ÁREA: Ensino de Química
TÍTULO: PROPOSTA PARA O ENSINO DE QUÍMICA EM TURMAS DA EJA: UM ENSAIO LÚDICO-PEDAGÓGICO
AUTORES: BRANDÃO, E. M. (IFPB) ; FIGUEIRÊDO, A. M. T. A. (IFPB) ; SOUZA, N. S. (IFPB/UFPB)
RESUMO: A presente proposta é uma extensão do trabalho já desenvolvido em turmas inclusivas com surdos, e neste, o alunado é unicamente composto de ouvintes. A pesquisa foi realizada em duas turmas do 3º ano da EJA numa Escola Estadual em João Pessoa-PB, nas aulas de Química. Aplicou-se o método tradicional com o assunto ‘Isomeria Plana’ em uma sala, e na outra, no intento de potencializar a construção do conhecimento com estímulos criativos, (KISHIMOTO, 2006, p. 37) (PIAGET apud IDE, 2006, p. 95), foi empregado um método alternativo-lúdico: um quebra-cabeça, com a mesma temática. Após as aulas, comprovou-se que a aprendizagem no método alternativo foi mais expressiva do que no tradicional, mostrando que a metodologia lúdica propicia no aluno uma vivência do interesse e do êxito (IDE, 2006, p.96).
PALAVRAS CHAVES: ensino de química; lúdico; eja
INTRODUÇÃO: Segundo os PCNs (BRASIL, 1999, p. 64; 67), na escola, de modo geral, o indivíduo interage com um conhecimento essencialmente acadêmico, principalmente através da transmissão de informações, supondo que o aluno, memorizando-as passivamente, adquira o ‘conhecimento acumulado’. Isto é mais agravante na EJA (Educação de Jovens e Adultos), que em síntese, trabalha com sujeitos marginais ao sistema, com atributos sempre acentuados em conseqüência de alguns fatores adicionais como raça, cor, gênero, entre outros. Negros, quilombolas, mulheres, indígenas, camponeses, pescadores, jovens, idosos, subempregados, desempregados e trabalhadores informais (BRASIL, 2007, p. 11). Esta diversidade induz para o dito ‘fracasso escolar’.
Nesse contexto, há necessidade de se reorganizar os conteúdos químicos atualmente ensinados, bem como sua metodologia. Para isso, este trabalho tem como finalidade colaborar com o ensino de Química usando o lúdico como subsídio alternativo.
A educação lúdica faz o ato de educar um compromisso consciente intencional, de esforço, sem perder o caráter de prazer, de satisfação individual e modificador da sociedade (ALMEIDA, 2003, p. 31; 32). Sendo assim, a proposta pedagógica nesta pesquisa, foi a montagem de um quebra-cabeça por parte dos alunos da Escola Estadual Profª. Mª Geny S. Timóteo para o fortalecimento do conhecimento e melhor compreensão do conteúdo trabalhado.
Como o quebra-cabeça é um jogo de construção, este exige de modo explícito ou implícito, o desempenho de certas habilidades definidas por uma estrutura preexistente no próprio objeto e suas regras (KISHIMOTO, 2006, p. 18). Além disso, o mesmo contribui para formar qualidades do trabalhador e do cidadão do futuro, sem destruir ou sem desvirtuar seu caráter lúdico. (SNYDERS apud ALMEIDA, 1998).
MATERIAL E MÉTODOS: Para a realização deste trabalho foi feita uma revisão bibliográfica sobre a metodologia lúdica e a modalidade EJA. Os alunos de tal modalidade fazem parte do curso supletivo da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Profª. Maria Geny S. Timóteo, localizada no município de João Pessoa - PB. Vale salientar que o estudo ocorreu no 1º bimestre do ano letivo de 2009.
O assunto explanado na pesquisa foi Isomeria Plana, contemplando seus cinco tipos ‘cadeia, função, posição, compensação e tautomeria’. O intuito desta proposta foi estabelecer um comparativo entre o método alternativo (MA), utilizando quebra-cabeças montados no 3º ano A, e o método tradicional (MT), usando quadro e giz, no 3º ano B.
A turma B que contém 33 alunos, no dia da aula tradicional encontravam-se presentes apenas 13. Todavia, a turma A possui 26 estudantes, os quais 22 estavam no dia da aplicação do MA. Nesta sala, foram construídos com o auxílio de esboços dos isômeros, 5 jogos de quebra-cabeças pelos discentes. O mencionado jogo foi confeccionado com diversos materiais, dentre eles: folhas de papel ofício coloridas (amarela, azul, rosa, verde e vermelha), cartolinas, lápis hidrocor, grafite, borracha, régua, tesouras, cola branca, cola com glitter, folhas de papel Paraná, além da purpurina, usada para destacar as funções orgânicas.
