ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: DESEMPENHO DOS ESTUDANTES DE QUÍMICA DA UEPB INGRESSANTES PELO SISTEMA DE COTAS SOCIAIS
AUTORES: SILVA, G.W.B. (UEPB) ; ARAÚJO, O.L. (UEPB) ; SILVA, A.C. (UEPB) ; GOMES, A.A. (UEPB) ; VÉRAS, G. (UEPB)
RESUMO: Em nosso país há grandes desigualdades na esfera educacional e por isso algumas ações governamentais, que visam minimizar esta disparidade, vem sendo implementadas no nosso cotidiano, como por exemplo, o sistema de cotas que busca dar oportunidades a negros, indígenas e alunos procedentes de escolas públicas. Este artigo tem como objetivo avaliar o sistema de cotas adotado pela UEPB para alunos oriundos de escolas públicas, especificamente nos cursos de Química Industrial e Licenciatura em Química. Para isto, analisamos o desempenho dos cotistas em relação aos não-cotistas, utilizando seus históricos e o software Unscrambler 7.5. Por meio dos dados obtidos, concluímos que não há diferenças entre esses alunos e que o sistema de cotas tem atingido os objetivos almejados pela instituição.
PALAVRAS CHAVES: cotas. ensino superior. ação afirmativa.
INTRODUÇÃO: Em 18 de junho de 2004 foi lançada uma Emenda modificativa ao projeto-lei nº 3.627/2004, que Institui o Sistema Especial de Reserva de Vagas para estudantes egressos de escolas públicas nas instituições públicas federais de ensino superior. O termo ação afirmativa foi usado pela primeira vez, em 1965, pelo presidente dos Estados Unidos Lyndon Johnson, que convidou os americanos a “tomarem ações afirmativas” para garantir que candidatos sejam empregados e uma vez empregados sejam tratados igualmente, independente de sua raça (CHÁVEZ 2000).
Os estudos de Moehlecke, (2004); Theodoro e Jaccoud (2005); Silvério (2005), Sant’Anna (2006) e Rosemberg (2006) definem programas de ação afirmativa como um conjunto de medidas especiais e temporárias para igualar o acesso de grupos usualmente discriminados às mesmas oportunidades de educação, emprego e renda oferecidas aos demais grupos sociais (SANTOS, 2006).
Na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) optou-se pela criação de cotas para alunos provenientes de escolas públicas, com a finalidade de atender uma demanda de alunos que “não conseguiriam" aprovação no vestibular, mas que possuem competências e habilidades que permitem um desenvolvimento adequado nos cursos de graduação. Entretanto, gerou uma grande controvérsia, como de resto em todo o Brasil, e um dos argumentos utilizados é de que a qualidade do ensino superior diminuiria com a entrada na Universidade de cotistas.
Na esteira desse raciocínio, o presente trabalho tem por objetivo verificar se ocorre discrepância no nível de aprendizado de alunos cotistas em relação aos não-cotistas nos cursos de Licenciatura em Química e Química Industrial da UEPB, por meio das médias obtidas nos componentes curriculares do primeiro semestre de curso.
MATERIAL E MÉTODOS: O trabalho está focado na análise dos históricos acadêmicos dos alunos dos cursos de Química Industrial e Licenciatura em Química aprovados no vestibular 2008, noturno e diurno, na primeira e segunda entradas, com uma população de 189 históricos, sendo 101 do curso de Licenciatura em Química e 88 de Química Industrial. Para o referido estudo, recorreu-se a análise por componentes principais (do inglês, “Principal Components Analysis”, PCA), utilizando o software Unscrambler 7.5. permitindo identificar similitudes e dissimilitudes em relação aos históricos doAs alunos cotistas e não cotistas, apontando relações existentes entre o nível de aprendizagem dos mesmos. Do histórico dos alunos foram selecionados os componentes curriculares referentes ao primeiro semestre letivo, visto que a UEPB utiliza o sistema seriado semestral, de cada um dos cursos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os gráficos de Scores de PC1 por PC2, obtidos pela técnica de reconhecimento de padrões PCA, tanto para os acadêmicos de Química Industrial quanto para os de Licenciatura em Química, demonstram que o nível de aprendizagem, em termos das médias obtidas nos componentes curriculares, dos alunos cotistas e não cotistas são semelhantes. Isto se explica já que não ocorreu formação de grupos no espaço estudado (PC1 por PC2). O mesmo pode ser observado em todos os gráficos de Scores PC1 por PC3 e PC2 por PC3. Os modelos construídos possuem mais do que 90 % da variância explicada utilizando quatro PC's. Para os acadêmicos de Química Industrial, a variância explicada para cada uma das PC's foi: 66 % (PC1), 18 % (PC2) e 7 % (PC3). Para a Licenciatura: 67 % (PC1), 15 % (PC2) e 12 % (PC3). Estes dados indicam que três PC's são suficientes para descrever todo o espaço amostral.
CONCLUSÕES: Os resultados da PCA para as médias dos componentes curriculares do primeiro semestre letivo dos acadêmicos de Licenciatura em Química e Química Industrial indicam que não existe discrepância entre o histórico de cotistas e não-cotistas. Assim sendo, não se pode apresentar a justificativa de que os alunos cotistas diminuem o nível de qualidade dos componentes curriculares ministrados na UEPB. Entretanto, vale frisar que a política de cotas é apenas um método paliativo na diminuição das desigualdades sociais e que é necessário investir na melhoria da qualidade das escolas públicas.
AGRADECIMENTOS:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: CHÁVEZ, L. Key dates in the battle over affirmativa action policy. in sex, race & merit: Debating affirmativa action in education and employment. ann arbor: F. J. Crosby eC. VanDeVeer, Eds. The University of Michigam Press, 2000. pp. 21-25.
MOEHLECKE, S. Ação Afirmativa ao ensino superior: entre a excelência e a justiça racial. Educação e Sociedade, volume 25, número 88, 2004, p. 757-776.
ROSEMBERG, F. Ação afirmativa no ensino superior brasileiro: pontos para reflexão. Programas de Ação afirmativa em debate. São Carlços, UFSCAR, Setembro, 2006 (mimeo).
SANT`ANNA, W. O impacto político-econômico das ações afirmativas. In: Gomes, N.L. (org). Tempos de Luta: As ações afirmativas no contexto brasileiro. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2006, p.13-18.
SANTOS, A.O. Inserção da População Negra na Universidade Estadual de Campinas: Estudo de Caso de Um Programa de Ação Afirmativa. Campinas-SP, 2006. 64p.
SILVÉRIO, W. Ações afirmativas e diversidade étnica e racial. In: Augusto dos Santos, S.A. (org). Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas. Brasília, Ministério da Educação, Secretária de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005, p. 103-119.
THEODORO, M e JACCOUND, L. Raça e educação: os limites das políticas universalistas. In: Augusto dos Santos, S.A. (org). Ações afirmativas e combate ao racismo nas Américas. Brasília, Ministério da Educação, Secretária de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005, p. 103-119.