ÁREA: Ensino de Química

TÍTULO: QUÍMICA E AMBIENTE: VISÕES DOS ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO SOBRE ESSA RELAÇÃO

AUTORES: SANTOS, R.A.T.O. (UERN) ; NUNES, A.O. (UFRN/IFRN) ; MACIEL, O.S. (UERN)

RESUMO: O presente trabalho visa entender como os estudantes de ensino médio na cidade de Mossoró-RN percebem as relações entre química e ambiente, para tanto foi elaborado um questionário estruturado onde os estudantes opinaram sobre como se dão tais relações. Os dados demonstram claramente que aproximadamente 1/3 dos estudantes nunca pensaram sobre o tema, que outros 1/3 possuem uma visão próxima à criticidade e que 18% dos entrevistados parecem possuir uma visão sobre a química na qual essa possui um papel apenas positivo nas suas interações com o meio ambiente.

PALAVRAS CHAVES: química, ambiente, ensino médio

INTRODUÇÃO: Nós vivemos em um mundo marcado pelo impacto da ciência e tecnologia, no qual se mostra urgente uma alfabetização científica, entendida como a capacidade de ler esse mundo profundamente marcado pelos efeitos dessa tecnociência (CHASSOT, 2006). Outros autores, no entanto, argumentam que se necessita de um letramento científico e tecnológico que seria a capacidade de interagir com esse conhecimento sem a obrigatoriedade de conhecer em profundidade seus signos (SANTOS, 2006). Defende-se que o letramento científico deve fornecer ao futuro cidadão a capacidade de uma atuação democrática na sociedade do conhecimento na qual estamos inseridos. Acrescenta-se a essas ponderações a afirmação de Acevedo (2001) que sinaliza as concepções dos estudantes e professores sobre a natureza da ciência como tendo um papel fundamental no ensino desta, sendo portanto objeto do ensino aprendizagem de todas as ciências naturais. Partindo desses pressupostos e na situação de mundo na qual estamos inseridos (Vilches et al, 2008) onde graves problemas socioambientais adquirem uma maior importância torna-se relevante pesquisar a visão dos estudantes sobre as relações química e ambiente.

MATERIAL E MÉTODOS: A pesquisa em questão foi realizada na Escola Estadual Jerônimo Vingt Rosado Maia – CAIC/Abolição IV sita à cidade de Mossoró – RN. Durante o mês de maio de 2009 foram entrevistados 28 estudantes do ensino médio (1, 2 e 3 séries) matriculados no turno noturno. Estes responderam a um questionário estruturado com três questões abertas e seis questões fechadas, das quais nesse trabalho serão analisadas apenas questões fechadas. Para o tratamento dos dados foi utilizada uma abordagem estatística e a criação de gráficos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Dos estudantes que responderam ao questionário podemos identificar três visões predominantes, conforme Gráfico 1:
Os estudantes do grupo 1 acreditam que a química ajuda a despoluir o meio ambiente (18%), o grupo 2 afirma que esta polui e despolui (36%) e finalmente o grupo 3 afirma nunca ter pensado sobre o assunto (32%).
Da expressão desses três pontos de vista, podemos tirar a seguinte reflexão:
a) Grupo 1: esses estudantes acreditam que a ciência e tecnologia química contribuem para a solução dos problemas ambientais, porém não conseguem perceber as conseqüências oriundas da atividade química no surgimento e agravamento dos mesmos processos de degradação ambiental. Tal visão poderia ser tida como parcial, cabendo ao professor problematizar situações que levem a esse estudante refletir sobre a natureza da ciência química.
b) Grupo 2: O segundo grupo expressa a opinião de que a química age como fator de poluição e de ‘luta’ contra a poluição. Esse posicionamento aproxima-se de uma visão problematizadora da realidade, onde o individuo entende os benefícios e malefícios da ação humana ao usar o conhecimento químico. Ainda que não se possa afirmar com absoluta certeza esse posicionamento os questionários indicam a possibilidade de um pensamento crítico, a ser estimulado com vistas a um letramento científico.
c) Grupo 3: os estudantes dentro desse grupo apresentam uma posição de indiferença frente a questão, podendo ser considerado o grupo de maior preocupação. Enquanto o primeiro grupo demonstra uma visão parcial, esse grupo sequer tem condições de se posicionar. Cabendo aqui a intervenção do professor para propiciar conhecimento para que este estudante possa compreender as diversas interações que a química apresenta com o ambiente.



CONCLUSÕES: Podemos perceber visões distintas sobre a interação química-ambiente nos estudantes, residindo aí um desafio para o professor de química. Que deve problematizar as visões dos que não conseguem perceber os impactos ambientais; aprofundar o pensamento crítico dos que já possuem algum conhecimento; e, sobretudo criar condições favoráveis para uma reflexão sobre o assunto. Ressalta-se ainda, que este é um dos objetivos da educação científica e tecnológica, a necessidade de o estudante “(...) adquirir uma compreensão do mundo da qual a química é parte integrante dos problemas (...)(PCN+, 2002).

AGRADECIMENTOS: Aos alunos e à direção da escola envolvida, pela acolhida e colaboração sem as quais não teria sido possível a realização deste trabalho.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ACEVEDO DIAZ, J. A. La formación del Professorado de Enseñanza Secundaria para la Educación CTS. Una cuestión problemática, 2001. Disponível em http://www.oei.es/salactsi/acevedo9.htm acessado em 10/11/2008.
BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Pcn+ Ensino Médio: Orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, 2002.
CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Ijuí: Ed. Unijuí, 4ª ed, 2006.
SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos, Letramento em química, educação planetária e inclusão social, Quim. Nova, Vol. 29, No. 3, 611-620, 2006.
VILCHES, A, GIL-PÉREZ, D., MACÍAS, Ó., TOSCANO, J. C. Obstáculos que pueden estar impidiendo la implicación de La ciudadanía y, en particular, de los educadores, en La construcción de un futuro sostenible. Formas de superarlos. Revista CTS, nº 11, vol. 4, 139-162, Julio de 2008.