Ao término das aulas tradicional e alternativa, foi aplicado um questionário com 3 questões objetivas sobre o supracitado conteúdo para cada aluno. No MA, além das questões objetivas, foram elaboradas também 3 subjetivas sobre a opinião dos educandos a respeito do material lúdico ilustrado. Por fim, foram confrontados os resultados do MT com o MA graficamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após a aplicação do quebra-cabeça (MA) e da aula expositiva (MT) nas referidas turmas, os alunos responderam às questões. Os resultados estão dispostos no seguinte gráfico:
Gráfico 1 Comparativo entre o Método Alternativo e o Tradicional
De acordo com o gráfico, percebe-se que o resultado com o MA o qual utilizou o quebra-cabeça como instrumento auxiliar nas aulas de Química foi mais satisfatório. Entretanto, o índice de acertos na questão 1 com o MT foi um pouco maior em relação ao MA. Isto pode ter ocorrido, devido ao universo diferenciado de estudantes nas duas turmas, ou seja, a turma do 3º B (MT) continha no dia da aula apenas 13 alunos, enquanto que, no 3º A (MA), o contingente era de 22.
Durante o desenvolvimento do jogo, conforme a Figura 1, foi constatado um grande interesse por parte dos alunos referente ao MA, tendo em vista suas respectivas respostas às questões subjetivas como: ‘Com certeza contribui muito para a aprendizagem, por ser uma forma fácil de prender a atenção’, ‘Essa técnica de aprendizagem, além de uma brincadeira torna-se um meio de atrair a atenção do aluno a aprender Química’, ‘Assim, temos uma atenção maior no assunto e isso faz com que você aprenda mais rápido’.
Figura 1 Alunos do 3º A durante a montagem do quebra-cabeça (MA)
O jogo, o material estruturado, o quebra-cabeça são ferramentas que servem para ampliar a ação pedagógica do educador, tendo a metodologia lúdica como orientadora no sentido de criar possibilidades de intervenção que permitam elevar o conhecimento do aluno (MOURA, 1992 apud MOURA, 2006 p. 84).
Enfim, o desempenho dos alunos da EJA obtido com o MA foi a contento, este resultado é de extrema importância visto que esses educandos possuem faixa etária variada, carga horária reduzida e pouco tempo disponível para o estudo.
CONCLUSÕES: Diante do exposto, torna-se claro que o lúdico pode e deve ser utilizado como ferramenta auxiliar nas aulas de Química, pois além de promover uma melhor interiorização do assunto,cria situações em sala que permitem ao professor organizar seu trabalho pedagógico de forma mais atrativa,apetitosa e divertida, contribuindo assim, com o processo de ensino-aprendizagem.
Não obstante, percebe-se que devemos abandonar metodologias ultrapassadas e investir em procedimentos didático-alternativos, os quais propiciam uma assimilação mais significativa, como comprovada pelos resultados do presente estudo.
AGRADECIMENTOS: À Coordenação de Projetos Institucionais do IFPB e a comunidade escolar da E. E. E. F. M. Profª. Maria Geny S. Timóteo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA: ALMEIDA, Paulo N. Educação Lúdica: Técnicas e jogos pedagógicos. 11ª ed. São Paulo: Loyola, 2003.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino médio: ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEMTEC, 1999.
_____. Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos. PROEJA - Documento Base. Brasília: MEC, SETEC, 2007.
IDE, Sahda Marta. O jogo e o fracasso escolar. In: Kishimoto, Tizuko Morchida, (Org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 2006. p.89-107
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O jogo e a Educação infantil. In: Kishimoto, Tizuko Morchida, (Org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 2006. p.13-43
MOURA, Manoel Oriosvaldo. A construção do signo numérico em situação de ensino. Tese de Doutorado, USP, São Paulo, 1992 apud MOURA, Manoel Oriosvaldo. A série busca no jogo: do lúdico na matemática. In: Kishimoto, Tizuko Morchida, (Org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 2006. p. 73-87
PIAGET, J. O raciocínio na criança. 2ª ed. Rio de Janeiro: Real, 1967 apud IDE, Sahda Marta. O jogo e o fracasso escolar. In: Kishimoto, Tizuko Morchida, (Org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 2006.
SNYDERS, G., Pedagogia Progressista, Coimbra, Livraria Almedina, 1974. apud ALMEIDA, Paulo N. Educação Lúdica: Técnicas e jogos pedagógicos. 9ª ed. São Paulo: Loyola, 1998.