidade, pois, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) em 2008 os alunos concluintes e oriundos da escola pública obtiveram média de 37,27 pontos na prova objetiva. No Estado da Bahia a situação é similar de modo que, alunos em mesma condição obtiveram média de 33,06 pontos (BRASIL, 2008). Sabendo que o ENEM possui caráter de avaliação das habilidades e competências adquiridas na escola, ficam evidentes que os objetivos dos documentos oficiais não são alcançados. Os alunos saem do Ensino Médio com dificuldades em interpretação e realização de operações matemáticas básicas. Isso justifica o fato de que em 2006 23,6% da população ser analfabeta funcional (IBGE, 2006).
É neste contexto que, para facilitar o acesso dos alunos de escolas públicas ao ensino superior, o governo da Bahia criou o projeto Universidade Para Todos (UPT) agregado ao programa Faz Universitário em convênio com as universidades estaduais, UNEB, UESC, UEFS e UESB e a partir de 2009, também com a Universidade Federal do Recôncavo Baiano.
Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi traçar um perfil dos alunos participantes do projeto UPT, oriundos da escola pública e que almejam a inserção no Ensino Superior, identificando as habilidades e competências adquiridas na escolarização básica.


MATERIAL E MÉTODOS: MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa foi realizada com 98 alunos do projeto UPT da cidade de Itabuna durante as aulas de química. Aplicou-se um questionário contendo três questões retiradas do livro GEPEQ que exigiam do estudante o mínimo de domínio de conteúdo conceitual, mas, sobretudo de conteúdos procedimentais. Na primeira pergunta foi apresentada uma tabela e solicitado aos alunos que identificassem o gás que mais se dissolvia em água em cada temperatura, que apontassem se havia ou não a tendência, para todos os gases, de diminuição da solubilidade com o aumento da temperatura e se era possível a dissolução de 100 ml de oxigênio em 1000 ml de água. Na segunda questão foi apresentado um problema em que um estudante adicionava 50g de um sólido amarelo em 3 recipientes A, B e C que continham respectivamente, 100 mL de água a 25°C, 100 mL de água a 45°C e 100 mL de acetona a 25°C. E foi verificado que no frasco A 25g do sólido não dissolveram, no frasco B, 15g ficaram sem se dissolver e no frasco C todo sólido não se dissolveu. Questionou-se então, que massa do sólido amarelo se dissolveu em cada frasco e se ele era solúvel em acetona. A terceira questão solicitava a construção de uma tabela apresentando 3 fenômenos do cotidiano caracterizando-os e classificando-os quanto ao tempo.
Além disso, o monitor discutiu com as turmas as questões propostas na tentativa de conhecer melhor os esquemas de pensamento dos alunos, para tal, as impressões destas discussões foram registradas pelo monitor.
A análise dos dados consistiu na leitura das respostas dadas ao questionário identificando as tendências para formação de categorias, bem como os registros elaborados para transcrições das falas dos alunos.


RESULTADOS E DISCUSSÃO: RESULTADOS E DISCUSSÕES: A análise da 1ª questão aponta que os alunos não sabem ler uma tabela e nem identificar o que está sendo solicitado, pois, 17,35% indicaram os gases corretamente, enquanto 82,65% indicaram o gás sem informar a temperatura, deram respostas incoerentes e não responderam a questão. Ainda na 1ª questão apenas 25,51% dos alunos informaram que a afirmação não era verdadeira apresentando justificativa coerente com a tabela e 4,09% conseguiram desenvolver um pensamento matemático elaborando uma regra de três simples. Segundo Monteiro (1998), os gráficos e tabelas se apresentam como uma ferramenta cultural que pode ampliar a capacidade humana de tratamento de informações quantitativas e de estabelecimento de relações entre as mesmas.
A 2ª questão foi ainda mais trágica apenas 13,26% souberam realizar a operação de subtração informando a massa dissolvida em cada frasco, quando questionados se o sólido era solúvel em acetona 28,57% deram uma resposta coerente e apresentando justificativa para a questão. Observa-se que nessas duas questões o conhecimento químico específico presente era o de solubilidade, no entanto para sua resolução era necessário apenas entender o significado desta palavra.
Está cada vez mais claro que é necessário o conhecimento básico de matemática, para a compreensão da química, pois, segundo Centurión e Smole (2004), é importante que se estabeleça uma interação aluno-realidade social que possibilite uma integração real da matemática com o cotidiano e com as demais áreas do conhecimento.
Quando solicitados para a construção de tabela, 81,63% dos alunos não responderam a questão revelando que possuem dificuldades de organizar as informações e estabelecer relações de interdependência entre elas. Apenas 9,18% souberam construir a tabela.


CONCLUSÕES: CONCLUSÃO: A realização da pesquisa identificou que os alunos saem do ensino básico sem habilidades e competências pertinentes para o entendimento de fenômenos que ocorrem no seu dia-a-dia e resolução de problemas que exijam a interpretação de dados em tabelas, gráficos, mapas etc. Verificou-se ainda que em sua maioria, os alunos estão necessitando de um trabalho voltado para (re) alfabetização o que foge dos objetivos propostos pelo projeto UPT. Logo, percebe-se que há necessidade de um maior investimento na Educação Básica garantindo melhores condições para o aluno prosseguir seus estudos.

AGRADECIMENTOS:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. INEP, 2008. Disponível em: http://www.inep.gov.br/imprensa/noticias/enem/news08_22.htm. Acesso em: 21 jun. 2009.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio – Parte I – Bases Legais, Brasília: MEC/INEP, 1998.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. 2006. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=977> Acesso em: 20 jun. 2009.

CENTURIÓN, M. R.; SMOLE, K. C. S. A MATEMÁTICA de jornais e revistas. Revista do Professor de Matemática. Sociedade Brasileira de Matemática. São Paulo, SP.2004.

MONTEIRO, C. E. F. Interpretação de gráficos sobre economia veiculados pela mídia impressa. Mestrado em Psicologia Cognitiva na Universidade Federal de Pernambuco. Dissertação de mestrado em Psicologia Cognitiva. UFPE, Recife, 1998. Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4785638E1> Acesso em 20 jun. 2009.